que correm sobre os Teus olhos,
causados pelos espinhos
que ferem a Tua cabeça,
sinto o Teu olhar,
terno, doce, exangue,
e ouço a Tua voz meiga,
insistentemente dolorosa:
“Tenho sede!”
Olho para um lado e para o outro,
procuro ansiosamente,
um pote com água,
mas apenas vejo,
infelizmente,
um vasilha com vinagre,
e uma esponja,
que molho na vasilha,
e Te dou a beber.
“Tenho sede!”
Insistes Tu,
com a Tua terna voz,
inundando todo o meu ser.
Quase desesperado,
corro de um lado para o outro,
à procura de uma água,
para dar ao Crucificado.
Mas nada encontro!
Toma conta de mim,
uma mágoa,
e prostro-me de joelhos no chão.
Olho-Te,
o Teu olhar de amor,
e murmuro-Te por fim:
Ai, Senhor,
fosse eu água,
e dava-me a Ti,
todo inteiro,
o corpo, o coração,
e a alma,
para aliviar Tua dor.
Pareceu-me ver no Teu olhar,
um clarão rápido de alegria,
e percebo que a Tua sede…
é de almas,
mesmo as de quem Te escarnecia!
“Tenho sede!”
Repetes,
sem Te cansares.
Que sede essa,
meu Deus e meu Senhor,
insaciável de almas,
do homem pecador.
Faz de mim uma esponja,
que em nada eu apareça,
mas que almas possa embeber,
na fé que me dás a viver,
envolto no Teu amor,
para Te matar a sede ,
meu Deus e meu Senhor!
Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 14 de Setembro de 2012
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