Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 9 de setembro de 2012

OS CONTEÚDOS ESSENCIAIS DA NOVA EVANGELIZAÇÃO – A vida eterna

Um último elemento central de toda a evangelização verdadeira é a vida eterna. Hoje, devemos anunciar a nossa fé com nova força na vida diária. Gostaria de aludir aqui a apenas um aspecto frequentemente esquecido na actual pregação de Cristo: o anúncio do reino de Deus é o anúncio de Deus presente, de Deus que nos conhece, que nos ouve; de Deus que entra na História para fazer justiça. Por isso, essa pregação é anúncio do Juízo, anúncio da nossa responsabilidade. O homem não pode fazer ou não fazer só o que lhe apetece. Será julgado. Tem de prestar contas. Essa certeza vale tanto para os poderosos como para os humildes. Quando é respeitada, traçam-se os limites de todo o poder deste mundo. Deus faz justiça e, em última análise, apenas Ele pode fazê-la.

Conseguiremos fazer justiça na medida em que formos capazes de viver na presença de Deus e de comunicar ao mundo a verdade do Juízo.

Assim o artigo de fé do Juízo, a sua força para formar as consciências, é um conteúdo central do Evangelho e é realmente uma boa nova. Uma boa nova para todos os que sofrem pela injustiça do mundo e pedem justiça. Assim, compreende-se também a conexão entre o reino de Deus e os pobres, os que sofrem e todos os que vivem as bem-aventuranças do Sermão da Montanha. Estão protegidos pela certeza do Juízo, pela certeza de que há justiça.

Este é o verdadeiro conteúdo do artigo do Credo sobre o Juízo, sobre Deus juiz: há justiça. As injustiças do mundo não são a última palavra da História. Há justiça. Só quem não deseja que haja justiça pode opor-se a essa verdade. Se levarmos a sério o Juízo e a grave responsabilidade que dele brota para nós, compreenderemos bem o outro aspecto desse anúncio que é a redenção, o feito de que Jesus na cruz assume os nossos pecados, de que o próprio Deus, na paixão do seu Filho, se torna um advogado para nós, pecadores, e assim torna possível a penitência, a esperança ao pecador arrependido, uma esperança expressa de modo admirável nas palavras de São João: Deus é maior que a nossa consciência e conhece tudo (1 Jo 3, 20). Diante de Deus, a nossa consciência ficará tranquila, independentemente das nossas manchas.

A bondade de Deus é infinita, mas não a devemos reduzir a uma complacência sem verdade. Apenas acreditando no justo juízo de Deus, apenas tendo fome e sede de justiça (cfr. Mt 5, 6), abrimos o nosso coração, a nossa vida, à misericórdia divina. Não é verdade que a fé na vida eterna tira a importância da vida terrena. Pelo contrário, é só quando a medida da nossa vida é a eternidade que esta nossa vida na terra se torna grande e de imenso valor. Deus não é um inimigo da nossa vida, mas a garantia da nossa grandeza.

Voltamos assim ao ponto de partida: Deus. Se considerarmos bem a mensagem cristã, veremos que ela não fala de um monte de coisas. A mensagem cristã é na verdade muito simples: falamos de Deus e do homem, e assim dizemos tudo.

(Cardeal Joseph Ratzinger excerto conferência pronunciada no Congresso de catequistas e professores de religião, Roma, 10.12.2000, e publicada no ‘L’Osservatore romano’ de 19.01.2001)

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