Consequentemente deixa de assomar qualquer alegria pelo facto de se pertencer a uma tal videira que é «Igreja». Crescem insatisfação e descontentamento, se não virem realizadas as próprias ideias superficiais e erróneas de «Igreja» e os próprios «sonhos de Igreja»! Então cessa também aquele jubiloso cântico «Agradeço ao Senhor que por graça me chamou à sua Igreja» que gerações de católicos cantaram com convicção.
(…)
Permanecer em Cristo significa, como já vimos, permanecer na Igreja. A comunidade inteira dos crentes está firmemente unida em Cristo, a videira. Em Cristo, todos nós estamos conjuntamente unidos. Nesta comunidade, Ele sustenta-nos e, ao mesmo tempo, todos os membros se sustentam uns aos outros. Juntos resistimos às tempestades e oferecemos protecção uns aos outros. Não cremos sozinhos, cremos com toda a Igreja, de todo o lugar e de todo o tempo, com a Igreja que está no Céu e na terra.
Como anunciadora da Palavra de Deus e dispensadora dos sacramentos, a Igreja une-nos com Cristo, a videira verdadeira. A Igreja, como «plenitude e completamento do Redentor» – como a chamava Pio XII [Mystici corporis, AAS 35 (1943), p. 230: «plenitudo et complementum Redemptoris»] –, é para nós penhor da vida divina e medianeira dos frutos de que fala a parábola da videira. Deste modo, a Igreja é o dom mais belo de Deus. Por isso, Agostinho podia dizer: «Cada um possui o Espírito Santo na medida em que ama a Igreja» (In Ioan. Ev. tract. 32, 8: PL35, 1646). Com a Igreja e na Igreja, podemos anunciar a todos os homens que Cristo é a fonte da vida, que Ele está presente, que é a realidade grande que procuramos e pela qual anelamos. Ele dá-Se a Si mesmo, e assim dá-nos Deus, a felicidade, o amor. Quem crê em Cristo, tem um futuro. Porque Deus não quer aquilo que é árido, morto, artificial, e que no fim é deitado fora, mas quer o que é fecundo e vivo, a vida em abundância; e é Ele que nos dá a vida em abundância.
(Bento XVI – Homilia proferida em Berlim a 22.09.2011)
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