O Senhor não pára, em tempo algum, de enviar trabalhadores para cultivar a Sua vinha [...]: através dos patriarcas, dos doutores da Lei e dos profetas e, finalmente, através dos apóstolos, Ele procurava, por assim dizer, que a Sua vinha fosse cultivada por intermédio dos Seus trabalhadores. Todos aqueles que, a uma fé firme, acrescentaram boas obras, foram os trabalhadores dessa vinha [...].
Os trabalhadores contratados desde o nascer do dia, da hora terceira, da sexta e da nona designam portanto o antigo povo hebreu que, aplicando-se [...], desde o começo do mundo, a prestar culto a Deus com fé firme, não parou, por assim dizer, de se empenhar na cultura da vinha. Mas à décima-primeira hora os pagãos foram chamados, tendo-lhes sido dirigidas estas palavras: «Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?» De facto, ao longo de todo aquele lapso de tempo por que o mundo passou, os pagãos tinham negligenciado o trabalho que leva à vida eterna, e ali estavam, daquela maneira, o dia inteiro sem nada fazer. Mas reparai bem, irmãos, o que respondem à pergunta que lhes é feita: «É que ninguém nos contratou.» De facto, patriarca algum ou profeta se acercara deles. E que quererão estas palavras dizer: «Ninguém nos contratou para trabalhar», a não ser: «Ninguém nos pregou os caminhos da vida»?
Mas nós, que invocaremos então em desculpa própria, se nos abstivermos de realizar boas obras? Pensai bem: recebemos a fé ao sair do seio de nossa mãe, escutámos as palavras de vida desde o berço e fomos alimentados ao peito da Santa Igreja, dela bebendo, ao mesmo tempo que o leite materno, o néctar da doutrina celeste.
São Gregório Magno (c. 540-604), papa e doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho, n°19
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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