D. Pio Alves, um dos bispos auxiliares do Porto, afirmou quarta-feira no Santuário de Fátima que é mais importante ajudar o próximo do que procurar responsáveis pela crise.
«Peço-vos que não comeceis a buscar já culpados, ou, melhor, corresponsáveis na culpa dos desastres sociais, que os há, certamente. Convido-vos a que tenteis, primeiro, responder à pergunta: que posso eu fazer pelo verdadeiro progresso daqueles que me são mais próximos?», disse na homilia da missa, enviada à Agência ECCLESIA.
Na primeira das duas celebrações a que vai presidir no âmbito da peregrinação de 12 e 13 de setembro, D. Pio Alves frisou que o cuidado pelos mais necessitados deve passar das palavras ao atos.
“Convido-vos (…) a não olhar para tão longe de nós próprios que fiquemos apenas por sentimentos genéricos de solidariedade; convido-vos a não olhar para tão longe de nós próprios que não consigamos já reconhecer as pessoas com nomes, apelidos e circunstâncias concretas”, afirmou.
Depois de sublinhar que os católicos devem ultrapassar os limites das suas “necessidades pessoais”, o responsável da Igreja em Portugal pela cultura, bens culturais e comunicações sociais pediu aos fiéis que tomem atenção às necessidades dos “portugueses”, em particular dos “familiares” e “vizinhos”.
O prelado refutou a “acusação indiscriminada de ‘assistencialismo’ feita a quem, no dia a dia responde, com obras, à fome, à sede, ao frio”, ação que é desempenhada por milhares de pessoas, voluntárias e profissionais, ao serviço de centenas de instituições católicas.
“Quem está a morrer de fome não poderá esperar um ano, um mês, uma semana que seja até que se resolvam problemas estruturais”, acentuou D. Pio Alves, acrescentando que a “atenção urgente a situações-limite não dispensa a reconsideração ponderada de modelos alternativos de sociedade”.
O bispo auxiliar deplorou a pobreza mas salientou que é ainda mais “lamentável” a existência de pessoas e organismos que “sub-repticiamente” vivem “à custa da pobreza alheia”, dado que “a dádiva verdadeira nunca pode ser nem parecer negócio”.
“Como cidadãos, temos o direito e o dever de, livremente, manifestar a nossa concordância ou discordância com o rumo traçado para a sociedade; como cristãos, temos obrigação de não nos alhearmos dos reais problemas da sociedade e de, com realismo, cooperarmos para alimentar a esperança”, observou.
O responsável vincou que “sem a caridade, feita de gestos concretos, de pouco ou nada servem práticas de cariz religioso” e deu como exemplo a mãe de Cristo, que a 13 de setembro de 1917 apareceu pela quinta vez na zona da Cova da Iria a Lúcia e aos beatos Francisco e Jacinta.
“Quem melhor do que a Virgem Maria, a discípula fiel, soube relacionar-se com todos e encontrar nos escassos bens materiais de que dispôs ocasião de serviço ao próximo e de louvor a Deus?”, questionou.
O bispo auxiliar do Porto preside esta manhã à principal missa da peregrinação de 12 e 13 de setembro ao santuário localizado na Diocese de Leiria-Fátima.
RJM
Agência Ecclesia (seleção do título da responsabilidade do blogue)
Sem comentários:
Enviar um comentário