Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Patrícia Reis – ‘Arrisca-se e edita’ por António Pedro Pereira


É jornalista e dirige a revista 'Egoísta', mas publicou agora o seu quinto romance. O título escolhido foi 'Antes de Ser Feliz'.

Patrícia Reis edita. Edita a revista Egoísta, um "objecto de culto" que por o ser não lhe cultiva entre invejosos (leia-se de pessoas da área que admiram ou estimam a revista e por lá gostavam de andar) grandes elogios (irreproduzíveis, acrescente-se, de informais que foram descritos pela própria), edita obra literária - saiu agora o quinto romance, uma encomenda para celebrar um aniversário do Casino da Figueira. Chama-se Antes de Ser Feliz, e isto não é imagem que caiba a uma mulher que o sente ser "no ano quarenta" (nasceu em Lisboa, em 1970), tem 22 de jornalista, 10 de Egoísta, 14 de mãe (o mais velho dos dois filhos). Uma vida "com os dedos metidos na ficha".

É electricidade, adrenalina numa pessoa que não vai dizer "sutil" - será sempre subtil que dirá, mesmo quando troveja o que pensa e não há acordo ortográfico que a contrarie. Patrícia não se contraria - bem, um pouco, é empresária. Arrisca-se. E de portas abertas. É uma mulher disponível, empurrada para o negócio. "Eu, empresária?", ri-se. "Em 1997, abriu-se o desafio de criar uma empresa de conteúdos para aproveitar a oportunidade da Expo'98. Criou-se o Atelier 004, por sermos quatro sócios. Seis meses depois, estava sozinha [hoje tem um sócio]", lembra-se. E usa o episódio para falar de uma outra faceta cunhada na personalidade, como que sobreposta ao gosto, ao irreprimível apelo da edição: "Gosto muito de editar." Medita, as expressões a correrem pela face. Dispara. "Eu gosto muito é do risco." Pronto, parece dizer o cenho que dura um segundo. De seguida, já se ri. As contas da empresa atormentam-na. "Ponho uma folha ao lado da outra, numa a do deve, na outra a do haver; há meses muito difíceis." Arma no coldre. "Se sou uma mulher de bem comigo? Sou." O rosto já está outra vez aberto, como as portas da empresa.

"Tenho sempre as portas abertas para ver trabalho", diz já mais séria - não carregada - sobre o que faz no Atelier 004. "Já recebi de tudo, gente que me entra por aqui com fotografias ainda naqueles envelopes laranja [imagem afonsina, velha], com textos que, bem, não são propriamente para a Egoísta" - mas também já teve Eduardo Gageiro a pedir-lhe opinião sobre imagens para um livro, "isso sim, um grande elogio". Para não falar do resto. "Parece muito bonito sempre, mas aqui faz-se tudo, de relatórios de contas, que não são propriamente criativos, à revista". Patrícia está definitivamente resolvida. "Só tenho uma grande preocupação: não fazer nada que envergonhe os meus filhos", garante. Mas há outra: "Isto de ser empresária neste país é bizarro: se der com os burrinhos na água, há direito sequer ao subsídio de desemprego, apesar de fazer os descontos como qualquer outro trabalhador", relata, sem no entanto deixar a ideia de que no capítulo empresarial o que a assusta é poder deixar ficar mal a equipa - no atelier há um saco de boxe para baixar a adrenalina das divergências de opinião; exemplo de uma equipa que, jura, se estima para lá das adversidades que tomar decisões sempre transporta.

Sempre é melhor do que andar nas redacções dos jornais (Independente, Expresso, Público, Sábado, estágio na Time, em Nova Iorque...). "Se tivesse mesmo de ser, que remédio." Mas o atelier, para já, é que é o complemento da catarse da escrita. "Eu dizia alto e bom som aos seis anos que ia ser escritora." Lá vão cinco livros, a poesia enterrada na vergonha dos 12 anos. Só que escritor está-se, não se é. "Não é profissão, é condição". E para quem "mete os dedos na ficha todos os dias - se na altura houvesse o diagnóstico, eu era aquilo a que hoje chamam hiperactiva", tudo isto ajuda a manter um sorriso franco. Mesmo que às vezes os lábios tenham de se mexer harmoniosamente para o circo literário. Mas isso são outras acrobacias da jornalista, escritora e mulher que gosta de editar (ler: publicar romances e ajudar a encontrar caminhos nos textos e nas fotos dos outros).

(Fonte: DN online)

Nota de JPR: para quem possa parecer descontextualizado da linha deste blogue informo com muita ‘baba’ e orgulho que a Patrícia é minha filha, ou melhor dizendo, minha filhota. Obrigado!

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