Homilia sobre o evangelho de João
João Baptista estava de pé com dois dos seus discípulos quando Jesus passou. Trata-se efectivamente de uma atitude corporal, mas que traduz algo da missão de João, da veemência da sua palavra e da sua acção. Mas segundo o evangelista trata-se também, mais profundamente, de uma tensão sempre presente no profeta. João não se contentava em cumprir exteriormente o seu papel de precursor; mantinha sempre vivo no seu coração o desejo do Senhor que havia reconhecido no Seu baptismo. [...] João estava, sem dúvida, totalmente voltado para Nosso Senhor. Desejava revê-Lo, porque ver Jesus era a salvação para aquele que O confessava, a glória para aquele que O anunciava, a alegria para aquele que O mostrava. João estava em pé, cheio do ardor do seu coração; mantinha-se direito, esperando Cristo, ainda dissimulado pela sombra da Sua humildade. [...]
Com João estavam dois dos seus discípulos, de pé como o seu mestre, premissas daquele povo preparado pelo percursor, não para ele mas para o Senhor. Vendo Jesus que passava, João disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Reparai nos termos deste relato: à primeira vista, tudo é claro; mas para aqueles que lhe descobrem o sentido profundo, tudo está cheio de mistério. «Jesus passava»: que quer isto dizer, senão que o Filho de Deus veio partilhar a nossa natureza de homem que passa, que muda? Ele, que os homens não conheciam, dá-Se a conhecer e amar ao passar entre nós. Ele veio no seio da Virgem; depois, passou do seio de Sua mãe para o presépio, do presépio para a cruz, da cruz para o túmulo e do túmulo subiu de novo ao céu. [...] Também o nosso coração, se aprender a desejar Jesus como João, reconhecerá Jesus que passa; e se O seguir, chegará como os discípulos ao local que Jesus habita — ao mistério da Sua divindade.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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