A cidade de Roma e o Papa são inseparáveis. Por isso, estar agora na “cidade eterna” e não haver sucessor de Pedro é uma experiência muito estranha.
Paira, por todo o lado, um certo sentimento de orfandade, visivelmente agravado pelas janelas cerradas do Palácio Apostólico e pela ausência do “Angelus”, na Praça de São Pedro, ao meio-dia de domingo.
Em 2005, quando João Paulo II morreu, foi possível “digerir” a intensidade destes acontecimentos, porque houve um tempo oficial de luto, com os tradicionais nove dias de missa e oração pelo defunto pontífice, acompanhados por aquela inesquecível multidão de fiéis que, dia e noite, marcou presença para se despedir do Papa santo e polaco.
Desta vez, com a renúncia de Bento XVI, esse “tempo de luto” não teve lugar. Ainda não tínhamos recuperado do grave anúncio-bomba de 11 de Fevereiro, e, praticamente duas semanas depois, já o Santo Padre se despedia de todos, para não mais voltar. Simplesmente saiu para rezar, deixando a cadeira de Pedro vazia.
A decisão de Bento XVI foi como um aguilhão. Talvez este efeito-surpresa explique a falta de pressa de tantos cardeais eleitores em avançar para o próximo Conclave, pois preferem conhecer-se melhor e pôr a limpo questões que entendam decisivas, antes de votar - em consciência e perante Deus – num novo Sucessor de Pedro.
Ao contrário do anterior Conclave, em que a envergadura de Ratzinger surgiu inequívoca aos olhos dos cardeais, agora não é assim. Por isso, o colégio cardinalício tomou uma opção: discernir e rezar.
Sinal eloquente desta opção foi o que se passou ao final da tarde desta terça-feira, no sexto dia da “Sede Vacante”: os cardeais reuniram-se na basílica de São Pedro e rezaram pela Igreja. Primeiro, recitaram o terço a Nossa Senhora, depois, prostraram-se de joelhos diante do Santíssimo Sacramento, em atitude de grande recolhimento - alguns deles com a cabeça entre as mãos – implorando pela barca da Igreja e pelo próximo Sucessor de Pedro. Certamente conscientes do grave dever de votar e certos de que um, dentre eles, será eleito Papa.
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