Fontes biográficas
São Paulo é o Apóstolo de cuja vida mais notícias temos, graças aos dados que se deduzem das suas Epístolas e às informações que oferece São Lucas nos Actos dos Apóstolos. Nem sequer de São Pedro e São João sabemos tento como de São Paulo. Não obstante, não podemos reconstruir a sua biografia completa, porque nenhuma dessas fontes teve tal intenção. De qualquer modo, combinando Epístolas com Actos podemos obter os traços mais importantes da sua personalidade – de modo directo através das Epístolas, ou solidamente fundados segundo os Actos – e os traços fundamentais do seu perfil biográfico, ainda que fiquem diversas lacunas para uma história completa desde a sua juventude até ao seu martírio.
São Paulo é o Apóstolo de cuja vida mais notícias temos, graças aos dados que se deduzem das suas Epístolas e às informações que oferece São Lucas nos Actos dos Apóstolos. Nem sequer de São Pedro e São João sabemos tento como de São Paulo. Não obstante, não podemos reconstruir a sua biografia completa, porque nenhuma dessas fontes teve tal intenção. De qualquer modo, combinando Epístolas com Actos podemos obter os traços mais importantes da sua personalidade – de modo directo através das Epístolas, ou solidamente fundados segundo os Actos – e os traços fundamentais do seu perfil biográfico, ainda que fiquem diversas lacunas para uma história completa desde a sua juventude até ao seu martírio.
Juventude e formação judaico-helenística
Nasceu em Tarso na Cilícia, cidade comercial e com alto nível cultural, onde passou a meninice e para onde voltou várias vezes mesmo depois da sua conversão. Era da tribo de Benjamim e ardoroso fariseu. Nas suas Epístolas chamava-se Paulo (Paulos), mas parece que antes da sua conversão preferia chamar-se Saulo (Shaúl): ter dois nomes, grego ou latino e hebraico, foi corrente entre os Judeus daqueles tempos moradores nos domínios do Império Romano. Em Actos é chamado Saulo até Act 13,9; a partir desse passo é chamado de Paulo. Em Tarso deve ter recebido educação normal de um filho de família remediada nas províncias helénicas do Império Romano. No seu epistolário mostra dominar o grego koiné como língua nativa, falada e escrita: tem grande facilidade de linguagem e expressão, mas não se preocupa com empregar expressões académicas. Desde jovem deve ter sido muito afeiçoado às provas atléticas, pois são frequentes as comparações e a linguagem atléticas para ilustrar a doutrina espiritual. Deve ter adquirido uma ampla cultura geral literária, filosófica e das religiões do mundo pagão. Mas não mostra interesse algum pelas descrições de paisagem e monumentos, que tantas vezes teve ocasião de contemplar.
Nasceu em Tarso na Cilícia, cidade comercial e com alto nível cultural, onde passou a meninice e para onde voltou várias vezes mesmo depois da sua conversão. Era da tribo de Benjamim e ardoroso fariseu. Nas suas Epístolas chamava-se Paulo (Paulos), mas parece que antes da sua conversão preferia chamar-se Saulo (Shaúl): ter dois nomes, grego ou latino e hebraico, foi corrente entre os Judeus daqueles tempos moradores nos domínios do Império Romano. Em Actos é chamado Saulo até Act 13,9; a partir desse passo é chamado de Paulo. Em Tarso deve ter recebido educação normal de um filho de família remediada nas províncias helénicas do Império Romano. No seu epistolário mostra dominar o grego koiné como língua nativa, falada e escrita: tem grande facilidade de linguagem e expressão, mas não se preocupa com empregar expressões académicas. Desde jovem deve ter sido muito afeiçoado às provas atléticas, pois são frequentes as comparações e a linguagem atléticas para ilustrar a doutrina espiritual. Deve ter adquirido uma ampla cultura geral literária, filosófica e das religiões do mundo pagão. Mas não mostra interesse algum pelas descrições de paisagem e monumentos, que tantas vezes teve ocasião de contemplar.
Juntamente com essa formação que podemos chamar de helenística e humanística, sendo ainda jovem foi para Jerusalém, provavelmente para se formar como rabino; frequentou a escola de Gamaliel, é um dos famosos rabinos do seu tempo, e seguiu com paixão as doutrinas dos Fariseus. Provavelmente na sinagoga de Tarso tinha-se iniciado no conhecimento da língua sagrada hebraica, que dominou com perfeição na sua estada em Jerusalém, assim como o dialecto aramaico palestinense. Como era costume entre os rabinos, São Paulo exerceu um ofício: fabricante de tendas de campanha, skenopoiós, termo que pode designar também alguns dos ofícios subsidiários de tal artesanato, como correeiro ou tecelão de lonas.
Durante os seus estudos rabínicos em Jerusalém, provavelmente pouco depois da morte de Nosso Senhor, mostra-se decidido perseguidor dos Cristãos e toma a iniciativa de estender tal perseguição entre os bairros Judeus de Damasco.
Conversão e primeiros anos na Fé Cristã
Mas quando se aproximava desta cidade, com procuração dos Sumos Sacerdotes para prender os Cristãos, apareceu-lhe Jesus Cristo ressuscitado, diante de cuja visão inegável, e do efeito da graça, se efectua a rendição de Saulo, convencido subitamente da sua atitude errónea. Foi o momento da sua conversão, de que o Apóstolo falará como de uma mudança radical na sua vida, graças ao chamamento directo feito por Jesus, imprevisto por Saulo, e considerado sempre por ele como a sua vocação divina.
Foi conduzido imediatamente a Damasco e instruído por Ananias, que tinha sido advertido sobrenaturalmente da vocação de Saulo. Recuperada a vista e as forças e baptizado, pôs-se a pregar a misericórdia e as maravilhas que Jesus, que lhe tinha aparecido realmente no caminho de Damasco, era o Messias e Filho de Deus. Pouco depois retirou-se para a Arábia (certamente zona a sudeste da actual Síria e voltou a Damasco, onde, ao mesmo tempo que continuava a ser instruído na fé cristã, prosseguia o seu testemunho acerca de Cristo Ressuscitado. Isso acarretou-lhe a perseguição dos Judeus, até ter de se esconder e fugir de noite da cidade, descido das muralhas pelos irmãos.
Deste modo chegou a Jerusalém, onde, depois dos bons ofícios de São Pedro e São Barnabé, foi acolhido pelos Cristãos, que desconfiavam, pela recordação do perseguidor. As disputas de Paulo com os Judeus puseram de novo em perigo a sua vida, e outra vez os novos irmãos cristãos o conduziram a Cesareia Marítima e, daí, embarcou para a sua cidade natal, tarso. Daqui passou para outras cidades da Cilícia e da Síria, onde continuou a dar testemunho da sua fé cristã durante uns quatro ou cinco anos, animado por São Barnabé. Este período terminou com uma nova viagem de Barnabé e Paulo a Jerusalém para levar uma colecta aos irmãos da Judeia.
Mas quando se aproximava desta cidade, com procuração dos Sumos Sacerdotes para prender os Cristãos, apareceu-lhe Jesus Cristo ressuscitado, diante de cuja visão inegável, e do efeito da graça, se efectua a rendição de Saulo, convencido subitamente da sua atitude errónea. Foi o momento da sua conversão, de que o Apóstolo falará como de uma mudança radical na sua vida, graças ao chamamento directo feito por Jesus, imprevisto por Saulo, e considerado sempre por ele como a sua vocação divina.
Foi conduzido imediatamente a Damasco e instruído por Ananias, que tinha sido advertido sobrenaturalmente da vocação de Saulo. Recuperada a vista e as forças e baptizado, pôs-se a pregar a misericórdia e as maravilhas que Jesus, que lhe tinha aparecido realmente no caminho de Damasco, era o Messias e Filho de Deus. Pouco depois retirou-se para a Arábia (certamente zona a sudeste da actual Síria e voltou a Damasco, onde, ao mesmo tempo que continuava a ser instruído na fé cristã, prosseguia o seu testemunho acerca de Cristo Ressuscitado. Isso acarretou-lhe a perseguição dos Judeus, até ter de se esconder e fugir de noite da cidade, descido das muralhas pelos irmãos.
Deste modo chegou a Jerusalém, onde, depois dos bons ofícios de São Pedro e São Barnabé, foi acolhido pelos Cristãos, que desconfiavam, pela recordação do perseguidor. As disputas de Paulo com os Judeus puseram de novo em perigo a sua vida, e outra vez os novos irmãos cristãos o conduziram a Cesareia Marítima e, daí, embarcou para a sua cidade natal, tarso. Daqui passou para outras cidades da Cilícia e da Síria, onde continuou a dar testemunho da sua fé cristã durante uns quatro ou cinco anos, animado por São Barnabé. Este período terminou com uma nova viagem de Barnabé e Paulo a Jerusalém para levar uma colecta aos irmãos da Judeia.
As grandes viagens missionárias
As linhas gerais para estes densos anos da vida do Apóstolo devemo-las ao trabalho historiográfico de São Lucas em Act 13,1-21,16. O centro da actividade apostólica de São Paulo á Antioquia da Síria, donde parte e para onde volta com excepção da terceira e última viagem, que acaba em Jerusalém. A partir daí podemos falar da última grande etapa da sua vida.
‘Primeira viagem’
Conhecemos os dados fundamentais por Act 13,1-14, 28. Por iniciativa concreta do Espírito Santo, Barnabé e Paulo partem a propagar o Evangelho, acompanhados pelo jovem João Marcos, que chegará a ser o segundo evangelista. Pregam em bastantes cidades da Ilha de Chipre. Depois embarcam para percorrer as regiões da Panfilia e da Licaónia (zona sudeste da actual Turquia), onde também evangelizam em várias cidades e, em geral, acabam por encontrar a oposição violenta de uma parte dos Judeus ali estabelecidos. Em Listra, depois de rejeitar honras divinas, Paulo lapidado por instigação de alguns judeus chegados de Icónio e de Antioquia da Pisídia, onde Paulo tinha tido um discurso memorável aos Judeus e prosélitos. Regressam a Antioquia da Síria; ale levanta-se a primeira controvérsia com cristãos judaizantes, procedentes de Jerusalém, os quais pretendiam impor a observância da Lei moisaica aos fieis provenientes do paganismo.
Os cristãos de Antioquia decidem enviar Paulo e Barnabé a Jerusalém, para consultar o assunto com os Apóstolos. Estes, no chamado concílio de Jerusalém, estabelecem a completa liberdade dos cristãos, relativamente aos preceitos rituais, disciplinares, etc., da Lei moisaica.
As linhas gerais para estes densos anos da vida do Apóstolo devemo-las ao trabalho historiográfico de São Lucas em Act 13,1-21,16. O centro da actividade apostólica de São Paulo á Antioquia da Síria, donde parte e para onde volta com excepção da terceira e última viagem, que acaba em Jerusalém. A partir daí podemos falar da última grande etapa da sua vida.
‘Primeira viagem’
Conhecemos os dados fundamentais por Act 13,1-14, 28. Por iniciativa concreta do Espírito Santo, Barnabé e Paulo partem a propagar o Evangelho, acompanhados pelo jovem João Marcos, que chegará a ser o segundo evangelista. Pregam em bastantes cidades da Ilha de Chipre. Depois embarcam para percorrer as regiões da Panfilia e da Licaónia (zona sudeste da actual Turquia), onde também evangelizam em várias cidades e, em geral, acabam por encontrar a oposição violenta de uma parte dos Judeus ali estabelecidos. Em Listra, depois de rejeitar honras divinas, Paulo lapidado por instigação de alguns judeus chegados de Icónio e de Antioquia da Pisídia, onde Paulo tinha tido um discurso memorável aos Judeus e prosélitos. Regressam a Antioquia da Síria; ale levanta-se a primeira controvérsia com cristãos judaizantes, procedentes de Jerusalém, os quais pretendiam impor a observância da Lei moisaica aos fieis provenientes do paganismo.
Os cristãos de Antioquia decidem enviar Paulo e Barnabé a Jerusalém, para consultar o assunto com os Apóstolos. Estes, no chamado concílio de Jerusalém, estabelecem a completa liberdade dos cristãos, relativamente aos preceitos rituais, disciplinares, etc., da Lei moisaica.
‘Segunda viagem’
A fonte básica é Act 15, 36-18, 22. De Antioquia, Paulo e Barnabé partem para visitar as Igrejas fundadas durante a primeira viagem missionária. Não chegam a um acordo sobre a colaboração de Marcos. Barnabé, acompanhado de Marcos, partiu para Chipre enquanto Paulo, ajudado por Silas, percorreu as Igrejas da Síria e da Cilícia. Em Listra junta-se-lhes Timóteo. Continuam através da Frígia e da Galácia, fundando novas comunidades. Em Tróade, Paulo tem a visão nocturna do macedónio (Act 16, 9-10), depois da qual passam para a Europa, começando pelas cidades da Macedónia: Neápolis e Filipos. Aqui Paulo e Silas são açoitados e encarcerados, mas são libertados miraculosamente. Passaram para Tessalónica, enquanto Paulo foi acompanhado por alguns neófitos a Atenas, onde pregou aos Judeus na sinagoga a aos pagãos no Areópago. Partiu depois para Corinto, onde fundou uma nova Igreja e a atendeu durante ano e meio, ao fim do qual teve de ir-se embora perante a hostilidade de alguns judeus. Empreendeu o regresso a Antioquia acompanhado até Éfeso por Áquila e Priscila, casal neocristão, e dali embarcou para Cesareia Marítima na Palestina, subiu «para saudar a igreja» (Act 18,22), certamente a de Jerusalém, e dali regressou a Antioquia.
‘Terceira viagem’
Volta a ser o livro dos Actos do Apóstolos (18, 23-21, 16) o que nos dá a trama deste período, mas completado agora por muitos pormenores tirados das cartas do próprio Paulo. Depois de uma nova estada em Antioquia da Síria, o Apóstolo visita as Igrejas da Galácia e da Frígia «e confortava todos os discípulos» (Act 18,23). Passou uns três anos em Éfeso, durante os quais colocou as bases desta importante Igreja local. A partir de Éfeso difundiu-se o Evangelho a Colossas, Laodiceia e Hierápolis da Frígia, e Paulo fez uma viagem de ida e volta para atender a igreja de Corinto. O motim dos ourives obrigou Paulo a abandonar Éfeso, e percorreu de novo a Macedónia e a Acaia, acompanhado por alguns discípulos.
Embarcando em Filipos, empreende viagem a Jerusalém, que será a última, pelo menos das que conhecemos. Faz escalas em Tróade, Mitilene, Santos, Trogilião e Mileto, onde convoca os presbíteros de Éfeso e lhes dirige um dos discursos mais memoráveis (Act 20, 27-38). Navega passando por Cos, Rodes. Pátara e, daqui, directamente para Tiro de Fenícia, avistando Chipre à esquerda. Permanece em Tiro uns dias com os discípulos dali, e reúnem-se na praia para fazer oração. Embarcando de novo, faz escala em Prolemaida e chega a Cesareia Marítima, onde os discípulos lhe pedem que não vá a Jerusalém, tendo em conta os vaticínios de Agabo sobre a prisão de Paulo. Mas o Apóstolo, acompanhado de alguns discípulos, sobre a Jerusalém.
Volta a ser o livro dos Actos do Apóstolos (18, 23-21, 16) o que nos dá a trama deste período, mas completado agora por muitos pormenores tirados das cartas do próprio Paulo. Depois de uma nova estada em Antioquia da Síria, o Apóstolo visita as Igrejas da Galácia e da Frígia «e confortava todos os discípulos» (Act 18,23). Passou uns três anos em Éfeso, durante os quais colocou as bases desta importante Igreja local. A partir de Éfeso difundiu-se o Evangelho a Colossas, Laodiceia e Hierápolis da Frígia, e Paulo fez uma viagem de ida e volta para atender a igreja de Corinto. O motim dos ourives obrigou Paulo a abandonar Éfeso, e percorreu de novo a Macedónia e a Acaia, acompanhado por alguns discípulos.
Embarcando em Filipos, empreende viagem a Jerusalém, que será a última, pelo menos das que conhecemos. Faz escalas em Tróade, Mitilene, Santos, Trogilião e Mileto, onde convoca os presbíteros de Éfeso e lhes dirige um dos discursos mais memoráveis (Act 20, 27-38). Navega passando por Cos, Rodes. Pátara e, daqui, directamente para Tiro de Fenícia, avistando Chipre à esquerda. Permanece em Tiro uns dias com os discípulos dali, e reúnem-se na praia para fazer oração. Embarcando de novo, faz escala em Prolemaida e chega a Cesareia Marítima, onde os discípulos lhe pedem que não vá a Jerusalém, tendo em conta os vaticínios de Agabo sobre a prisão de Paulo. Mas o Apóstolo, acompanhado de alguns discípulos, sobre a Jerusalém.
Primeiro cativeiro de São Paulo
Chegados Paulo e os seus companheiros a Jerusalém, foram muito bem recebidos pelos irmãos, pelos presbíteros e por Tiago. Paulo explicou as maravilhas que Deus tinha operado entre os Gentios e as muitíssimas conversões. Alguns judeus provocam um tumulto contra Paulo, que teria sido linchado se o tribuno não tivesse intervindo com a coorte; é preso, mas o tribuno permite-lhe falar à multidão. O Apóstolo pronuncia então um sentido discurso, interrompido pela gritaria da multidão. Não sabendo como averiguar a causa de todo aquele motim, o tribuno manda açoitá-lo – a terrível flagelação romana – para que declare; mas Paulo apela para a sua cidadania romana, e aquele retira a ordem. De novo o tribuno procura averiguar a causa de tudo aquilo, convoca o Sinédrio, faz comparecer Paulo, que fala com grande habilidade; mas realiza-se uma conjura para o matar, da qual é salvo mediante o envio Cesareia Marítima sob custodia de duas centúrias da soldados. Ali é apresentado ao Procurador António Félix, que o retém preso dois anos, em ‘custodia militaris’, até que, sob o novo Procurador Festo, Paulo se vê obrigado a apelar para César, para evitar cair nas mãos dos Judeus. Paulo é, efectivamente, enviado a Roma de barco, sob a custódia de um centurião. São Lucas narra-nos as peripécias da viagem marítima: o naufrágio, o refúgio em Malta e o resto da viagem até Roma. Chegados ali, Paulo é posto em custódia mitigada, de tal modo que pode receber quantos acorriam a ele, pregando-lhes o Evangelho. Aqui acaba a narração dos Actos. Cumpridos esses anos, o expediente de Paulo deve ter sido suspenso, por não acorrerem acusadores nem acusação escrita; de facto, pela Primavera de 63 foi posto em liberdade.
A última etapa da sua vida
Os Actos dos Apóstolos terminam o seu relato perto do fim do primeiro cativeiro romano de Paulo; não tratam, pois, do último período, para o que devem ser extraídos os dados das epístolas pastorais do próprio Apóstolo (1 e 2 a Timóteo e a Tito) e de algumas notícias das tradições conservadas em escritos de fins do século I (Epístola I do Papa São Clemente) ou posteriores (Cânon de Muratori, pelo ano 180).
É provável que Paulo, muito pouco depois de ficar livre em Roma, tenha realizado o antigo projecto de pregar o Evangelho na Hispânia (Rom 15, 24.28), segundo parecem confirmá-lo 1 Clem 5,7; Cânon de Muratori, lin. 38-39, e algumas tradições locais, como a de Tarragona. Foi uma viagem breve, não mais de um ano de duração (cerca de 63-64), depois do que volta para o Oriente. Não se pode reconstituir o itinerário destas viagens. Só sabemos que voltou a Éfeso e dali a Macedónia. Também esteve em Creta, em Corinto e em Mileto.
É possível que tenha sido detido em Tróade e processado em Éfeso. Pelo Outono de 66 está de novo preso em Roma, donde continua a fazer quanto pode pelas igrejas. Deste segundo cativeiro não seria libertado, mas sofreu o martírio; segundo a tradição foi decapitado junto de Tre Fontane, em Acque Salvie, seguramente no ano 67.
Cronologia da vida de São Paulo
Conhecemos algumas datas exactas ou muito aproximadas na vida do Apóstolo pela referência cronológicas que faz São Lucas nos Actos, pelas conexões de alguns episódios com a história profana e, finalmente, pelos dados que extrair-se das epístolas paulinas. Tudo isso permite situar os outros episódios menos conhecidos cronologicamente dentro de limites de aproximação que, no pior dos casos, não excedem os cinco anos. Segundo isto, pode dar-se o seguinte quadro cronológico (o hífen entre duas datas indica o tempo em que se deve situar o acontecimento. A barra entre duas datas indica que há uma alternativa entre ambas, segundo o sistema de datação):
Ano d.C. // Acontecimento
7-12
Nascimento em Tarso da Cicilia
Depois do ano 30
Estada em Jerusalém: estudos para rabino
34/36
Vocação para a fé cristã. estada em Damasco e retiro na Arábia
37/39
Primeira visita aos Apóstolos de Jerusalém
43-44
Estada em Tarso
44-45
Estada em Antioquia da Síria
Primavera 45 – Primavera 49
Primeira viagem missionária
49-50
Concílio de Jerusalém. Incidente de Antioquia
Fim do ano 49 ou começo do ano 50, até Outono do ano 52
Segunda viagem missionária
50-52
1ª e 2ª Epístola aos Tessalonicenses (Corinto)
Primavera de 53 - Primavera de 58
Terceira viagem missionária
Outono de 54 – Primavera do ano 57
Estada em Éfeso
54
Epístola aos Gálatas (Éfeso?)
Primavera de 57
1ª Epístola aos Corintios (Éfeso)
57
Visita a Corinto
Verão de 57
Viagem à Macedónia
Outono de 57
2ª Epístola aos Corintios
Inverno 57-58
Estada em Corinto
Epístola aos Romanos (Corinto)
Páscoa de 58
Estada em Filipos
Pentecostes de 58
Prisão em Jerusalém
58- 60
Prisão em Cesareia
Outono de 60 – Primavera de 61
Viagem marítima de Cesareia a Roma
Primavera de 61 – Primavera de 63
Primeiro cativeiro romano
62/54-57
Epístola aos Filipenses (Roma) (Éfeso?)
62
Epístola a Filémon e aos Colossenses (Roma)
Fins de 62 ou primeiros meses de 63
Epístola aos Efésios (Roma)
63-64
Viagem à Espanha (?)
64-67
Viagem à Ásia Menor, Creta e à Macedónia
65
Epístola 1ª a Timóteo. Epístola a Tito (Macedónia)
64-66
Epístola aos Hebreus (?) (Roma ?, Atenas ?)
66-67
2ª Epístola a Timóteo (Roma)
66-67
Segundo cativeiro romano e morte por martírio
(Bíblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra – Volume II, edição em língua portuguesa – Edições Theologica – Braga – Introdução às Cartas de São Paulo – Vida de São Paulo – pág. 425-434)
2 comentários:
Onde posso adquirir esta Bíblia?
Obrigado.
Célia
Estimada Célia,
Desconhecendo desde onde estará escrevendo, posso apenas indicar-lhe que a edição portuguesa está dividia em 3 volumes de capa dura verde escura e que em Lisboa costuma haver no Oratório São Josemaría, poderei admitir que no Hotel Três Pastorinhos em Fátima também a tenham à venda.
Permita-me ainda que lhe enalteça a qualidade da obra toda ela comentada por versículo ou grupos de versículos.
Espero de alguma forma ter-lhe sido útil.
Bem-haja!
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