Vida de Santa Clara, §§ 25-28
Havia já quarenta anos que Clara, segundo a comparação utilizada por São Paulo (1Cor 9, 24), corria no estádio da grande pobreza. Ela aproximava-se da meta da sua vocação celeste e da recompensa prometida ao vencedor. [...] A Divina Providência apressava-Se a cumprir o que havia previsto para Clara: Cristo quer introduzir a pobrezinha no Seu palácio real no termo da sua peregrinação. Quanto a ela, aspirava com todo o arrebatamento do seu desejo [...] contemplar, reinando no alto em toda a Sua glória, o Cristo que imitara na Terra na sua pobreza. [...]
Todas as suas filhas estavam reunidas em torno do leito da mãe. [...] Dirigindo-se então a si mesma, Clara disse à sua alma: «Parte com toda a segurança, pois tens um bom guia para o caminho. Parte, pois Aquele que te criou também te santificou; Ele sempre te protegeu e amou com um amor terno, como uma mãe ama o seu filho. Abençoado sejas, Senhor, Tu que me criaste!» Uma irmã perguntou-lhe a quem se dirigia ela. Clara respondeu: «À minha alma abençoada». O seu guia para o caminho não estava longe. Com efeito, voltando-se para uma das suas filhas, perguntou-lhe: «Estás a ver o Rei de glória que eu entrevejo?» [...]
Bendita seja a sua saída deste vale de misérias, uma saída que foi para ela a entrada na vida bem-aventurada! Em recompensa dos seus jejuns neste mundo, conhece agora a alegria que reina à mesa dos santos; em troca dos andrajos e das cinzas, entrou na posse da beatitude do Reino dos Céus onde está vestida com as vestes da glória eterna.
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