O Cardeal americano Raymond Leo Burke, Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, explicou em 2012 que os sacerdotes não devem mudar as orações da Missa posto que eles não são os protagonistas da liturgia, mas sim o próprio Cristo.
Em entrevista concedida ao grupo ACI em Roma, o cardeal explicou que o sacerdote não deve modificar ou acrescentar palavras às orações da Missa considerando que todo presbítero é "um servidor do rito" e "não o protagonista”. O Protagonista, nas palavras do Cardeal Burke “é o próprio Jesus Cristo".
"Então está totalmente equivocado que um sacerdote pense ‘como posso tornar isto (a liturgia) mais interessante?’ ou ‘como posso fazê-lo melhor’?"
O Cardeal norte-americano, um dos colaboradores mais próximos de Bento XVI, recordou que o Código de Direito Canónico assinala que o sacerdote deve "com precisão e devotamente observar o que está escrito nos livros litúrgicos e assim tomar cuidado para não acrescentar outras cerimónias ou orações de acordo ao seu próprio juízo".
O Cardeal explicou ainda que o Código de 1917, modificado pelo de 1983, estabelece que um sacerdote em pecado mortal não deve celebrar Missa "sem antes aceder à confissão sacramental" ou o mais breve possível "no caso de não contar com um confessor", quando a Missa seja "muito necessária" e tenha feito um ato de contrição perfeito.
"Parece-me que esse cânon de 1917 foi eliminado, mas acredito que deve ser reintroduzido, porque a ideia de dignidade está bem de maneira preeminente para um sacerdote que está oferecendo o sacrifício", disse.
O Cardeal de 64 anos de idade também disse ao grupo ACI que é preciso uma reforma da sagrada liturgia, seguindo o estabelecido pelo Papa Bento XVI e "enraizada nos ensinos do Concílio Ecuménico Vaticano II" assim como "adequadamente conectada com a tradição".
Na sua opinião, isto significa evitar diversas inovações como os "serviços de comunhão" liderados por leigos ou religiosos quando existe uma paróquia sem sacerdote para presidir a Eucaristia dominical.
"Não é bom para o povo participar repetidamente nestes tipos de serviços aos domingos porque perdem o sentido do Santíssimo Sacramento", precisou.
O excesso deste tipo de serviços, acrescentou, pode ser também algo que desalente as ordenações sacerdotais porque com estes serviços um jovem com vocação ao sacerdócio "já não vê ante seus olhos a identidade da vocação à qual está chamado".
Na entrevista ao grupo ACI, o Prefeito da Assinatura Apostólica referiu se também à " dúvida" na aplicação de penas canónicas nas décadas recentes e aos "abusos e violações da lei eclesiástica" que se dão no âmbito litúrgico.
Tais sanções, disse o Cardeal Burke, são "primeiramente medicinais" e procuram "chamar a atenção da pessoa sobre a gravidade do que está fazendo para que não o faça mais".
"As sanções são necessárias", acrescentou.
"Se em 20 séculos da vida da Igreja foram necessárias sanções, por que em nosso século de repente devemos pensar que elas não são necessárias? Isso também é absurdo", concluiu.
(Fonte: ‘ACI Digital com edição e adaptação de JPR)
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