

A homilia do Santo Padre baseou-se, naturalmente, nas leituras da Missa, que eram as deste Domingo, à excepção da primeira, dos Actos dos Apóstolos, substituída pela do episódio do naufrágio que levou São Paulo a desembarcar na Ilha. Agradecendo o acolhimento que lhe foi dispensado, Bento XVI evocou aquele que os malteses dispensaram ao Apóstolo dos Gentios, há 1950 anos, e desde então a muitos viajantes que ali arribaram.
“A riqueza e variedade da cultura de Malta é um sinal de que o vosso povo muito aproveitou do intercâmbio de dons e da hospitalidade com os viajantes vindos do mar. E é significativo que tenhais sabido exercer o discernimento identificando o melhor do que eles tinham para oferecer”.
O Papa convidou os malteses de hoje a seguirem este exemplo, advertindo que nem tudo o que lhes é proposto merece ser acolhido. Passando ao episódio do Evangelho, com a pesca abundante ligada ao encontro com Jesus ressuscitado, Bento XVI sublinhou o facto de que antes de o Senhor se lhes ter manifestado os apóstolos não tinham conseguido qualquer resultado.
“Deixados a si mesmos, os seus esforços eram infrutuosos. Quando Jesus esteve ao lado deles, capturaram uma grande quantidade de peixes. Meus irmãos e irmãs, se pomos a nossa confiança no Senhor e seguimos os seus ensinamentos, recolheremos sempre grandes frutos”.
Passando de novo ao episódio do naufrágio de Paulo, o Papa fez notar que, para poderem sobreviver, os tripulantes do navio se viram obrigados a deitar ao mar a carga, incluindo os instrumentos de bordo e o próprio trigo de que se alimentavam. De facto, Paulo exortou a colocarem só em Deus toda a confiança, no momento em que a barca era batida pelas ondas. Também nós devemos pôr a nossa confiança só em Deus. Tem-se a tentação de pensar que a avançada tecnologia de hoje consegue responder a todos os nossos desejos e salvar-nos dos perigos que nos assaltam.
“Em cada momento da nossa vida, dependemos inteiramente de Deus, no qual vivemos, nos movemos e temos a nossa existência. Só Ele nos pode proteger do mal, só Ele nos pode guiar no meio das tempestades da vida e só Ele nos pode conduzir a um porto seguro, como fez com Paulo e os companheiros que andavam à deriva junto das costas de Malta”.
Quase a concluir, Bento XVI dirigiu-se de modo especial aos padres presentes. No contexto do Ano Sacerdotal, o Papa evocou a figura do Padre Jorge Preca, o primeiro santo maltês canonizado, que se distinguiu por uma catequização incansável, que deixou uma marca profunda nos jovens e nos menos jovens.
“Padre Jorge era um sacerdote de extraordinária humildade, bondade, mansidão e generosidade, profundamente dedicado à oração e com a paixão de comunicar as verdades do Evangelho. Tomai-o como modelo e inspiração para vós, cumprindo a missão que recebestes de apascentar o rebanho do Senhor”.
Recordando o diálogo entre Jesus e Pedro, proposto na parte final do Evangelho deste domingo, o Santo Padre encorajou os padres a “acolherem com gratidão de coração a magnífica tarefa que lhes foi confiada”. “A missão confiada aos padres é verdadeiramente um serviço à alegria, à alegria de Deus que aspira a irromper no mundo”.
No final da celebração, antes do canto da antífona mariana do tempo pascal, “Regina Coeli”, Bento XVI recordou a devoção dos malteses à Mãe de Deus invocada como “Mãe da Igreja e nossa Mãe”, especialmente no santuário mariano da ilha de Gozo, ao qual o Papa oferece, nesta ocasião, uma Rosa de Ouro. O pontífice pediu aos fiéis que de agora em diante passassem a invocar Nossa Senhora também como “Rainha da Família”, título acrescentado por João Paulo II à ladainha mariana.
(Fonte: site Radio Vaticana)
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