Queridos amigos,
Mando este email para partilhar convosco coisas muito sérias.
Como sabem estou na Suíça. O meu "trabalho" é andar pela Europa e organizar encontros com bispos ou representantes destes. O objectivo é conseguir que haja cada vez mais sintonia entre todos e de todos com Jesus Cristo. Ora, um dos temas que por toda a Europa está a ser considerado e tratado é a questão do "pseudo-casamento" entre pessoas do mesmo sexo.
Trata-se de uma autêntica luta. Nós, católicos, somos pela paz. Mas se queremos a paz temos de pugnar por ela e pela verdade e não podemos deixar de lutar quando nos atacam. Ora esta coisa do casamento não é um enfeite cultural, não é uma coisa que uns betinhos burgueses acham que é importante, ou que é do antigamente, do tempo dos nossos avós. Há muitas razões óbvias e sociais para dizer que quem ataca a estrutura natural do casamento está, no fundo a atacar a pessoa e o futuro. Mas há também razões teológicas que ainda confirmam melhor tudo isso.
Quem recebe este email sabe que eu sou padre, por isso, deixem-me dizer-vos duas coisas a partir da fé:
Deus é o Criador. Deus criou, homem e mulher, e disse os dois serão uma só carne. Uma palavra de Deus não é uma ideia ou uma opinião. A palavra de Deus cria, faz acontecer. Foi Deus quem “inventou” o casamento. O amor entre um homem e uma mulher, que envolve toda a vida a ponto de se casarem, começa por ser uma atracção recíproca mas depois avança para uma comunhão de vida. Este amor expressa-se fisicamente numa relação sexual pela qual, no mesmo acto em que marido e mulher reforçam a sua unidade eles abrem-se à possibilidade que esta sua unidade se torne uma nova pessoa. Há muitas outras amizades, mas a sexualidade não é um acaso! É um desígnio de Deus. Que haja homens e mulheres e que entre estes o amor possa ser fecundo, quer dizer que Deus quer que cada um de nós seja desde o momento da concepção um fruto do amor. Mas para isso é preciso que haja um pai e uma mãe. O casamento é isto, um amor que se torna missão de fazer feliz o outro e de acolher e educar os filhos como dons de Deus e frutos do amor. Pode ser melhor ou pior vivido. Mas é isto. A amizade de duas pessoas do mesmo sexo, mesmo que seja imoral e entre eles haja "relações sexuais", mesmo que vivam juntos e partilhem tudo, nunca poderá ser isto que Deus criou com um objectivo muito claro. Mas isto, mesmo quem ainda não acredita em Deus pode constatar: basta olhar para a realidade! A pessoa humana é um todo: corpo e alma, interioridade e sociabilidade, história e presente, futuro e passado: somos uma pessoa não a soma de partes. Se o meu corpo é de homem, os meus pais dão-me um nome de homem, porque sabem que não é o corpo mas o filho que é um homem.
Uma segunda coisa me parece ser importante dizer: esta crise social que levou à legalização do aborto, agora à equiparação legislativa (e por isso cultural porque isto vai ser ensinado nas escolas) entre casamento e união de duas pessoas do mesmo sexo e que levará à Eutanásia, etc. Tem na sua raiz o pecado. O Pecado original que faz com que a humanidade tenha a pretensão de decidir o que é bem e o que é mal sem ligar nenhuma a Deus. O pecado de tantos, mesmo de cristãos que desistem de viver como Deus manda, e o pecado, que por muita ou pouca culpa, praticam os que querem viver como se Deus não existisse. Estamos na cena do Filho Pródigo. A nossa sociedade é o filho que sai de casa julgando que com as riquezas da herança já não precisa do pai. Mas o destino é acabar com os porcos. Só quando voltar a casa poderá, de facto, voltar a sentir-se homem! A nossa sociedade anda maluca; os nossos dirigentes, os políticos, estão muito influenciados por uma mentalidade anti-cristã e, por isso, já nem pensam se o que fazem é bom ou mau, mas querem ser progressistas sem critérios. Mas o mais difícil é que estas teses contra a vida e contra a família, que no fundo são contra o homem, aparecem sempre com a imagem de bonzinhos. Neste caso é para não descriminar. E nós somos acusados de maus. Mas dizer que coisas diferentes são a mesma coisa não é não descriminar, é mentir. Não descriminar quer dizer que não negamos direitos que pertencem por natureza a pessoas por questões secundárias, como ninguém pode dizer que se é mais ou menos pessoa se formos desta ou daquela raça, deste ou daquele país, desta ou daquela religião, se formos homens ou mulheres, se formos adultos ou crianças. Qual é a mentira que está nestas propostas de lei? É dizer que casamento é um direito e que a orientação sexual (isto é o diz a ideologia do género - para quem não há dois sexos mas 5 géneros) é um facto como a raça, o país, a idade ou o sexo. Mas é mentira porque eles mesmos dizem que são livres de escolher a orientação, e não são livres de ter esta ou aquela idade, de ser de pele escura ou amarela, de ter nascido em Portugal ou nos Estados Unidos. Quando dizemos que pela religião ou pelas ideias ninguém pode ser descriminado queremos dizer que não se é menos cidadão, com os direitos e deveres inerentes. Mas não dizemos que qualquer um de nós em nome da sua fé pode fazer qualquer coisa, como por exemplo matar, casar-se com muitas mulheres, ou coisas que sejam claramente erradas. Por isso, dizer que não se pode descriminar os homossexuais só pode querer dizer que não se podem negar os direitos à vida, ao sustento, à saúde, à habitação, etc. Não se pode querer dizer que eles podem casar-se entre eles. O que se pretende, de facto, é outra coisa. Pretende-se negar a diferença sexual, porque se pretende negar que há um Deus Criador, ou que há uma natureza e por isso que há bem e mal e regras morais objectivas. Quer-se o relativismo total. Ora nós não podemos aceitar isso. Porquê? Porque somos conservadores ou sensíveis e incomoda-nos a novidade? Não! Por amor. Porque olhamos para o futuro e não queremos que ele seja uma barbárie. Não somos conservadores, somos os que querem o verdadeiro progresso. Porque não podemos esquecer que a Verdade é também a melhor caridade, porque não queremos ficar impávidos a ver a sociedade auto-destruir-se. Porque pensamos nos nossos, mas também em todos. Até nos homossexuais. Queremos o bem deles, não nos estamos a marimbar se fazem mal ou bem. Como na guerra do aborto fomos os que verdadeiramente queriam o bem das mulheres que os outros pretendiam defender, também aqui não queremos abandonar os miúdos e os graúdos que têm dificuldade de identidade, nem queremos que nas escolas, nas televisões, nos livros, na internet, se passe a mentira de que é tudo igual! Não nos calamos, além, disso porque não podemos entregar crianças que já tiveram problemas em nascer em lares que não as acolheram e são dadas à adopção, para serem adoptadas e educadas por pessoas do mesmo sexo, sem o direito a ter um pai e uma mãe. Dizem que entre elas há muito afecto? E quando o afecto acabar? E que amor é esse que se reduz ao afecto? Mudar fraldas com afecto? Ficar até tarde à espera do filho que chega da noite por afecto? Ter de passar uma noite no hospital pediatra por afecto? Quem só tem afecto e não tem amor cansa-se muito depressa. E as crianças vão ser joguetes. Já basta quando os próprios pais, por egoísmo, descuram a educação. Vamos institucionalizar que a base da adopção é o afecto? Nem entre heterossexuais isso basta!
Depois de ter dito tudo isto (que já sei que muitos não lerão por ser muito comprido!) deixem-me dizer que há duas coisas muito importantes a fazer agora:
1. Fazer tudo por tudo para ser feliz na família. Casais, deixem-se de zangas, os tempos agora são para unir esforços e são para testemunhar que a verdade do casamento é um caminho possível. Deus ajuda. Não se deixem influenciar por egoísmos, não sejam indiferentes ao outro, ajudem-se, amem-se.
2. Vão no dia 20 de Fevereiro às 15 horas à manifestação na Avenida da Liberdade. vejam: http://www.casamentomesmosexo.org )
Força.
Com Muita amizade,
Pe. Duarte
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