Num
clima místico, poucos meses antes da sua deportação para Auschwitz, nasce uma
das mais belas orações de Edith Stein, Santa Benedita da Cruz. Um hino ao
Espírito Santo. Foi o seu «último Pentecostes».
I
Quem
és tu,
Doce
luz que me preenche
e
ilumina a obscuridade do meu coração?
Conduzes-me
como a mão de uma mãe
E
se me soltasses,
não
saberia nem dar mais um passo.
És
o espaço que envolve todo meu ser e o encerra em si.
Se
Fosse abandonado por ti
cairia
no abismo do nada,
de
onde tu o elevas ao Ser.
Tu,
mais próximo de mim que eu mesmo
e
mais íntimo que minha intimidade,
E,
sem dúvida,
permaneces
inalcançável e incompreensível,
E
que faz brotar todo nome:
Espírito
Santo — Amor eterno!
II
Não
és Tu
O
doce maná
que
do coração do Filho flui para o meu,
alimento
dos anjos e dos bem aventurados?
Aquele
que da morte à vida se elevou,
Também
a mim despertou a uma nova vida
Do
sono da morte.
E
nova vida me doa
Dia
após dia.
E
um dia me cumulará de plenitude.
Vida
de minha Vida.
Sim,
Tu mesmo,
Espírito
Santo, – Vida Eterna!
III
Tu
és o raio
que
cai do Trono do Juiz eterno
e
irrompe na noite da alma,
que
nunca se conheceu a si mesma?
Misericordioso
e impassível
penetras
nas profundezas escondidas.
Se
ela se assusta ao ver-se a si mesma,
Concedes
lugar ao santo temor,
princípio
de toda sabedoria
que
vem do alto,
e
no alto com firmeza nos unes à tua obra,
que
nos faz novos,
Espírito
Santo — Raio penetrante!
IV
Tu
és a plenitude do Espírito
e
da força
com
a qual o Cordeiro rompe o selo
do
segredo eterno de Deus?
Impulsionados
por ti
os
mensageiros do Juiz
cavalgam
pelo mundo
e
com espada afiada separam
o
reino da luz do reino da noite.
Então
surgirá um novo céu
E
uma nova terra,
e
tudo retorna ao seu justo lugar
graças
a teu alento:
Espírito
Santo — Força triunfante!
V
Tu
és o mestre construtor da catedral eterna
que
se eleva da terra aos céus?
Por
ti vivificadas as colunas se elevam
Para
o alto e permanecem imóveis e firmes.
Marcadas
com o nome eterno de Deus
se
elevam para a luz
sustentando
a cúpula,
que
cobre, qual coroa,
a
santa catedral,
tua
obra transformadora do mundo,
Espírito
Santo — Mão criadora!
VI
Tu
és quem criou o claro espelho,
Próximo
ao trono do Altíssimo,
como
um mar de cristal
aonde
a divindade se contempla amando?
Tu
te inclinas
sobre
a obra mais bela da criação,
e
resplandecente te ilumina
com
teu mesmo esplendor.
E
a pura beleza de todos os seres,
Unida
à amorosa figura da Virgem,
tua
esposa sem mancha:
Espírito
Santo — Criador do Universo!
VII
Tu
és o doce canto do amor
e
do santo recato,
que
eternamente ressoa
diante
do trono da Trindade,
e
desposa consigo os sons puros de todos os seres?
A
harmonia
que
une os membros com a Cabeça,
onde
cada um encontra feliz
o
sentido secreto de seu ser,
e
jubilante irradia,
livremente
desprendido em teu fluir:
Espírito
Santo — Júbilo eterno!
Santa Teresa Benedita da Cruz
In
Pátio dos Gentios
©
SNPC | 29.05.12
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