Na próxima quinta-feira Bento XVI partirá para a sua terceira viagem apostólica à Alemanha: uma visita de quatro dias, densa de acontecimentos importantes. Grande expectativa rodeia o discurso que pronunciará no Parlamento federal, assim como no que diz respeito ao encontro com os evangélicos no Convento agostiniano de Erfurt, onde vivei Lutero. E depois também a Missa no Estado Olímpico de Berlim, a visita ao santuário mariano de Etsersbach e o encontro com a comunidade católica em Friburgo.
A viagem tem como lema “Onde há Deus, há futuro”. Escutemos, a esse propósito, o nosso diretor, padre Frederico Lombardi, no costumado editorial desta semana, “Octava dies”:
"Vivemos em tempos de preocupações em relação ao futuro: futuro do planeta Terra e da vida nele existente, futuro da economia mundial e da paz entre os povos, futuro da Europa e das nações que dela fazem parte, futuro dos jovens e das crianças que despertam para a vida. Deslocando-se ao seu país natal, a Alemanha, por muitos encarada sobretudo como a potência dinamizadora do velho continente, mas onde a fé cristã aparece em rápida diminuição, o Papa escolheu para a sua viagem o lema: “Onde há Deus, há futuro”. São as palavras-chave da sua homilia no santuário austríaco de Mariazell, há quatro ano, quando tinha lido a crise demográfica da Europa como sinal de falta de confiança no futuro, reagindo nestes termos: “A terra ficará privada de futuro só quando se extinguirem as forças do coração humano e da razão iluminada pelo coração – quando o rosto de Deus deixar de resplandecer sobre a Terra. Onde há Deus, há futuro”.
Logo no dia a seguir à sua eleição, o Papa Bento nos explicou que o anúncio do primado de Deus iria ser a primeira prioridade do seu pontificado. Quem é Deus? Como ver o seu rosto? Onde O encontrar e como falar com Ele? Em que medida é que a relação com Deus orienta a vida de cada pessoa e a sua responsabilidade na sociedade, fundamentando a busca da justiça e do direito?
Deus não é alheio à vida. Não devemos esperar do Papa respostas a questões marginais, mas sim às que são mais essenciais. Atravessando um país onde a negação totalitária de Deus demonstrou as suas consequências mais extremas, refletiremos conjuntamente sobre o modo de nos empenharmos – como pessoas, como crentes em Deus, como cristãos e como católicos – para construir um futuro digno do homem."
Na sua qualidade de diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Padre Lombardi apresentou nesta sexta-feira aos jornalistas esta visita de Bento XVI à Alemanha, de 22 a 25 deste mês, declarando esperar uma viagem “muito rica e muito intensa”.
Em conferência de imprensa, o padre Federico Lombardi destacou o elevado número de discursos previstos e o encontro ecuménico no antigo convento dos Agostinhos, em Erfurt, no qual vai ser lido um salmo da Bíblia, na tradução de Martinho Lutero, impulsionador da reforma protestante no século XVI.
A terceira visita do Papa a solo germânico, depois das de 2005 (Jornada Mundial da Juventude em Colónia) e 2006 (visita à Baviera, região onde nasceu), conta com passagens por Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Friburgo, e inclui encontros com a comunidade judaica e muçulmana.
Sobre a polémica que tem rodeado a visita de Bento XVI ao Parlamento Federal (Bundestag),padre Lombardi sublinhou que se tratou de um convite oficial a que o Papa respondeu afirmativamente, para falar “às pessoas que o quiserem escutar”. Também João Paulo II tomou a palavra, por duas vezes, em parlamentos nacionais: em Varsóvia, na sua pátria natal, e em Roma.
Esta vai ser a primeira viagem papal à Alemanha com estatuto de visita de Estado, pelo que os primeiros momentos da agenda de Bento XVI em solo germânico são dedicados a encontros com responsáveis políticos.
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