Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Entrevista ao Prelado do Opus Dei: da Missa à vida

O semanário italiano “Famiglia Cristiana”, que difunde 700.000 exemplares mensalmente, entrevistou o Prelado do Opus Dei. A Missa, a fé e os jovens são alguns dos temas que D. Javier Echevarría aborda.

Link para a revista

Na sede central da Prelatura do Opus Dei, que compreende a igreja de Santa Maria da Paz, onde repousa o fundador S.Josemaria Escrivá, entrevistámos o seu sucessor, o Bispo D. Javier Echevarría, por ocasião da publicação do seu livro Viver a Santa Missa (click para 15 min de áudio do livro).


D. Javier
, colocar a Missa no centro da jornada é um formoso desafio. Porque é que vale a pena dar prioridade à Missa e qual é o segredo para a viver bem? 

A Missa é acção de Deus, que nos permite participar na paixão, morte e ressurreição de Cristo, não como espetadores ou observadores, mas como co-protagonistas. Por isso, no título do livro quis usar a expressão “viver” a Santa Missa, que expressa bem o envolvimento total, humano e espiritual, que a Missa exige.


No seu livro fala do perigo do ritualismo. Como o podemos evitar?


Ritualismo significa esquecer o conteúdo do que acontece sobre o altar. Que faríamos se nos dissessem: “hoje tens oportunidade de estar no Calvário junto de Jesus”?; ou “hoje encontrar-te-ás com Cristo ressuscitado”. Nesses casos, como nos prepararíamos? E, pelo contrário, como nos preparamos para a Missa?


D. Javier viveu mais de 20 anos junto de S.Josemaria. Que aspeto da sua personalidade o surpreendia mais?  


S.Josemaria sabia amar as pessoas de um modo extraordinário. Bastava-lhe um olhar para compreender as necessidades de cada um. Tinha essa intuição que só as mães possuem. Ao mesmo tempo, era um verdadeiro pai; não nos ensinava nada se antes não no-lo tinha mostrado com o seu exemplo. Era evidente que era um sacerdote que procurava o Senhor em todos os momentos.


Como celebrava a Missa? 


Tinha plena consciência de que na Eucaristia o protagonista é Cristo, não o sacerdote. Isso levava-o a celebrar o rito fielmente, sem procurar originalidades, de forma que só Jesus brilhasse, não ele. Dizia que para ele a Missa era “um trabalho” que lhe requeria grande esforço, um esforço por vezes extenuante, dada a intensidade com que o vivia. Em cada pequeno gesto sabia transmitir todo o sentido sobrenatural da celebração.


A Missa continua na vida?


A Missa não termina com a celebração. Acompanha-nos todo o dia. O alimento material nutre-nos porque o transformamos em parte de nós mesmos, mas a Eucaristia – alimento espiritual – transforma-nos em Jesus. Dessa forma, o nosso dia unido ao Sacrifício do altar, transforma-se numa Missa contínua que converte tudo o que fazemos – o trabalho, o descanso, as relações familiares e sociais – numa obra agradável a Deus.


Em que consiste o Opus Dei?

O Opus Dei na Igreja tem a tarefa de recordar que os baptizados estão chamados à santidade através da vida quotidiana. S.Josemaria dizia que há algo divino escondido nas situações mais comuns e que cabe a cada um de nós descobri-lo. Nenhuma ação humana pode ser obstáculo para a amizade com Deus. Mais, é precisamente nas circunstâncias do dia a dia onde Deus nos chama para que O encontremos.


A prelatura do Opus Dei no mundo, pode equiparar-se a uma grande diocese global que depende diretamente do Papa?


Essa afirmação poderia causar algum mal-entendido, dando azo a pensar, por exemplo, que a prelatura pessoal é uma Igreja particular separada da Igreja local. Pelo contrário, a Prelatura está ao serviço da comunhão entre as Igrejas locais e o trabalho que realizam os fiéis do Opus Dei, leigos e sacerdotes, supõe sempre uma colaboração ativa com cada diocese. Os fiéis leigos do Opus Dei dependem também do Bispo local, do mesmo modo que os restantes católicos.


Depois do fundador, S.Josemaria Escrivá e do seu primeiro sucessor, D. Álvaro del Portillo, de quem está em curso o processo de beatificação, há quinze anos que o D. Javier dirige a Obra. Como vive a herança dos santos?


Quando se vive com pessoas santas, compreende-se qual é o segredo para ter paz no coração: manter um diálogo constante com o Senhor. Assim, por muito evidentes que sejam as nossas carências, os nossos defeitos, Ele estará sempre ao nosso lado, disposto a ajudar-nos. Este “fator Deus” é o que distingue a vida do cristão, tornando-o imune a tantas preocupações e angústias que afligem o homem contemporâneo.


Poderia contar algum episódio inédito da vida de S.Josemaria?


Ajudava frequentemente S.Josemaria enquanto celebrava a Missa. Impressionou-me a primeira vez que me pediu que rezasse para que nunca se acostumasse a celebrar uma ação tão sublime. É algo que me repetiu com frequência.


Em que direção se difunde atualmente a presença do Opus Dei?


Graças a Deus, há fiéis e cooperadores do Opus Dei nos mais variados lugares do mundo; desde os arranha-céus de Wall Street às favelas do Brasil. Em todas as partes se sente uma grande sede de Deus. Também em diversas cidades da China há fiéis da Prelatura. No ano passado começou o trabalho apostólico estável da Obra na Indonésia e há outros países de população maioritariamente muçulmana onde o Opus Dei também está presente graças aos fiéis que têm que para lá viajar por motivos profissionais. Não faltam desafios no Médio Oriente, na Terra Santa e no Líbano, bem como em África: penso agora na Costa do Marfim e também no Congo e na Nigéria. Em todas as partes, os problemas superam-se graças a uma fé vivida de modo concreto, pensando no bem comum, com uma atitude de fundo construtiva que permita superar as diferenças.


Como vê a difusão da fé no mundo atual?


Atualmente fazem falta testemunhos. Perante o relativismo que parece impor-se no Ocidente, bem como perante as divisões, guerras e pobreza que açoitam diversas áreas do mundo, fazem falta pessoas dispostas a arregaçar as mangas e a mostrar a realidade do Evangelho, não com discursos ou teorias, mas na vida de todos os dias.


Como é a relação do Opus Dei com o mundo dos jovens?


Quando S.Josemaria começou a Obra, tinha ao seu lado apenas um grupo de jovens universitários e trabalhadores. As atividades de formação com os jovens são uma das nossas prioridades. Existem em Itália e em todo o mundo numerosas residências universitárias e centros culturais em que rapazes e raparigas encontram oportunidades para crescer humana e espiritualmente, aprendendo a estudar e a ser bons amigos, enriquecendo a sua personalidade, formando um espírito crítico e construtivo e comportando-se como filhos de Deus. Este trabalho educativo realiza-se sempre com a colaboração das famílias. Mais, são principalmente os pais que pertencem ao Opus Dei que promovem escolas, clubes juvenis e outras iniciativas que possam ser úteis aos seus próprios filhos; assim acontece, por exemplo, em muitas cidades italianas.

        http://www.opusdei.pt/art.php?p=42863

Nota de JPR: a entrevista está redigida já ao abrigo do novo acordo ortográfico

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