Recomeçar é um dos verbos mais difíceis de conjugar. Recomeçar as aulas, recomeçar as rotinas ou recomeçar a trabalhar custa sempre mas o mais difícil nem é a rentrée. O pior é recomeçar a partir das próprias fraquezas, dos erros no passado e daquilo que em nós se repete e nos faz desanimar por ser mais do mesmo e nos revelar na repetição das nossas misérias. Tolentino Mendonça, padre, poeta e tradutor dos padres do deserto, diz que felizmente há uma manhã em cada dia a partir da qual tudo é possível. Uma manhã no sentido literal e metafórico em que podemos sempre recomeçar. Este sentido inaugural, aliás, serve crentes e não crentes. Serve para tudo, até para a política e para os políticos.
Recomeçar a partir das vitórias e conquistas parece fácil mas as aparências iludem e quem ganha hoje pode voltar a perder amanhã, assim como quem perdeu ontem pode ganhar noutro dia mais à frente.
Recomeçar depois das derrotas e dos fracassos, das críticas mais ou menos contundentes dos analistas, dos cansaços e frustrações no terreno, pode ser extraordinariamente penoso. A boa notícia é que vale sempre a pena recomeçar até porque este verbo tem um potencial de conjugação invulgarmente positivo. Há outros verbos difíceis mas ficam para outras crónicas. Jornalista
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Laurinda Alves
(Fonte: jornal “i” online do dia 15.09.2009)
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