Porque é que a Igreja insiste em baptizar as crianças pouco tempo depois de elas nascerem? Não será isto um atentado contra a sua liberdade? E se mais tarde não quiserem seguir a religião Católica? Não será muito mais sensato esperar que cresçam e nessa altura escolham livremente a religião que desejam praticar?
São muito comuns, nos dias de hoje, estas perguntas. E não somente as perguntas. Também está a tornar-se comum – infelizmente – atrasar o baptismo com o argumento de que é preciso respeitar a liberdade das crianças. Com essa mesma “lógica”, os pais não deveriam escolher arbitrariamente um nome para os seus filhos – seria mais respeitador da sua liberdade que mais tarde os próprios escolhessem. Também seria contra a liberdade dos filhos obrigá-los a ir à escola, a arrumar o quarto ou, em geral, a portarem-se bem. Quem são os pais para imporem aos seus filhos aquilo que consideram que é o bem ou o mal? Não será que essa atitude pode gerar-lhes traumas na infância que dificultarão o exercício da sua liberdade sem nenhum tipo de limites?
Que tal, neste momento, pormos os pontos nos ii? O problema de fundo não é o baptismo nem a liberdade. O problema de fundo é a falta de fé de alguns pais no que significa para o seu filho ser baptizado. Actualmente, vê-se muitas vezes o baptismo como uma simples festa de apresentação aos familiares e amigos da criança que acaba de nascer. Dá-se mais importância a aspectos exteriores como a escolha “cuidadosa” dos padrinhos – não com a finalidade de que saibam zelar pela fé do afilhado, mas com o “critério” de que sejam pessoas amigas que não se esqueçam de dar presentes nos momentos oportunos.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica diz-nos que é precisamente o desejo de que os filhos sejam livres que leva os pais a pedirem o baptismo pouco depois de eles nascerem. Pergunta nº 258: “Porque é que a Igreja baptiza as crianças?”. Resposta: “Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus”.
Se uma pessoa possui de verdade a fé católica – ou seja, se acredita naquilo que nos disse Nosso Senhor Jesus Cristo – sabe que todos nascemos com uma doença espiritual que se chama pecado original. Também sabe que essa doença tem cura – uma cura infalível que é o baptismo. Também sabe que essa cura não foi “inventada” pela Igreja, mas foi instituída por Jesus Cristo, que, com a sua morte na Cruz, nos alcançou a libertação do pecado e a gloriosa liberdade de filhos de Deus. Também sabe que o baptismo é necessário para a salvação porque assim o disse, sem papas na língua, o próprio Jesus: “Quem crer e for baptizado será salvo; mas quem não crer, será condenado” (Mc 16, 15).
Resumindo: o problema dos atrasos no baptismo não está tanto no respeito pela liberdade das crianças, mas sim na falta de fé de muitos pais que se “esquecem” da importância que possui este sacramento para a salvação dos seus filhos.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
1 comentário:
Sou católica “praticante” e tenho dois filhos que não são baptizados. Rezo com eles todos os dias e vão à missa semanalmente os 15 dias de vida. Não os baptizo por muitas razões mas garanto-lhe que nada tem a ver com o respeito pela “liberdade” deles. Pelo contrário, é por motivos disciplinares. Considero, aliás, uma péssima política da Igreja fazer esse “favor” de forma indiscriminada. Choca-me quando a Igreja se dispõe a pôr ao serviço da afirmação social.
Mas diz o Sr. Padre que eu não tenho fé. Diz ainda que os meus filhos estão doentes do Pecado original.
Ainda bem que não é o Sr. Padre quem olha por dentro do meu coração mas sim Nosso Senhor Jesus Cristo. Não acuse os seus fiéis de não terem fé – ajude-os a conhecerem a Cristo. É a sua melhor contribuição se é que deseja, verdadeiramente, ser servo de Deus e não servo dos costumes ou da Tradição.
Tudo tem valor, mas cada coisa vale o que vale e não mais. Não há nada que o Sr. Padre tenha escrito que encerre, de facto, as questões que põe e início. Assim sendo, observo, mais uma vez, o valor da “data” do baptismo como um valor relativo. Pense bem se deseja mesmo convencer os seus fiéis do contrário. O absoluto é o Amor, a Ressurreição, e muitas vezes, como neste caso, a consciência individual.
Enviar um comentário