De repente encontro-me na última semana desta caminhada de quarenta dias em que tive várias oportunidades de pensar na minha vida interior de Cristão.
Talvez não tenha vivido a Quaresma como me propus e tenha falhado nalgum objectivo traçado. Não importa, Jesus conhece-me e sabe bem das minhas dificuldades e os obstáculos que tenho de vencer e que, de facto, às vezes, não consigo.
Ali, aos pés do sacerdote, abrirei a minha alma de par em par e, com todo o respeito e simplicidade, dir-lhe-ei o que se passa, ou passou, comigo. Começando por aquelas situações ou faltas que mais me custa revelar, porque me envergonham ou humilham deveras, e acabando naquelas faltas de omissão que, em suma, reportam àquilo que deveria ter feito e que não fiz. Sei, seguramente, que o resultado será uma enorme paz interior e uma tranquilidade de espírito extraordinárias. (AMA, meditação sobre a Confissão Quaresmal, Março 2009)
Meditação:
Começa a Semana Santa e recordamos a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. (…)
Que pobre montada escolhe Nosso Senhor! Talvez nós, vaidosos, tivéssemos escolhido um brilhante corcel. Mas Jesus não se guia por motivos meramente humanos, mas por critérios divinos. (…)
Jesus Cristo, que é Deus, contenta-se com um burriquito por trono. Nós, que não somos nada, mostramo-nos amiúde vaidosos e soberbos, procuramos sobressair, chamar a atenção; procuramos que os outros nos admirem e nos louvem. (…)
Jesus entra em Jerusalém sobre um burrico. Temos de retirar consequências desta cena. Cada cristão pode e deve converter-se em trono de Cristo. E aqui vêem mesmo a propósito umas palavras de São Josemaria. «Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente em nós com um lugar perfeito, teríamos motivo para desesperar. No entanto, acrescenta, Jesus contenta-se com um pobre animal, por trono (...). Há centenas de animais mais formosos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo fixou-se nele, para se apresentar como rei diante do povo que o aclamava. Porque Jesus não sabe o que fazer com a astúcia calculista, com a crueldade dos corações frios, com a formosura vistosa mas oca. Nosso Senhor estima a alegria de um coração moço, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à Sua palavra de carinho. Assim reina na alma».
Deixemo-Lo tomar posse dos nossos pensamentos, palavras e acções! Eliminemos sobretudo o amor-próprio, que é o maior obstáculo ao reinado de Cristo! Sejamos humildes, sem nos apropriarmos de méritos que não são nossos. Imaginais o ridículo que teria sido o burrico, se se tivesse apropriado das aclamações e aplausos que as pessoas dirigiam ao Mestre? (…)
O entusiasmo das pessoas não costuma ser duradouro. Poucos dias depois, os que o tinham acolhido com vivas pedirão, aos gritos, a Sua morte. E nós deixar-nos-emos levar por um entusiasmo passageiro? Se nestes dias notamos o esvoaçar divino da graça de Deus, que passa perto, demos-lhe guarida nas nossas almas. Estendamos no chão, mais do que palmeiras ou ramos de oliveira, os nossos corações. Sejamos humildes. Sejamos mortificados. Sejamos compreensivos com os outros. É esta a homenagem que Jesus espera de nós.
A Semana Santa oferece-nos a ocasião de reviver os momentos fundamentais da nossa Redenção. (…) Para isso, nada melhor do que caminhar pela mão de Maria. Que Ela nos obtenha a graça de que estes dias deixem uma marca profunda nas nossas almas. Que sejam, para cada uma e para cada um, ocasião de aprofundar no Amor de Deus, para assim o podermos mostrar aos outros. (D. JAVIER ECHEVARRÍA, Meditações de sobre a Semana Santa, 2010)
Agradecimento: António Mexia Alves
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