Digo eu:
Lá vens tu, com a conversa do costume:
Para que é que vais dar catequese! Eles não te ouvem, não prestam atenção ao que tu dizes! Quando receberem o Crisma, vão-se embora e não voltam!
Pois, até podes ter alguma razão, mas pelo menos alguns ouvem, e fica lá a semente!
Dizes tu:
Qual semente? Se não for regada, morre, e não dá fruto!
Digo eu:
Pois, mas esta semente não é como as outras sementes. Esta é semente de Deus! Pode ficar muito tempo sem dar fruto, mas também não morre.
Dizes tu:
Isso és tu, a quereres convencer-te que fazes alguma coisa útil! Desilude-te! Gastas o teu tempo e eles não aproveitam nada!
Digo eu:
Cala-te, e vai tentar os que te dão ouvidos! De mim não levas nada!
Dizes tu:
Ah, ah, isso é que era bom! Já levei tanto de ti!
Digo eu:
Pois levaste, isso é verdade! Mas vês como a semente que foi plantada no meu coração deu frutos passados tantos anos? Julgavas-me teu, julgavas que me tinhas conquistado e afinal vê lá tu, ó mentiroso, o que eu vivo agora, o que eu faço agora, o que eu sou agora.
Dizes tu:
Mas de vez em quando ainda me ouves!
Digo eu:
Pois ouço, mas logo percebo o teu “cantar de sereia”, e arrependo-me, e volto para o caminho que me foi dado e que eu abraço em confiança.
Dizes tu:
Está bem, mas olha que muitos se hão-de perder!
Digo eu:
Isso é que tu pensas! Como não depende de mim mas d’Ele, muitos se hão-de salvar! Agora vai-te e deixa-me rever a catequese que vou dar.
Digo eu:
Olha, apetece-me dizer como Fernando Pessoa:
Aqui ao leme está muito mais do que tu, está muito mais do que eu, está o meu Senhor e o meu Deus, porque minha alma O teme, pois vive no Seu amor.
Marinha Grande, 5 de Janeiro de 2013
Joaquim Mexia Alves AQUI
Nota:
Escrito ontem à tarde, quando me preparava para ir dar catequese.
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