D. António Vitalino anuncia medidas com que a diocese pretende responder às carências económicas
O bispo de Beja qualifica de “cegas” algumas alíneas do Orçamento de Estado e afirma que as entidades financeiras são parcialmente culpadas pela situação económica aflitiva vivida pelas famílias que recorreram a empréstimos.
“As mesmas instituições que antes facilitaram e quase impuseram o crédito, agora estão a mandar executar salários, tantas vezes o último e magro recurso para a subsistência de famílias inteiras”, escreveu D. António Vitalino na mensagem de Advento.
No entender do presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, essas entidades, públicas ou privadas, “tendo a sua quota-parte de responsabilidade pela situação, deveriam participar activamente da renegociação das dívidas”.
“Diariamente – enuncia o texto – somos bombardeados com notícias de corrupção, de leis pesadas para uns e clientelistas para outros, de pessoas que batem à nossa porta e das instituições da Igreja, pedindo ajuda para dificuldades na família, na escola, no emprego, a par de muitas outras que a vergonha as impede de manifestar.”
O documento, intitulado “Tempo novo e vida nova - Como celebrar o Advento em 2010?”, pede às comunidades para estarem atentas às necessidades das famílias, “muitas vezes atingidas pelo desemprego de algum dos seus membros, ou até de todos”.
O prelado de 69 anos anuncia algumas das medidas com que a diocese de Beja pretende responder às carências económicas, como é o caso da adaptação das antigas instalações da Casa Episcopal para aumentar as valências da Caritas local, especialmente na área do alojamento de passantes sem recursos e do refeitório social.
“Lanço um novo apelo para não apenas colaborarmos com o Fundo Social Solidário”, instituído pela Conferência Episcopal Portuguesa, “mas também para continuarmos a ajudar o Fundo Social de Emergência”, criado pela diocese, pede o bispo.
D. António Vitalino evoca a generosidade dos portugueses e destaca a sensibilidade crescente de instituições civis e eclesiais em relação aos pobres, nomeadamente através do Banco Alimentar Contra a Fome, do Fundo Social Solidário e da reorientação para cabazes de Natal de verbas municipais antes destinadas às “iluminações e propagandas dispendiosas”.
O prelado quer que a dimensão espiritual contribua para a melhoria das condições de vida dos mais desfavorecidos: “Como acreditamos que nem só de pão material para a boca vive a pessoa humana, estamos também a incrementar um Plano Pastoral sobre a Palavra de Deus, conscientes que esta nos ajuda a descobrir a dignidade e a vocação de todo o ser humano”.
“Estejamos vigilantes e atentos”, “sem pisar ou deixar ninguém para trás”, convida D. António Vitalino, para quem “as convicções dos crentes” e a palavra de Cristo, “que bate à nossa parte e quer nascer em cada um de nós, são fermento de renovação da nossa sociedade”.
(Fonte: site Agência Ecclesia)
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