A menos de um ano da realização da Jornada Mundial da Juventude em Agosto do ano que vem em Madrid, o trabalho dos organizadores e milhares de voluntários centra-se na comunicação através das redes sociais e na obtenção de fundos através da Internet, com sobriedade e solidariedade como sinal de um tempo de crise económica.
Se nas JMJ de Colónia e de Sydney começaram a ser utilizadas de maneira sistemática as novas tecnologias: blogues, sites, etc., é na JMJ de Madrid que entram em jogo efectivamente todos os recursos tecnológicos disponíveis. E isto tanto para a comunicação por parte da organização com os jovens como para a promoção da JMJ por todo o mundo, passando pela criação de novas e originais maneiras de obter fundos
A denominada pelos peritos como "revolução silenciosa", devido à mobilização de milhões de jovens com um objectivo espiritual e não só recreativo, já inundou também o mundo ilimitado da Internet e em especial das múltiplas redes sociais em que interagem e convivem milhões de jovens.
A utilização das redes sociais
Se, como declara Yago de la Cierva, Director executivo da JMJ Madrid 2011, "um dos principais objectivos do ponto de vista da comunicação é que a mensagem chegue a quem tem que chegar", a Internet e as redes sociais tornaram-se um aliado essencial da JMJ. Daí o lançamento de perfis de Facebook em mais de 18 línguas que ultrapassam já os 200.000 de seguidores ou no Tuenti - criado mais recentemente - com mais de 5.000, no Twitter e outras redes sociais como Orkut, a rede social do Google utilizada por mais de metade da população brasileira. Todo isto sob a tutela do web institucional www.madrid11.com , da qual se pode aceder a toda a informação relativa à JMJ: notícias, recursos, explicações, dádivas, patrocinadores, etc.
"Há sempre alguém a trabalhar pela JMJ nas 24 horas do dia", assinala Marieta de Jaureguizar, responsável da imprensa da JMJ Madrid 2011. Para conseguir isso, nos perfis da Internet trabalham à volta de 70 community managers, pessoas que voluntariamente se ofereceram para gerir a comunicação com os milhares de seguidores que interagem através destes canais. "Ter as redes sociais como o principal canal de comunicação implica - segundo de la Cierva - que os meios não são tão importantes, que o trabalho de um não é suficiente e que é imprescindível dedicar muito tempo a escutar e a seguir o que nos diz a comunidade".
A organização da JMJ converte-se num exemplo claro que a revolução 2.0 não consiste em utilizar novas tecnologias, mas sim em adaptar-se a elas e entender que os verdadeiros protagonistas da tal revolução são as pessoas, no caso da JMJ, os jovens, que podem de qualquer lugar do mundo ajudar e participar activamente em todas as suas actividades e na própria difusão da JMJ.
Donativos pela Internet e SMS
Mas se a Internet se converteu numa ferramenta chave do ponto de vista da comunicação, também se tornou uma forma muito efectiva de obter fundos. A organização da JMJ Madrid 2011 apresentou há dias a página web wwwmuchasgracias.info, através da qual se podem realizar todo o tipo de dádivas. A novidade radica em que o sistema é semelhante a uma lista de casamento em que os doadores podem escolher o destino do seu dinheiro. "A maneira de fazê-lo é tão simples como comprar um livro pela Internet", explica Borja Ezcurra, Director de patrocínios da JMJ.
As categorias da web são seis: acolher as pessoas com incapacidades, actividades culturais, fundo de solidariedade, objectos litúrgicos, organização e logística, e voluntários. E inclusivamente cada categoria se subdivide noutras tantas. No caso por exemplo, do acolhimento de pessoas com incapacidade por um lado existe a possibilidade de destinar o dinheiro para o transporte e tecnologia para a comunicação de deficientes físicos ou mentais, ou melhor destiná-lo a intérpretes e tecnologia para o acolhimento de deficientes auditivos.
Além desta janela na Internet para que todo aquele que pode ajudar economicamente possa fazê-lo facilmente, a JMJ Madrid 2011 chegou a um acordo com as três principais empresas de telecomunicações que operam em Espanha para criar um sistema de envios de SMS cujo custo (1,2 euros por mensagem) se destina integralmente ao Fundo de Solidariedade da JMJ. O procedimento consiste em enviar uma mensagem SMS com as siglas "JMJ" para o número 28004. Ao fim de uns segundos o doador receberá uma mensagem de agradecimento pela sua colaboração.
"Gastaremos o mínimo indispensável"
A sociedade atravessa um momento económico crítico e por isso JMJ decidiu fazer da solidariedade e da sobriedade a sua bandeira. "Gastaremos o mínimo indispensável para poder oferecer o que temos que oferecer" assinala Fernando Giménez Barriocanal, Director Financeiro da JMJ.
No meio de uma crise existe a tentação de pensar que os gastos de uma JMJ são desnecessários e podiam destinar-se a fins assistenciais, mas para os organizadores e impulsionadores da JMJ "não há nada mais assistencial que a JMJ, pelo efeito catalisador que tem na generosidade e vocação de serviço da juventude", um argumento válido tendo em conta que a actual crise económica segundo muitos especialistas é precedida por uma crise de valores. Em qualquer caso, do ponto de vista económico, a JMJ também suporá uma revitalização importante e um reforço da marca "Madrid" como organizadora de eventos internacionais de primeira categoria.
Um acontecimento do alcance que tem uma Jornada Mundial da Juventude supõe pela sua magnitude um custo económico importante e calculá-lo com exactidão é uma missão impossível. Do ponto de vista de afluência de gente e de organização poderia assemelhar-se à organização de um Mundial de Futebol.
Como se paga a JMJ?
Os gastos da JMJ custeiam-se principalmente por duas vias: As quotas de participação dos jovens que pagam uma contribuição para cobrir os gastos; e os donativos de empresas e particulares. A Organização criou um Fundo de Solidariedade para ajudar a custear a participação daquelas pessoas de países com maiores problemas económicos. Na contribuição de cada pessoa inscrita inclui-se um donativo de 10 euros para esse fundo.
As empresas que patrocinam a JMJ ajudam com dinheiro e em espécie como manifestação da sua responsabilidade social, e em troca da visibilidade nos actos, cartazes, publicações, etc. Uma novidade desta JMJ é a criação da denominação Empresa Madrid 2011 que se concede às empresas que dão cada mês 2011 euros em numerário ou em espécie à Organização. Entre as empresas que já se juntaram como sócios e patrocinadores da JMJ encontram-se: El Corte Inglés, a Telefónica, o Banco Santander, a Fundación Marcelo Botín, a Fundación Alares, a Ibéria, a Magnificat, a Madrid Vivo e a OHL.
Os donativos pequenos ou grandes de muitas pessoas de todas as idades supõem sempre também um contributo importante que pode fazer-se através de www.muchasgracia.info ou então através de transferências bancárias nas contas correntes que dispõe a organização.
Além disso, a Jornada Mundial da Juventude foi declarada Acontecimento de Excepcional Interesse Público na Lei do Orçamento Geral do Estado 2010, aprovado pelas Cortes em Dezembro de 2009. Esta figura jurídica permite aos promotores de eventos de interesse geral celebrados em Espanha conseguir a colaboração de pessoas e empresas patrocinadoras, que beneficiam de deduções fiscais estabelecidas na Lei de Regime Fiscal das entidades sem fins lucrativos e incentivos ao mecenato. O consórcio que revê a participação dos patrocinadores foi constituído formalmente no passado dia 30 de Setembro. Nesta entidade estão representantes do Governo, da Comunidade de Madrid e da Câmara da capital, assim como o Arcebispo de Madrid, organizador da Jornada.
Como em qualquer outro evento de magnitude importante, as distintas Administrações Públicas proporcionam também os serviços correspondentes de segurança, limpeza e transporte, ainda que, como atesta a experiência, este tipo de encontros costumem ser levados a cabo de maneira ordenada e pacífica.
Álvaro Lucas
Aceprensa
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