
Os padres católicos de Portugal têm uma perspectiva mais positiva sobre as novas tecnologias da comunicação do que os sacerdotes do resto do mundo.
Os dados, disponibilizados em exclusivo para a Agência ECCLESIA, são revelados pelo inquérito PICTURE, que analisou a utilização das Tecnologias da Comunicação (TIC), e da Internet, em particular, pelos padres da Igreja Católica no mundo.
Daniel Arasa, professor de Comunicação Digital na Universidade Pontifícia da Santa Cruz (Roma), refere à Agência ECCLESIA que “os sacerdotes portugueses que utilizam as tecnologias (denominados ePriests no estudo, ndr) têm uma visão mais positiva e entusiástica” do que os do resto do mundo.
Em Portugal, 64,1% das respostas ao inquérito mostravam discordância em relação à afirmação “os perigos ligados à tecnologia são maiores do que as oportunidades que ela oferece”.
A percentagem é muito superior à média mundial, que se situa nos 38,2%.
Ao contrário da tendência global, são poucos os padres em Portugal que consideram a Internet “quase inútil” ou “inútil” para oferecer conselhos espirituais (apenas 17,6% contra 38,6% no resto do mundo). 47,1% consideram-na “útil” ou muito “útil”.
Além disso, mais de três quartos dos ePriests de Portugal (78,6%) concordam ou concordam fortemente com a afirmação de que "as novas tecnologias permitem a inculturação da fé no mundo de hoje".
95.5% dos ePriests portugueses acedem à Internet diariamente, uma percentagem ligeiramente superior à média mundial (94,7%).
90,9% têm acesso a um portátil e 81,8% têm um PC. O acesso por meio de outras tecnologias móveis varia de 88,6% nos telemóveis a 68,2% das câmaras digitais, 36,4% nos leitores demp3 e 18,2% de outros dispositivos portáteis.
Responderam ao questionário 4992 sacerdotes - 1,2% do número total dos sacerdotes no mundo – dos quais 44 portugueses, ou seja, 1,1% total. A idade média dos padres cibernautas portugueses está nos 52 anos.
A Internet é um recurso altamente valorizado por estes sacerdotes para preparar as actividades de pregação. 70,0% das respostas admitem a pesquisa de materiais online para a homilia pelo menos uma vez por semana (em comparação com 61,4% na média mundial).
Segundo Daniel Arasa, os sacerdotes portugueses têm uma utilização “semelhante à dos ePriests do resto do mundo”, mas há alguns dados que apontam para um “nível mais alto de tecnologização e familiaridade com as tecnologias digitais”.
Nesse sentido, acrescenta, mostram-se “mais partidário do seu uso para algumas actividades específicas da missão sacerdotal”.
Entre os dados relevados pelo inquérito surge a constatação de que os sacerdotes portugueses usam mais a Internet para rezar: 51,1% fazem-no pelo menos uma vez por semana (35,9% no resto do mundo).
O inquérito PICTURE foi preparado por NewMinE – New Media in Education, e pelo laboratório webatelier.net da Universidade da Suíça italiana (Lugano, Suíça), em colaboração com a Escola para as Comunicações Eclesiais da Universidade Pontifícia da Santa Cruz (Roma), como apoio da Congregação para o Clero (Santa Sé).
Daniel Arasa acredita que o estudo pode “ajudar a pensar e programar planos de estudo e de formação para os sacerdotes e candidatos ao sacerdócio”.
Para o professor de Comunicação Digital na Universidade Pontifícia da Santa Cruz (Roma), a questão não é tanto “oferecer conhecimentos técnicos”, mas “critérios de uso e linhas de actuação para poder melhorar a própria actividade sacerdotal e formar as outras pessoas que estejam sob a sua orientação educativa”.
Ficha técnica:
PICTURE estuda a utilização das Tecnologias da Comunicação (TIC), e da Internet em particular, pelos sacerdotes da Igreja Católica no mundo. PICTURE não pretende ser uma resposta para a pergunta “quantos sacerdotes usam TIC?” O objectivo da pesquisa é oferecer um quadro sobre quais são as actividades religiosas que os sacerdotes fazem online, e qual é o comportamento deles diante das tecnologias digitais. PICTURE estuda somente sacerdotes que tem acesso à Internet, denominados “ePriests”.
PICTURE foi preparado por NewMinE – New Media in Education, e pelo laboratório webatelier.net da Università della Svizzera italiana (Lugano, Suíça), em colaboração com a Escola para as Comunicações Eclesiais da Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma), com o apoio da Congregação para o Clero.
Responderam ao questionário 4992 sacerdotes, 1,2% do número total dos sacerdotes no mundo (fonte: Congregação para o Clero, 2007): 6,6% dos questionários foram preenchidos em papel (328) e 93,4% online (4664). As respostas vieram de 117 países, espalhados em todos os continentes: 54,6% da Europa, 37,3% da América, 3,9% da Ásia, 2,6% da África e 1,6% da Oceânia.
A percentagem das respostas da Europa, América e Oceânia foi superior à percentagem dos sacerdotes presentes naquela área; enquanto que a Ásia e a África foram pouco menos representadas.
A pesquisa pretendia recolher depoimentos de 1% dos sacerdotes católicos, considerados em proporção ao país onde desempenham o seu trabalho pastoral. A recolha dos dados começou a 15 de Novembro de 2009 e terminou a 28 de Fevereiro 2010. O questionário, estava à disposição em 7 línguas (Inglês, Francês, Italiano, Polaco, Português, Espanhol e Alemão), foi preenchido online e em papel.
Para ter uma grande distribuição, os questionários foram difundidos de várias maneiras: todas as Conferências Episcopais do mundo foram contactadas via email e por correio; todas as dioceses dos 50 países com maior número de sacerdotes e religiosos foram contactados também via email.
O questionário foi também divulgado através de muitas agências católicas. Para prevenir erros e fraudes, a pesquisa foi difundida somente através da Agências Católicas e todos os acessos na Web foram monitorizados constantemente. O questionário era anónimo, mas muitos sacerdotes escreveram o nome e os seus dados.
(Fonte: site Agência Ecclesia AQUI)
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