São Justino (c. 100-160), filósofo, mártir
Primeira Apologia, 67.66; Pg 6, 427-431
«O verdadeiro pão vindo do céu»: no século II, uma das primeiras descrições da eucaristia fora do Novo Testamento
No dia que se chama o dia do sol [o domingo], todos os habitantes das cidades ou dos campos se reúnem num só local. Lemos as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas quando o tempo o permite. Quando a leitura termina, quem preside toma a palavra para chamar a atenção sobre esses belos ensinamentos e exortar a segui-los. Seguidamente, levantamo-nos todos juntos e recomendamos as intenções de oração. Depois trazem pão, vinho e água. O presidente faz subir de todo o seu coração ao céu orações e acções de graças, e o povo responde com a aclamação «Ámen!», uma palavra hebraica que significa: «Assim seja».
Nós chamamos este alimento eucaristia, e ninguém pode tomar parte dele se não crê na verdade da nossa doutrina e se não recebeu o banho do baptismo para a remissão dos pecados e a regeneração. Porque nós não tomamos este alimento como um pão vulgar ou uma bebida comum. Tal como, pela Palavra de Deus, Jesus Cristo, nosso Salvador, incarnou em carne e osso para a nossa salvação, assim o alimento consagrado nas próprias palavras da Sua oração é destinado a alimentar a nossa carne e o nosso sangue para nos transformar; este alimento é o corpo e o sangue de Jesus incarnado: esta é a nossa doutrina. Os apóstolos, nas memórias que nos deixaram e a que chamamos evangelhos, transmitiram-nos assim a recomendação que Jesus lhes fez: Ele tomou o pão, deu graças e disse: «Fazei isto em memória de Mim; isto é o Meu corpo». Tomou igualmente um cálice, deu graças e disse: «Isto é o Meu sangue». E deu-lhos só a eles (Mt 26, 26ss.; 1Cor 11, 23ss.). [...] É no dia do sol que nós nos reunimos todos, porque esse é o primeiro dia, em que Deus separou a matéria das trevas para fazer o mundo, e é o dia em que Jesus Cristo nosso Salvador ressuscitou dos mortos.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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