Não é apenas uma boa notícia. São três. No primeiro trimestre do ano, a economia portuguesa estagnou e fê-lo porque o consumo deixou de afundar, ao ritmo a que nos habituaram os doze meses anteriores, parecendo inverter internamente um ciclo fatal.
Além disso, a Alemanha não parou de crescer e evitou que a Europa entrasse em recessão.
São dados de ontem. E, no caso português, depois da queda profunda no final do ano passado, a estagnação deste ano não é apenas uma boa notícia – é excelente, surpreendendo os mais optimistas.
É cedo para concluir que o ciclo se está a inverter e, claro, falta ainda travar a explosão do desemprego, cujo andamento parece agora mais inexplicável.
O ministro das Finanças não tem apenas o benefício da dúvida. Tem ainda a seu favor os números que parecem provar que o ciclo vicioso da austeridade que ameaça lançar a Grécia no caos, por cá, não está a funcionar. Não é apenas uma vitória do Governo, é fruto da reacção colectiva de um povo que, até agora, soube preservar o consenso.
Por isso, foi bom ver Vítor Gaspar a dar exemplo aos seus colegas, na busca do diálogo sem arrogâncias, a apresentar o divertido livro de João Miguel Tavares que explica a crise às crianças com duas histórias diferentes: para miúdos de direita e para miúdos de esquerda.
Porque, se há duas explicações para o problema, há várias soluções – que são escolhas e não inevitabilidades – que serão tanto melhores quanto mais genuinamente partilháveis.
Graça Franco in RR online
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