Desde o passado dia 19 de Junho que toda a Igreja, por indicação do Santo Padre, o Papa Bento XVI, está a viver o ANO SACERDOTAL, recordando o 150º Aniversário de um grande sacerdote e pároco rural, S. João Maria Vianney, mais conhecido como o Cura d‘Ars.
Todo o cristão, consciente e fiel, deve assentir com toda a alma a este convite do Santo Padre, porque o sacerdócio ministerial, que Jesus Cristo instituiu na Última Ceia, é um dom de Deus a toda a humanidade. Por seu intermédio, é possível realizar em nome da Pessoa de Cristo, os mesmos gestos de salvação que Ele dispensou durante a sua passagem pela terra. O perdão dos pecados no Sacramento da Penitência, a Consagração e a Renovação do Sacrifício do Calvário na Santa Missa, transmitir a Palavra de Deus com autoridade, etc.
E o que fazer? Em primeiro lugar, rezar com abundância e com fé ao Senhor da Messe, a fim de que sempre existam Bons Pastores dispostos a tomar boa conta do rebanho do Senhor. Nunca nos queixemos de que existem poucas vocações sacerdotais. São tantos quantos os méritos dos cristãos. Peçamo-las a Deus, que não nos deixará de ouvir. Certamente, a intercessão de Maria Santíssima, Mãe e Rainha de todos os sacerdotes, representará um verdadeiro acréscimo de eficácia à força da nossa solicitação.
Mas não nos limitemos a isso. Numa família verdadeiramente cristã tem de haver a santa preocupação de que, entre os seus filhos, Nosso Senhor faça despertar uma vocação para o sacerdócio. Dá ideia de que, neste campo, os pais nem sempre se preocupam com esta possibilidade. Existem muitas carreiras profissionais mais atractivas sob o ponto de vista mundano. Dão mais prestígio e talvez menos trabalho. Por isso, não se fala desta hipótese, ou, se é abordada, faz-se sempre como uma alternativa remota, mais própria para as famílias amigas do que para a sua. Não se trata de forçar ou de lamentar-se se Deus não toca a família – ou parece não tocar – com uma vocação, mas de a pedir com perseverança, sabendo que as orações dos pais são sempre as mais ouvidas, porque cativam o Coração do Senhor.
O exemplo de viver bem a fé é o melhor acicate para o nascimento das vocações no seio familiar. Por isso, os pais devem ser, em primeiro lugar, exemplos vivos de Cristo nas suas atitudes e nas suas ocupações. Não creio que Nossa Senhora tenha forçado alguma vez Jesus a rezar. O seu exemplo de oração – juntamente com o de S. José – formaram Cristo nesse hábito consubstancial de rezar e rezar muito, de pedir e pedir sempre ao Pai, para que fosse feita a sua vontade, ainda que, nalgum momento, esta pudesse ser dura e pouco apelativa. Lembremos a oração de Jesus, depois da Ceia Pascal, no Jardim das Oliveiras, tendo em mente os sofrimentos da sua Paixão: “Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice, mas não se faça a minha vontade, mas a tua...”(Mt 26,39).
Neste ANO SACERDOTAL, tão oportuno para a cristandade dos nossos dias, há-de orientar-se a nossa oração, principalmente, para a santidade dos sacerdotes. A sua falta poderá ser o pior lenitivo para que alguém, probo e honesto, queira orientar a sua vida no sentido de seguir os passos do verdadeiro sacerdote e origem do sacerdócio ministerial, que é Jesus. Ele mesmo teve a audácia de dizer de Si mesmo: “Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”(Mt 11, 28). Esta afirmação ou é de um louco presunçoso, ou verdadeira, real, exacta. Só em Cristo a aceitamos com estas qualidades, porque a sua vida foi exactamente assim – a mostração da verdadeira mansidão e da verdadeira humildade.
Peçamos, pois, muito ao Senhor e à Virgem Santíssima pela santidade dos sacerdotes. Um sacerdote santo, como o Cura d’Ars, arrasta as pessoas, converte os corações. Quantas e quantas almas não deverão a sua salvação às 14 e 16 horas diárias de confessionário, que, S. João Maria Vianney, na sua modesta paróquia de Ars, atendeu durante muitos anos. Aparentemente, um trabalho sem resultados. De facto, uma tarefa cheia de pujança e sentido sobrenatural. As almas das pessoas são as jóias mais preciosas que se conhecem, pelo que tratar da sua saúde espiritual é caminho seguro para que elas possam, um dia, quando o Senhor as chamar, prestar as melhores contas e serem abraçadas para sempre pela Santíssima Trindade.
Recorde-se ainda que todo o baptizado recebe o sacerdócio comum dos fiéis, que o torna especialmente capaz, pelos méritos de Cristo, de ser intermediário entre os homens e Deus e Deus e os homens. Quando reza e pede por uma intenção, por exemplo, está a exercitar esse sacerdócio. E, de uma maneira específica, quando aproxima com o seu exemplo, o seu sacrifício e a sua oração perseverante uma alma do Senhor. O apostolado é uma incumbência que não pode descurar, porque Deus lhe deu todas as possibilidades para o realizar. Pensemos, pois, como anda a nossa preocupação pelas almas e corrijamos o que manifeste, no nosso interior, tibieza ou indiferença.
(Pe. Rui Rosas da Silva – Prior da Paróquia de Nossa Senhora da Porta Céu em Lisboa in Boletim Paroquial de Julho, selecção do título da responsabilidade do autor do blogue)
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