Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
Do espírito e da palavra, 28-30; PL 44, 217ss.
A graça, que estava como que velada no Antigo Testamento, foi plenamente revelada no Evangelho de Cristo por uma disposição harmoniosa dos tempos, como Deus tem o costume de dispor harmoniosamente todas as coisas. [...] Mas, no interior desta admirável harmonia, constatamos uma grande diferença entre as duas épocas. No Sinai, o povo não ousava aproximar-se do lugar onde o Senhor dava a Sua Lei; no Cenáculo, o Espírito Santo desce sobre aqueles que estão reunidos à espera de que a promessa se cumpra (Ex 19,23; Act 2,1). Inicialmente, o dedo de Deus gravou as Suas leis em tábuas de pedra; agora é no coração dos homens que Ele a escreve (Ex 31,18; 2Co 3,3). Antigamente, a Lei estava escrita no exterior e inspirava medo aos pecadores; agora é interiormente que lhes é dada, a fim de os tornar justos. [...]
Na verdade, como diz o Apóstolo Paulo, tudo o que está escrito em tábuas de pedra, «não cometerás adultério, não matarás, [...], não cobiçarás e outras coisas semelhantes, resumem-se num só mandamento: amarás o teu próximo como a ti mesmo. A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da Lei» (Rm 13,9ss; Lv 19,18). [...] Esta caridade foi «difundida em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5,5).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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