Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 9 de março de 2010

Marcha pela Vida em Madrid – P. Gonçalo G. Figueiredo

Eu estive lá.

Numa manhã de domingo que ameaçava chuva, juntou-se muita gente da cidade de Madrid, para gritar bem alto: “Sim à Vida” e com o lema: “Em democracia escutam-se as pessoas”. Por todas as grandes cidades de Espanha se fizeram manifestações com grande participação.

A concentração madrilena estava marcada para o meio-dia na praça que sempre aparece quando faz frio e gelam as águas nas fontes: Cibeles.

Fui, como normalmente vou quando me desloco ao centro de Madrid, de metro. A princípio e por ser Domingo estava quase vazio, mas à medida que nos íamos aproximando do destino o metro enchia-se de gente, muitos casais com filhos, jovens e de mais idade. Ouvi uma senhora perguntar a um pai com os seus três filhos a que se devia aquela gente toda, e ele respondeu orgulhoso que era uma marcha pela vida, contra o aborto. A senhora pareceu compreender porque a publicidade da rua foi bastante. Quando saí do metro na estação “Banco de Espanha”, na praça Cibeles, fiquei espantado com a quantidade de gente. Um clima de festa e alegria, muitos casais com filhos, os balões, as t-shirts, os chapéus e as bandeiras de todos os tamanhos. Muita gente levava o seu próprio cartaz, feito em casa, com as horríveis imagens de bebés assassinados.

À frente do edifício do Ministério da igualdade houve uma paragem onde o tom de voz subiu em protesto contra a lei recentemente aprovada. À porta do dito Ministério, que tem promovido o aborto como lei de igualdade, estavam no chão dezenas de fraldas de bebes. A indignação contra os autores desta lei e contra o chefe do governo subiu de tom e não se pouparam a gritar: “Zapatero Assassino”.

A custo, por entre a multidão, que não despegava e se movia lentamente, pois a avenida desde Cibeles até à praça do Sol estava cheia, completamente cheia, consegui chegar ao lugar da concentração, quando já se tinha feito um minuto de silêncio por todos os bebés assassinados. Um palco montado no fundo da praça, com ecrãs gigantes, era agora o centro das atenções. Por ele desfilaram muitas pessoas, famílias, médicos, políticos, mulheres, pais, e uma jovem de 16 anos. A música, de muita qualidade, intercalava as intervenções, houve um requiem em memória de todas as crianças mortas no seio das mães. Chamou-me a atenção três intervenções. A primeira da presidente da associação de médicos obstetras, que não perdeu a oportunidade para lembrar o erro que é o programa de educação sexual nas escolas, e de dizer como a lei do aborto está fundamentada sobre mentiras, a maior das quais é a negação do início da vida no momento da fecundação: “todos os que aqui estamos, um dia, fomos uma célula”.

Chamava também a atenção para as consequências físicas e psicológicas do aborto nas mulheres e, falando como mãe, defendia o valor social da maternidade. Outra intervenção bastante aplaudida foi a de um político, alcaide de Sevilha, que se apresentava como de Esquerda, e por ser de Esquerda lutava contra o aborto; não se poupou a denunciar a atitude de Zapatero como hipócrita, mas sublinhava, coisa para mim surpreendente, que nenhum partido com assento parlamentar tinha no seu programa uma oposição clara ao aborto. Nesta altura alguém comentava atrás de mim que só restava votar em branco. Houve ainda uma intervenção de uma rapariga de dezasseis anos, idade mínima para abortar até às 14 semanas sem que seja necessária a autorização dos pais. Foi a que mais me impressionou. Dizia com evidência que eram elas, as raparigas jovens e adolescentes, as visadas por aquela lei que as queria tratar como material sexual, propondo uma sexualidade vazia de afecto e responsabilidade, ao dispor dos rapazes.

A presença da igreja foi discreta, quase ausente. Um ou outro véu de religiosa e só vi um colarinho eclesiástico. Mas a igreja estava presente no movimento dos leigos. O núncio apostólico tinha-se manifestado por escrito inteiramente a favor da acção. E a bênção de Deus foi também implorada por quem falou. Marcou-se o ponto: não se tem de ser católico para defender a vida, mas todo o católico a defende.

Perante a multidão imensa que estava na rua, ouvia uma senhora comentar que o mais certo seria os meios de comunicação não darem notícia. Embora um helicóptero de uma televisão tenha sobrevoado a manifestação, foram poucos os jornais diários a darem cobertura ao acontecimento. E os números variam entre os oficiais 10 000 e os dos organizadores 600 000. a grande noticia nacional é a vitória sofrida do Real Madrid.

Alguém dizia da tribuna, que isto não era mais que um grão de areia na luta por uma civilização justa. Esperemos que seja um grão de areia que estorve e emperre a máquina que está montada para abolir o homem.

Isto foi o que eu vi e ouvi, porque estive lá, com orgulho o digo, com emoção o vivi, com pena o digo, porque seria preferível outra sociedade onde não houvesse este tipo de sentença de morte.

(Agradecimento: ‘Infovitae’)

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