É muito “velha” a frase: «Livra-nos Senhor dos nossos amigos, porque com os inimigos podemos nós bem!»
Vem isto a propósito de uma “volta” que dei por diversos blogues cristãos católicos, (alguns de sacerdotes), em que me dei conta de que alguns enveredaram pelo caminho mais fácil, e, utilizando o menor denominador comum, embarcam afinal na campanha de ataque à Igreja Católica que está em curso na comunicação social.
Se juntarmos a isto, alguns textos de alguns sacerdotes, que se consideram “fazedores de opinião”, publicados em diversos jornais, a “velha” frase é perfeitamente compreensível.
Em primeiro lugar, afirmo desde já, que sou totalmente contra o encobrimento de actos ignóbeis, pecados graves, sejam eles pedófilos ou outros, cometidos por membros da Igreja contra a sociedade e sobretudo sobre os mais pequenos, não só em idade, mas também em formação e maturidade espiritual e física.
Mas também sou frontalmente contra a exploração para além dos limites, de uma culpa que é pessoal e não colectiva, e também do permanente “abrir ferida”, mesmo perante a assumpção da culpa e respectivo pedido de perdão e nalguns casos até condenação.
Mesmo na sociedade civil, o indivíduo depois de se reconhecer culpado e cumprir a pena imposta, tem direito a não ser permanentemente julgado na praça pública pelo crime que cometeu, já reconheceu e já pagou.
No ensinamento cristão, o perdão faz parte inalienável da Doutrina e depois de reconhecido, confessado o pecado e perdoado, deve apenas servir de reflexão para o próprio e não para recordação diária e constante dos outros, com o fim de "apedrejarem" o pecador.
Vivemos num tempo em que muitos citam Jesus Cristo, interpretando-O a seu belo prazer e segundo as suas conveniências, tentando que a Doutrina por Ele ensinada esteja de acordo com o pensamento geral do momento em que vivemos, afastado da moral e dos valores.
Compreende-se, é mais fácil assim, não exige luta diária contra o pecado, e, sobretudo, tem-se o elogio da dita sociedade, ganhando-se até um certo protagonismo.
E se esta prática já é condenável naqueles que se dizem cristãos e católicos é totalmente inadmissível naqueles que consagrados na Igreja, se servem até dessa posição para melhor serem ouvidos por toda uma sociedade que quer um deus e uma igreja à medida das suas conveniências.
E é de tal modo inebriante este protagonismo, e os elogios que vão recebendo, estes consagrados na Igreja, que partem às vezes para o insulto gratuito e descabido ao Papa e aos Bispos e até aos seus colegas Sacerdotes, colocando-se numa posição de superioridade que apenas lhe é conferida pelo seu auto-convencimento.
E recebem comentários e elogios ofensivos para a Igreja, para o Papa, para os Bispos, para os Sacerdotes, para os Leigos empenhados, e longe de se colocarem numa posição de bom senso e sobretudo de comunhão cristã, ainda “ajudam à festa”, indo por vezes mais longe que os próprios comentadores ou elogiadores.
Pois é, os tempos são difíceis!
Não é agora tão fácil ser cristão católico, pois para além da luta diária contra uma sociedade que se vai afastando todos os dias dos valores da dignidade da vida, tal como ela foi querida e criada por Deus, tem também de se arrostar com uma enorme quantidade de insultos, incompreensões e até perseguições, não só daqueles que querem “matar” Deus, mas também daqueles que se acham, mesmo dentro da Igreja por Ele fundada, detentores da verdade absoluta, colocando de lado toda a Tradição, todo o Magistério, toda a História da Igreja.
É, realmente é mais fácil assim!
É mais fácil estar em concordância com a “moral” vigente, do que ter de defender o Ensinamento de Cristo, do que ter de defender a Doutrina, do que ter de defender a Igreja e o seu Magistério.
E traz mais protagonismo, mais visibilidade, mais “amigos”, mais reconhecimento agora, claro, nestes tempos, porque como diz outra “velha” frase: «Dos fracos não reza a história!»
E acho extraordinário que estes consagrados não se perguntem porque é que são sempre chamados, escolhidos, para darem a sua opinião acerca dos assuntos da Igreja e da Doutrina?
Não pensam sequer, (muito me espanta com a sua inteligência), que se por acaso tivessem um discurso diferente, ou seja, um discurso coerente com a verdadeira Doutrina, seriam postos de lado tal como são postos de lado a, (graças a Deus), grande maioria dos consagrados fiéis a Jesus Cristo em comunhão de Igreja?
Ou pensam precisamente nisso, e por isso mesmo vão adaptando o seu discurso ao sabor do mundo, ao sabor do pensamento imoral da sociedade em que vivemos.
Mas curiosamente não abandonam a Igreja que eles tanto criticam e na qual só vêem erros e maldades!
Não, isso não fazem, porque sabem bem que perderiam o protagonismo, pois sendo cidadãos comuns já não teriam o mesmo peso as suas declarações e já ninguém os quereria ouvir.
Peço perdão a Deus pelos julgamentos que aqui faço de irmãos meus consagrados na Igreja, mas por vezes a revolta é mais forte que a contenção dos pensamentos e das palavras, e também porque é tempo de aqueles que são fiéis a Cristo em comunhão de Igreja, levantarem a sua voz para dizer que não pensam, nem vivem a Fé como esses “arautos de opinião”, embora saibamos bem que nunca teremos o mesmo “tempo de antena”, nem de projecção mediática, que têm aqueles que alinham com o “pensamento moderno” que julga que o homem pode construir um deus à sua maneira e para servir os seus interesses e conveniências.
Rezo por estes irmãos que induzem em erro tantos que os lêem, rezo pelas vítimas dos pecados de alguns irmãos meus da Igreja, rezo por esses irmãos que cometeram tais actos, rezo pelo Papa, pelos Bispos, pelos Sacerdotes, pelos Leigos, pela Igreja, enfim, e rezo por esta sociedade que se vai perdendo, porque todos os dias se afasta um pouco mais de Deus.
Monte Real, 15 de Abril de 2010
Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.com/2010/04/livra-nos-senhor-dos-nossos-amigos.html
NOTA:
O 'Spe Deus' subscreve na integra o texto acima e junat-se à indignação do seu autor.
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