“a legítima pluralidade de opções temporais mantém íntegra a matriz donde promana o empenho dos católicos na política, e esta matriz liga-se directamente à doutrina moral e social cristã”
A pluralidade de opções políticas dos católicos, particularmente debatida em alturas de actos eleitorais, esteve no centro de um documento assinado em 2002 pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, que presidia à Congregação para a Doutrina da Fé.
A “Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política” falava numa “legítima pluralidade de opções temporais”.
“No plano da militância política concreta, há que ter presente que o carácter contingente de algumas escolhas em matéria social, o facto de muitas vezes serem moralmente possíveis diversas estratégias para realizar ou garantir um mesmo valor substancial de fundo, a possibilidade de interpretar de maneira diferente alguns princípios basilares da teoria política, bem como a complexidade técnica de grande parte dos problemas políticos explicam o facto de geralmente poder dar-se uma pluralidade de partidos dentro dos quais os católicos podem escolher a sua militância para exercer - sobretudo através da representação parlamentar - o seu direito-dever na construção da vida civil do seu País”, pode ler-se.
O actual Papa indicava na altura, contudo, que “a legítima pluralidade de opções temporais mantém íntegra a matriz donde promana o empenho dos católicos na política, e esta matriz liga-se directamente à doutrina moral e social cristã”.
O documento da Congregação para a Doutrina da Fé apontava o dedo a leis civis em matéria de aborto e de eutanásia, defendendo a tutela e promoção da família, “fundada no matrimónio monogâmico entre pessoas de sexo diferente e protegida na sua unidade e estabilidade, perante as leis modernas em matéria de divórcio”.
No mesmo plano, incluíam-se a “tutela social dos menores e a libertação das vítimas das modernas formas de escravidão” e o progresso para “uma economia que esteja ao serviço da pessoa e do bem comum, no respeito da justiça social, do princípio da solidariedade humana e do de subsidiariedade”, bem como a “recusa radical e absoluta da violência”.
O texto admite que “a fé nunca pretendeu manietar num esquema rígido os conteúdos sociopolíticos, bem sabendo que a dimensão histórica, em que o homem vive, impõe que se admita a existência de situações não perfeitas e, em muitos casos, em rápida mudança”.
“As sociedades democráticas actuais, onde louvavelmente todos participam na gestão da coisa pública num clima de verdadeira liberdade, exigem novas e mais amplas formas de participação na vida pública da parte dos cidadãos, cristãos e não cristãos. Todos podem, de facto, contribuir através do voto na eleição dos legisladores e dos governantes e, também de outras formas na definição das orientações políticas e das opções legislativas que, no seu entender, melhor promovam o bem comum”, indicava a Nota doutrinal assinada por Joseph Ratzinger.
(Fonte: site Agência Ecclesia)
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