O Cardeal Hummes, enviado especial do Papa, concluiu o Congresso eucarístico brasileiro
Para ser missionários credíveis é preciso saber bem o que anunciar, assim como para testemunhar a própria fé é necessário vivê-la primeiro. Não usa jogos de palavras o Cardeal Cláudio Hummes que, como enviado especial do Papa, concluiu, a 16 de Maio, o décimo sexto Congresso eucarístico brasileiro. "Cada um, segundo o seu estado e profissão, deve fazer a própria parte na missão de anunciar o Evangelho ao homem de hoje", disse o purpurado diante de milhares de pessoas reunidas em Brasília para os três dias do Congresso eucarístico nacional sobre o tema "Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários".
Será o tempo que irá estabelecer se foi alcançado o objectivo do Congresso "de renovar em todos os católicos do Brasil a identidade de discípulos de Jesus e, a partir desta experiência e prática constante, tornar-se seus missionários". Entretanto, segundo o cardeal, é preciso reacender quanto antes uma obra missionária da qual todos são "destinatários", mesmo se o primeiro lugar compete aos mais "pobres". De facto, "os pobres das periferias das cidades e do campo têm necessidade como nunca de sentir a proximidade da Igreja, quer na ajuda para as necessidades mais urgentes, quer na defesa dos seus direitos e na promoção comum de uma sociedade fundada na justiça e na paz". Também eram pobres os mártires brasileiros, assassinados em 1645, precisamente quando participavam na missa dominical: o cardeal indicou-os porque "não pertencem ao passado mas deveriam ser conhecidos melhor precisamente porque nos ajudariam a compreender e valorizar o domingo cristão".
Segundo o enviado do Papa, "o Congresso confirmou mais uma vez que a Eucaristia é fonte e centro da vida da Igreja e de cada cristão. Nestes dias, participando na Eucaristia e na adoração eucarística de modo mais intenso, pedimos a Cristo que desenvolva em cada um de nós a consciência de sermos seus discípulos, para nos tornarmos também seus missionários. De facto, a Eucaristia é a força do discípulo e da nossa acção na sociedade". E recordou também que para os cristãos "um domingo sem missa não é um domingo completo".
A Igreja está sempre em estado de missão, mas "hoje manifesta-se uma nova urgência. E esta nova missão tem como destinatários pessoas e povos que ainda não são cristãos, mas também os baptizados que já não participam da vida das suas comunidades ou que aderiram a outros credos ou até à total descrença".
Portanto, perante esta nova "urgência missionária, para ser bons missionários é preciso ser bons discípulos. E o discípulo só se forma no encontro pessoal e comunitário com Cristo". É esta a base para uma missão que se destina a todos, sem excluir ninguém. "Por vezes ouve-se dizer que não é importante a quantidade mas a qualidade das nossas comunidades. Errado! É verdade que as comunidades devem ser sempre mais preparadas, vivas e coerentes na fé, mas isto não é suficiente. É necessário levar o Evangelho a todos e não é suficiente conservar as comunidades que temos, mesmo se isto é importante".
Como Prefeito da Congregação para o Clero, exortou os sacerdotes a serem fiéis à sua missão específica. "Neste Ano sacerdotal disse é bom recordar também quanto são indispensáveis e insubstituíveis os presbíteros neste novo compromisso missionário. É claro que todos os cristãos devem ser missionários, mas os sacerdotes desempenham um papel especial, dando vida à missão no território da sua paróquia, escolhendo um grupo de leigos e leigas e formando-os para evangelizar, visitando as famílias". Dirigindo-se directamente aos sacerdotes brasileiros, disse que "a Igreja espera muito de cada um deles nesta missão urgente. Portanto, podeis ter também a certeza de que a missão vos ajudará a sentir-vos mais sacerdotes, a compreender melhor a vossa identidade e a ser mais felizes no vosso ministério. A missão precisa de todos vós. Sem vós, pouco ou nada acontecerá".
O Cardeal Hummes advertiu em seguida para não considerar o Congresso eucarístico um bonito acontecimento finalizado a si mesmo, que depressa é arquivado. Ao contrário, precisamente pela grande participação popular, tendo em primeira fila um laicado cada vez mais consciente e partícipe, deve constituir a rampa de lançamento para uma renovada e minuciosa acção missionária. "Precisamente a partir da Eucaristia conclusiva deste Congresso afirmou queremos ir resolutamente em missão. Mas estamos ao mesmo tempo conscientes de não poder fazer nada sem Jesus Cristo. Esta certeza tem uma ressonância particular neste momento no qual a Igreja está a viver uma crise difícil". Mas há também a consciência de que "tudo na Igreja se ordena para a Eucaristia e em volta da Eucaristia. É necessário, portanto, retomar com ímpeto a obra apostólica para procurar conduzir muitas outras pessoas para Cristo".
(© L'Osservatore Romano - 29 de Maio de 2010)
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