Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A ESCRITA ORANTE

Estava cansado!
A vida parecia que já não tinha nada para lhe dar!
Não lhe apetecia fazer nada e a única coisa que ainda lhe sabia bem, que ainda o entusiasmava de alguma maneira, era escrever.

Enquanto assim pensava, ia pedindo perdão a Deus por se sentir tão sem metas, tão indiferente a tudo e até a si próprio.

Sim, porque no seu íntimo ele sabia que isto era coisa passageira, era coisa que não condizia consigo e muito menos com a fé que vivia e queria viver.

A sua fé era uma fonte de esperança, de ânimo, de confiança, o que não podia estar mais em desacordo com aquilo que agora sentia.

Por isso mesmo decidiu pegar no papel, ou melhor no teclado do computador e escrever.
Escrever sem nenhum fim específico, deixando-se levar pelas palavras que ia escrevendo, ou melhor ainda, deixando que Deus lhe falasse através das palavras que fossem surgindo aos seus olhos e sobretudo ao seu coração.

Que coisa estranha, porque normalmente quando escrevia, tinha no seu pensamento um “esqueleto” daquilo que ia escrever, tinha sempre um princípio e um fim, e à medida que escrevia ia surgindo o “meio”.
Mas agora não, escrevia apenas aquilo que lhe ia surgindo á medida que escrevia!

O que iria afinal sair como texto, desta escrita sem principio, nem fim?

As palavras iam aparecendo na sua cabeça, até talvez mais rápidas que a sua capacidade de escrever.
Sentiu que algo o incitava a não parar de escrever e a continuar a alinhar as palavras na folha branca que lhe aparecia aos olhos, no computador.

O seu corpo que ao princípio estava dobrado, mole, quase num adormecimento, começou a endireitar-se na cadeira e agitar-se na necessidade de escrever.

Aquela má disposição, aquele cansaço inexplicável, aquela sensação de nada ter e nada querer, iam dando lugar a uma vontade de explicar o que se ia passando dentro de si naquele momento.

Escrevia e vinha-lhe ao pensamento uma pergunta que quase lhe apetecia fazer em voz alta:
Estás aí Senhor?

Curiosamente parecia-lhe que em vez de ouvir palavras, (ouvir no coração claro), apenas “ouvia” um Sorriso.
Mas que é isto de “ouvir” um Sorriso, pensou ele, quando leu as palavras que tinha escrito?

É que o Sorriso era uma presença, uma brisa suave que lhe passava no coração, e o fazia sentir como alguém, como pessoa, como parte importante de alguma coisa, mas que ele não sabia definir.

Fechou os olhos por um momento e parou de escrever!

No seu pensamento, no seu coração, em todo o seu ser apenas aparecia uma frase: filho de Deus!

Ele perguntou-se:
filho de Deus?
E então sentiu, mais do que ouviu:
Sim, filho de Deus! Tu és filho de Deus!

Ele pensou e respondeu:
Claro que sou filho de Deus, eu sei! E depois o que traz isso de novo agora?

Sentiu outra vez uma resposta:
Se és filho de Deus, tens uma família, a maior família que existe, que é a família dos filhos de Deus, que é a família de Deus.
Olha, que é a família do Reino de Deus!

Começou a sentir-se diferente, mais animado, mas mesmo assim perguntou:
E depois, o que há de novo em ser da família do Reino de Deus?

Então o Sorriso abriu-se e disse-lhe:
Não sabes tu que o Reino de Deus é sempre novo? Não sabes tu que o Reino de Deus não dispensa nenhum dos seus filhos? Não sabes tu que no Reino de Deus por muito que tenhas feito, tens sempre mais a fazer? Não sabes tu que aos olhos de Deus tu és o mais importante, tão mais importante como todos os outros são os mais importantes? Não sabes tu que Ele está sempre contigo, que Ele está sempre com todos?

Sim eu sei, respondeu, começando a compreender.

O Sorriso continuou:
Então se sabes como podes tu estar desanimado, ou a pensar que a vida já não tem nada para te dar? Já perguntaste a ti próprio o que tens tu para dar à vida? À tua e às dos outros com quem te cruzas? Como podes tu acreditar que Eu estou contigo e estares desanimado?

Quem sou Eu? Perguntou então o Sorriso!

Como num impulso, escreveu:
Tu és o Caminho, a Verdade e a Vida!

Então o Sorriso tomou conta de si!
Abriu-lhe a vontade de viver, trouxe-lhe o ânimo de testemunhar, colocou em si a importância do seu ser filho de Deus, e percebeu então, mais uma vez, que era muito, muito amado pelo Amor e que isso era mais importante do que tudo o resto.

Foi então que se me esgotaram as palavras que estou a escrever, porque a oração estava feita e tinha sido ouvida!

Monte Real, 24 de Agosto de 2010

Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.com/2010/08/escrita-orante.html

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