São Bernardo (1091-1153), monge cistercense e Doutor da Igreja
Sermão 1 para o Advento, 7-8 (a partir da trad. Orval)
«É da vontade de vosso Pai que está no Céu que não se perca um só destes pequeninos»
«Vede: é o Senhor em pessoa que vem de longe» diz o profeta (Is 30, 27). Quem poderia duvidar disso? Era preciso que houvesse, no início, qualquer coisa grandiosa, para que a majestade de Deus Se dignasse descer de tão longe para um sitio tão indigno Dela. Sim, efectivamente, havia aí qualquer coisa de grandioso: a Sua grande misericórdia, a Sua imensa compaixão, a Sua abundante caridade. Com efeito, com que objectivo julgamos nós que Cristo veio? Encontrá-lo-emos sem dificuldade, pois as Suas próprias palavras e os Seus próprios actos nos revelam claramente a razão da Sua vinda. Ele veio das alturas para procurar a centésima ovelha desgarrada.
Ele veio por nossa causa, para que as misericórdias do Senhor aparecessem com maior evidência, bem como as Suas maravilhas a favor dos filhos dos homens (Sl 106, 8). Admirável condescendência de Deus que nos procura, e grande dignidade do homem que é assim procurado! Se este se quer glorificar, pode fazê-lo sem loucura, não que por si mesmo possa ser o que quer que seja, mas porque Aquele que o criou o fez assim grande. Com efeito, todas as riquezas, toda a glória deste mundo e tudo o que se pode desejar, tudo isso é pouca coisa e mesmo nada em comparação com esta outra glória. «Que é o homem, Senhor, para que faças caso dele e ponhas nele a Tua atenção?» (Jb 7, 17).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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