Giovanni Maria Vian - Diretor 'L'Osservatore Romano' |
O silêncio da vigília da praça de São Pedro está a fazer ruído. E o dia de oração e de jejum convocado pelo Papa Francisco talvez possa ajudar a superar os projectos de quem, depois de ter ignorado por mais de dois anos e meio a tragédia na Síria, agora gostaria de intervir. Mas com o risco fundado e assustador de atear um conflito que já provocou mais de cento e dez mil mortos, numerosíssimos feridos e mais de seis milhões de deslocados e refugiados.
Um conflito que está a causar desastres, pondo em perigo sobretudo as minorias do país e deturpando, com o uso da violência, a autêntica vocação das religiões, que várias vezes em tempos recentes reiteraram a sua vontade de paz. E o que aconteceu na aldeia de Maalula - lugar simbólico querido a cristãos e muçulmanos, onde ainda é usada uma forma da língua aramaica que é muito próxima da que Jesus falava – demonstra que o perigo é real.
Talvez iniciativa alguma da Santa Sé a favor da paz, entre as dos últimos decénios, tenha como esta impressionado e comovido o coração de muitíssimas pessoas no mundo inteiro sem diferenças de religião ou de ideologias. E é um compromisso que continua, garantiu depois do Angelus o Pontífice. Agradecendo a todos e convidando ainda a rezar «para que cessem imediatamente a violência e a devastação na Síria», mas também no Líbano, Iraque, Egipto, e para que progrida o processo de paz entre israelianos e palestinianos.
São a oração e o jejum as armas indicadas pelo Papa Francisco para afastar a violência e a guerra, suscitando um consenso que parece aumentar entre mulheres e homens de boa vontade: é possível aprender de novo a percorrer os caminhos da paz, disse retomando um slogan lançado por Paulo VI: «Aliás gostaria que cada um de nós, do mais pequeno ao mais grande, até àqueles que são chamados a governar as nações, respondesse: sim, queremos».
Na meditação pronunciada depois do rosário diante da antiquíssima imagem da Salus populi Romani o Pontífice citou só alguns versículos do Génesis, para mostrar o contraste entre a bondade da criação e o pecado do homem, e dois trechos de Paulo VI, da mensagem para um dia da paz e do discurso pronunciado diante das Nações Unidas para repetir, depois de dois tremendos conflitos mundiais e face ao pesadelo nuclear, a rejeição da guerra.
«Deixai cair as armas das vossas mãos», implorou na época Montini. E prosseguiu: «as armas especialmente as terríveis, que a ciência moderna vos deu, ainda antes de fazer vítimas e ruínas, causam maus sonhos, alimentam maus sentimentos. Sonhos e sentimentos maus que voltam insistentemente e que é urgente afastar para o bem de todos.
g.m.v
(© L'Osservatore Romano - 10 de Setembro de 2013)
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