Talvez nunca nos tenhamos preocupado tanto com os custos de uma visita papal: quanto custará a de Bento XVI? Só depois o saberemos, e nessa altura, espero, confrontar-se-á com o que rendeu. Já não falo do proveito espiritual e cultural da sua presença, de valor sempre incalculável. Refiro-me ao seu rendimento económico, que também não será de fácil avaliação, pois conta com um voluntariado excepcional, mais abundante e barato do que o de qualquer evento partidário, e porque, gerando mais trabalho, fará lucrar muitas empresas entrosadas no grande acontecimento, com o positivo movimento financeiro daí decorrente. Além disso, virão frutos económicos da imagem que se dará do nosso país, nesses dias tornado centro da atenção mundial. No meio da crise geral, a imagem de um país ordeiro, sereno e alegre, apesar das dificuldades por que passamos, atrairá muita gente «lá de fora» – um país que vale a pena visitar e em que apetece investir.
Para já, a visita está a animar fortemente os meios de comunicação social, fornecendo-lhes um «conteúdo» que vende sempre e bem, sobretudo com as «polémicas» criadas ou empoladas pelos novos moralistas, que ainda ontem repudiavam a homossexualidade e agora a reverenciam; que ontem lamentavam o aborto e hoje o reclamam como um direito; a quem repugna a pedofilia, aplaudindo ao mesmo tempo a educação sexual, que, seguindo as recomendações da União Europeia, começa com experiências libidinosas aos cinco anos. E descobrindo que, afinal, invocam dogmas, quer dizer, verdades absolutas, objectivas e universais, em matéria moral. E lá se vai o seu relativismo e tolerância…
Ou seja: a comunicação social é a primeira beneficiada; simplesmente, avolumando depois qualquer incidente desagradável, para que ela mesma terá contribuído por gosto de sensacionalismo, retirará talvez boa parte da imagem que o nosso povo merece. Apesar disso, o próprio resultado económico será positivo certamente.
Pe. Hugo de Azevedo
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