Neste fim-de-semana a paróquia da Marinha Grande, (a minha paróquia), celebrou e festejou a sua Padroeira, Nossa Senhora do Rosário.
Foram momentos cheios de sentido comunitário sobretudo nas celebrações litúrgicas, que encheram por completo a igreja matriz da Marinha Grande.
Não quero fazer aqui uma reportagem das festas, mas sim salientar entre muitas palavras ditas, sentidas e vividas, uma frase da homilia do Padre Armindo Ferreira, pároco da Marinha Grande, na Missa de Sexta feira à noite, como preparação e inicio das festividades.
Disse ele, (não sei se sou inteiramente fiel às suas palavras, mas sem dúvida ao sentido das mesmas), falando de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, e estabelecendo um paralelo connosco fiéis ao encontro de Jesus Cristo:
«Com o nosso sim, com o sim de cada um, também nós “damos à luz”, Jesus Cristo, nosso Senhor.»
Explicou ele depois o alcance das suas palavras, mas nessa altura, (mea culpa), já o meu coração e a minha mente se tinham deixado envolver por aquela frase e “partiam à desfilada” na procura de todo o sentido e paralelismo que daquelas palavras me era dado retirar.
Obviamente que Maria, pela graça do Espírito Santo, gerou Jesus Cristo no seu ventre e verdadeiramente o deu à luz naquela gruta em Belém.
Para isso foi preciso o seu sim, um sim que a levou para além das coisas do mundo tão difíceis naquele tempo para uma jovem virgem, (ainda não “formalmente” casada), um sim que a levou até ao fim, até dar à luz a própria Luz.
E é curioso este trocadilho, (se assim lhe posso chamar), entre o “dar à luz” e a própria Luz, que é Jesus Cristo, o Senhor.
Com efeito, se acreditamos e abrimos o nosso coração à presença de Jesus Cristo, também Ele habita em nós, e se habita em nós somos levados a dar testemunho da Sua presença, temos de “dar à luz”, ou seja, abrirmo-nos aos outros para que também eles possam ver a Luz que, pela graça de Deus, está “dentro” de nós.
Daí percebermos que o nosso sim a Jesus Cristo, é um sim pessoal, mas também e sempre colectivo, porque se a Luz que está em nós, não for também Luz para os outros, acaba por estiolar e apagar-se irremediavelmente.
Assim como a mulher grávida não pode guardar o seu filho dentro de si e tem que o dar à luz, também nós não podemos, se dissemos sim, guardar a Luz dentro de nós sem a reflectir para os outros.
Quase temo escrever a frase que me veio ao coração, mas escrevo-a na mesma: “grávidos de Deus.”
É, no entanto, uma “gravidez” diferente, porque nós pertencemos a Deus, mas estando com Ele, também Ele nos pertence.
A mãe alimenta o seu filho na gravidez, nós alimentamo-nos de Deus, em Igreja, em nós e nos outros
Mãe e filho, na gravidez, pertencem-se de tal modo e tão intimamente, que se pudéssemos interrogar o filho no ventre da mãe, ele diria que toda a sua confiança e esperança, residem na sua própria mãe.
Isso mesmo me leva a desejar que a minha relação com Deus seja também essa união intima e totalmente dependente, “grávido de Deus”, mas agora na minha dependência para com Ele, abandonando-me totalmente à sua vontade.
E depois a mãe tem todo o orgulho, (um orgulho são e grato), em mostrar a toda a gente o filho que lhe nasceu, e não poupa palavras, elogios e gestos para o dar a conhecer aos outros.
E isso leva-nos a pensar se nós, tendo Jesus Cristo em nós, também temos todo o orgulho e gratidão em mostrá-Lo aos outros e d’Ele falarmos com as mais belas palavras e gestos que o Espírito Santo nos inspirar.
Dar à luz a própria Luz, foi prerrogativa de Maria no Natal de Jesus, mas também ao longo de toda a sua vida em que humildemente estendeu o seu sim à vontade de Deus, dando testemunho da Luz que guardava no seu coração.
«Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.» Lc 2, 51
Também nós podemos, e mais que podemos, devemos, “dar à luz”, a Luz que pela graça da Fé em nós vive e é vida.
Monte Real, 8 de Outubro de 2012
Joaquim Mexia Alves AQUI
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