Devemos considerar como e para que rezamos. Quando o homem se quer entregar à oração, deve antes de mais trazer o seu coração para dentro de si, afastá-lo das errâncias e das devassidões onde se perdia e cair com grande humildade aos pés de Deus, pedir-Lhe generosamente esmola, bater à porta do coração do Pai e mendigar o Seu pão, ou seja, a caridade. [...] Seguidamente, devemos pedir que Deus nos conceda e nos ensine a pedir aquilo que mais Lhe agrada na nossa oração e o que nos será mais útil. [...]
Nem todos os homens sabem rezar em espírito, alguns têm de recorrer à oração vocal. Neste caso, dirigir-te-ás a Nosso Senhor com as palavras mais amáveis, mais amigáveis e mais afectuosas que possas imaginar, e isso estimulará também a tua caridade e o teu coração. Pede ao Pai celeste que, através do Seu único Filho, Ele mesmo Se dê a ti, da forma mais agradável, como objecto da tua oração. E quando tiveres encontrado uma forma de oração que, mais que qualquer outra, te agrade e estimule a tua devoção [...], preserva essa forma de rezar e dá-lhe a tua preferência. [...] É necessário bater à porta com diligente perseverança, porque «aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo» (cf. Mt 10,22; 2Tm 2,5). [...] «Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!»
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo
Sermão 17, para a segunda-feira antes do Ascensão
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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