São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja
Catequese baptismal 3 (a partir da trad. Soleil Levant 1962, p. 71 rev.)
O novo Elias
Ponto final do Antigo Testamento, o baptismo é também o início do Novo. Com efeito, ele teve como promotor João e «entre os nascidos de mulher não apareceu ninguém maior do que ele» (Mt 11, 11). João termina a série de profetas, «porque todos os profetas e a Lei vaticinaram até João» (Mt 11, 13). E abre a era do Evangelho, como está escrito: «Princípio do Evangelho de Jesus Cristo [...]. João Baptista apareceu no deserto a pregar um baptismo» (Mc 1, 1.4).
Opô-lo-ias a Elias, o tisbita que foi levado para o céu? Mas ele não é superior a João. Enoc foi levado para o céu, mas não é superior a João. Moisés foi um grande legislador em Israel. Todos os profetas foram admiráveis, mas não eram superiores a João. Não se trata de comparar profetas com profetas; mas o seu Senhor, o nosso Senhor, o Senhor Jesus, declarou: «Entre os homens não apareceu ninguém maior do que João Baptista» (Mt 11, 11). A comparação foi estabelecida entre o grande servo e os seus companheiros, mas a superioridade e a graça do Filho face aos servos não tem comparação.
Vês então que homem Deus escolheu como primeiro beneficiário desta graça? Um pobre, um amigo do deserto, que não era por isso inimigo dos homens. Ao alimentar-se de gafanhotos, dava asas à sua alma. Comendo mel, pronunciava palavras mais doces e mais úteis que o mel. Vestindo um traje de pêlo de camelo, demonstrava na sua pessoa o exemplo do esforço. Foi desde o ventre de sua mãe santificado pelo Espírito Santo (Lc 1, 15). Jeremias foi santificado, mas não era profeta desde o ventre materno. Apenas João, na prisão do ventre de sua mãe, estremeceu de alegria (Lc 1, 44); ainda sem ver com os olhos de carne, sob a acção do Espírito, ele reconheceu o Senhor. A grandeza da graça do baptismo exigia um grande chefe de fila.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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