A Comissão Nacional pro Referendo-Vida iniciou hoje, no Porto, uma acção nacional de divulgação e sensibilização com vista à realização de um referendo sobre o valor da vida, esperando que o mesmo se traduza numa revisão da lei do aborto.
«A pergunta [do referendo] não se refere ao aborto nem à eutanásia. A pergunta refere-se ao valor da vida. Acha que a vida é um valor absoluto? É isso que queremos que as pessoas pensem e respondam. Os casos concretos poderão ser tratados depois, pela via legislativa», esclareceu Daniel Serrão, médico especialista em bioética, em declarações aos jornalistas.
O mandatário do movimento explica este é um «grupo de «cidadãos livres» preocupado com «a facilidade com que se mata em Portugal», que responde desta forma ao ‘convite’ feito por Pedro Passos Coelho durante a campanha eleitoral.
«O actual primeiro-ministro disse que se houvesse um grupo de cidadãos que quisesse levantar a questão do valor da vida, estaria disponível para apoiar isso na Assembleia da República. Esperamos que honre o compromisso. Este grupo de cidadãos está a responder a uma espécie de convite que ele apresentou», esclareceu Daniel Serrão.
O médico sublinha que «se o referendo disser que a maioria do povo português atribui à vida humana um valor absoluto desde a sua origem até ao seu fim natural», isso deverá ter tradução em alterações legislativas.
Em causa está o aborto, mas também a eutanásia, à qual o médico se opõe.
«Em todos os países onde há uma boa cobertura de cuidados paliativos não há pessoa nenhuma que peça eutanásia. A pessoa tem direito a pedir, não pode é obrigar ninguém a que a mate», alerta.
A expectativa é que, se houver referendo, «uma grande maioria diga que tem respeito absoluto pela vida humana, que não é capaz de matar ninguém».
A Comissão pró Referendo-Vida entregou hoje cartas aos vários líderes religiosos do país (começou no Porto, pela comunidade israelita e pelo Bispo do Porto), explicando que pretende fazer o mesmo «junto de todas as confissões religiosas e todas as organizações de cidadãos livres».
Na missiva, pede-se o apoio dos líderes religiosos para «a campanha com vista à convocação de um referendo nacional exigindo legislação que garanta a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até à morte natural».
Vincando que o grupo não se apresenta «em nome de nada nem de ninguém», Daniel Serrão afirmou que a intenção é «chamar a atenção para a escalada que está a acontecer, para a facilidade com que um ser humano mata outro».
«Todos os dias há notícias de que alguém matou alguém. A violência instalou-se em Portugal. Esta cultura de morte tem muitos aspectos e este grupo pretende perguntar ao povo português qual o valor que atribuiu à vida humana», descreve o médico.
Daniel Litvak, rabino da Sinagoga Mekor Haim, no Porto, explicou aos jornalistas que a sua comunidade vê “com bons olhos” o que este grupo de cidadãos está a fazer.
«Sim, somos a favor da vida e pensamos que estas pessoas estão a fazer uma actividade positiva. Independentemente do ponto de vista religioso, nós estamos de acordo com esta posição», afirmou.
Lusa / SOL
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