Os bispos católicos de Portugal publicaram esta Terça-feira uma mensagem colectiva de Natal na qual apelam à mobilização da Igreja perante as “circunstâncias dramáticas para muitas pessoas e famílias” do país.
“Torna-se urgente redescobrir o verdadeiro e concreto significado da caridade cristã numa variedade de propostas e intervenções imediatas de proximidade”, assinalam.
O documento da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), divulgado no final do encontro do Conselho Permanente que decorreu hoje no Porto, sublinha que “a crise actual veio tornar ainda mais visíveis dramas sociais já antigos e provocar outros que pareciam de todo improváveis”.
Para os responsáveis católicos, “a crise não só tornou mais patentes as grandes carências das pessoas e famílias pobres e excluídas, como aumentou, gravemente, o número das que, por via do desemprego, perderam os seus níveis de rendimento e o seu estatuto social, caindo em situações que, outrora, não se imaginavam possíveis”.
“Por esse ou outros motivos, cresceu, a um nível preocupante, o número dos «novos pobres» forçados à humilhação de assim se exporem, uma situação que muitos têm dificuldade quase inultrapassável de superar”, lamenta a mensagem colectiva dos Bispos.
Entre as causas das crises, o documento aponta “os poderosos interesses incontroláveis, nacionais e transnacionais, a falta de coragem e verdade governativas, os exagerados interesses individuais, a desregulação dos mercados, a circulação descontrolada de capitais”.
O texto lamenta atitudes e situações como “injustiças e desigualdades gritantes, desemprego e frustrações pessoais e colectivas, pobreza e exclusão social que «bradam aos céus», manifestações de violência doméstica e colectiva, propensão difusa para o derrotismo, cultura do individualismo, falta de aplicação ética no domínio público”.
A CEP aponta ainda o dedo a “muitas forças” que se limitam à “contestação sistemática da ordem vigente”, sem formularem “propostas consistentes e sem experimentarem, no concreto, as suas opções, tornando a governação do mundo e do país muito difícil”.
Perante o actual cenário de crise, os bispos pedem respostas “a partir do nível local”, promovendo “o conhecimento de todas as situações de carência” e “a procura das respectivas soluções, mesmo provisórias”.
“A gravidade extrema da crise actual e a nossa corresponsabilidade perante ela tornam imperioso o empenhamento sério de todos, nomeadamente pelo diálogo social, pela negociação colectiva e pela concertação”, refere a mensagem colectiva de Natal.
Para a CEP, todos são chamados a assumir uma nova atitude “na família, no trabalho, na vida associativa, na participação política", bem como "na valorização da escolaridade e da imprescindível liberdade de ensino" e na "acção solidária a favor das pessoas mais pobres e excluídas”.
Aos católicos, em particular, é pedida a “a criação e o funcionamento dos grupos paroquiais de acção social, em colaboração com a Cáritas, as Conferências de S. Vicente de Paulo e outras instituições”.
Apela-se ainda para o aproveitamento do Fundo Social Solidário, recentemente aprovado pela Conferência Episcopal, que “poderá funcionar como pólo dinamizador da acção conjunta a desenvolver”.
“Que os pobres experimentem a ternura da Igreja em Portugal, através de gestos concretos de partilha e solidariedade”, deseja a CEP.
A mensagem assinala que "todas as crises são desafio a ultrapassar os nossos comodismos em favor dos mais carenciados". Nesse sentido, observam os bispos, "a celebração do Ano Europeu do Voluntariado em 2011 é uma ocasião propícia para estreitar laços com os mais necessitados, em gestos e atitudes de serviço gratuito".
(Fonte: site Rádio Vaticano)
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