«Só é precisa uma pequena ajuda para que a ajuda seja enorme», diz Isabel Jonet
“Peço às pessoas que, uma vez mais, sejam solidárias e que apareçam, dando trabalho, produtos e as suas contribuições, porque só é precisa uma pequena ajuda para que a ajuda seja enorme.”
Este é o apelo deixado pela presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, a poucas horas do arranque da campanha de recolha de alimentos que se realiza este Sábado e Domingo.
Mesmo que cada contribuição seja diminuta, o seu alcance “é enorme porque a solidariedade, quando organizada e em comum, pode ter um efeito multiplicador”, salientou a responsável em entrevista à Agência ECCLESIA.
Isabel Jonet considera que a sociedade portuguesa atravessa um “período especialmente difícil”, com especial incidência nos mais necessitados: “As medidas que tornam mais restritivos os acessos a subsídios ou a prestações sociais, e ainda este acréscimo do IVA, vão dificultar a vida de muitas pessoas”.
A presidente dos Bancos Alimentares defende que a solidariedade deve ser um ponto de partida para uma futura emancipação dos beneficiários face às ajudas, mas muitas vezes não é possível encontrar formas de subsistência.
“É certo que se deve promover a autonomização, mas existem muitas pessoas para quem o acesso ao mercado de trabalho está negado pela idade e pela falta de qualificações”, exemplifica Isabel Jonet.
O combate às situações de acomodação à ajuda alimentar tem sido uma “preocupação constante” da instituição, desde a abertura, em 1992, da primeira sede em Portugal.
“Essa é uma das razões que levam os Bancos Alimentares a não entregar nada directamente às pessoas carenciadas”, explica a responsável, que acrescenta: “Seleccionamos e acompanhamos na sua actividade instituições de solidariedade, tornando esta rede tão capilar quanto possível”.
Os alimentos recolhidos são armazenados e entregues a 1750 entidades distribuídas por 17 regiões, beneficiando mais de 275 mil pessoas, o que em 2009 se traduziu em 23 mil toneladas, equivalendo a uma média de mais de 90 toneladas por dia útil.
“Se porventura as coisas correrem mal num dado elo da cadeia, a instituição em causa sabe que pode ser penalizada, mas sobretudo sabe que pode estar a prejudicar muitas pessoas que, de facto, têm carências”, lembra Isabel Jonet.
A campanha de 29 e 30 de Maio vai mobilizar 28 mil voluntários por uma causa que, para a presidente, “é quase nacional”, mas que funciona numa “lógica local”.
“Propomos aos voluntários que ajudem os mais carenciados da sua região para tornar mais efectiva esta cadeia de solidariedade e aproximar as pessoas que podem dar trabalho e produtos com aquelas que precisam de os receber”, refere a responsável.
Em simultâneo com a operação tradicional de recolha, decorre até 6 de Junho, nos principais supermercados, a campanha "A sua ajuda vale", que consiste na disponibilização de cupões que representam uma unidade de um determinado produto - por exemplo, "um litro de azeite".
Os vales, explica Isabel Jonet, têm um código de barras que os identifica como doações para o Banco Alimentar, com a vantagem de os produtos serem entregues a esta instituição pelos supermercados, atenuando a operação de transportes e de logística durante os dias 29 e 30 de Maio.
Outra maneira de contribuir é através das 3800 lojas aderentes à rede “Payshop”, fazendo uma doação em dinheiro que será convertida em leite, dando lugar à emissão de recibo.
Os dias das campanhas de recolha de alimentos junto dos supermercados são habitualmente esgotantes em termos físicos e mentais, mas Isabel Jonet não se deixa inquietar: “Eu estou sempre preparada para aquilo que Deus entende mandar-me”.
(Fonte: site Agência Ecclesia)
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