Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 24 de setembro de 2011

Religião e liberdade (Editorial)

Na Alemanha muitos esperam a visita do Papa, não obstante divergências que são naturais numa sociedade secularizada, e legítimas se são expressas de modo civil: sorri Bento XVI quando encontra os jornalistas em voo no céu acima de Berlim e responde à pergunta sobre as polémicas preventivas da viagem, habituais e certamente não gentis, como ao contrário ele se demonstra em qualquer circunstância. "Vou com alegria à minha Alemanha e sinto-me feliz por levar Cristo à minha terra", diz ainda, sintetizando assim a finalidade deste terceiro regresso à pátria, pela primeira vez de maneira oficial depois da viagem a Colónia e à Baviera.


Uma finalidade que o Bispo de Roma reafirma respondendo ao caloroso e significativo bem-vindo do presidente federal. Mesmo se a visita fortalecerá as boas relações entre Alemanha e Santa Sé, de facto, "em primeiro lugar - disse com clareza Bento XVI - não vim aqui para perseguir determinados objectivos políticos ou económicos", mas antes "para encontrar o povo e falar de Deus". Eis delineada com simples essencialidade a razão das viagens do Papa, que sabe dirigir-se como ninguém a assembleias políticas, em discursos que permanecerão: desde o de Westminster Hall ao discurso pronunciado no Parlamento do seu país reunido no Reichstag.


Tendo nascido, crescido e formado na Alemanha, o Pontífice alemão confessou que se sente profundamente radicado na cultura desta grande Nação, para cuja história - que inclui também as "páginas obscuras do passado" - olha com uma "visão clara". Ligado às suas raízes, Bento XVI disse contudo com igual clareza que o baptismo leva para um "povo novo": a grande comunidade da Igreja católica, que todos os dias neste mundo está a caminho rumo à civitas Dei descrita e desejada por Agostinho. Um caminho que nunca é fácil e não é fácil hoje, num tempo fortemente marcado, também em países de antiga tradição cristã, pela secularização.


É esta tendência que leva a abandonar a Igreja, o último passo de afastamentos progressivos que em tempos recentes são por vezes motivados pelo escândalo dos abusos de menores por parte de representantes do clero católico. Mais uma vez, o Papa que não tem medo dos lobos falou sem reticências destes crimes, dizendo que pode compreender a motivação de alguns abandonos. Mas acrescentou logo a seguir que é fundamental perguntar-se por que se está na Igreja: de facto, é preciso tomar consciência que fazer parte dela equivale a estar na rede do Senhor, o qual das águas mortas deste mundo tira ao mesmo tempo peixes bons e peixes maus. E nesta óptica deve-se aprender a ver os escândalos e sobretudo a lutar contra eles.


Em sociedades secularizadas, onde o transcendente parece distante, é preciso "estar junto" com os outros cristãos, e com eles testemunhar a fé comum no Deus trinitário e no homem que foi criado à sua imagem. "Assim como a religião precisa da liberdade, também a liberdade precisa da religião" dizia o bispo Wilhelm von Ketteler. São palavras actuais - recordou Bento XVI - e também hoje, na Alemanha renascida da força da liberdade, a liberdade precisa da religião: a que foi revelada pelo Deus amigo dos homens.


GIOVANNI MARIA VIAN – Director


(© L'Osservatore Romano - 24 de Setembro de 2011)

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