Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Frontalidade e amor versus soberba e vaidade pessoal

O próprio acto de escrever estas linhas, publicá-las e divulgá-las poderá ser interpretado como uma acto de soberba ou no mínimo de falta de humildade, mas, para quem vive convictamente segundo a sua fé e visa apenas através do seu pensamento e da prática na vida quotidiana estar em consonância com a mesma, ele não é mais, que um acto de amor profundo, pois não visa qualquer enaltecimento pessoal, mas tão-somente compartilhar com o meu próximo ideias e caminhos, «Nós somos sábios quando não procuramos construir a casa meramente privada da nossa vida individual, cada um por si e isolados. A nossa sabedoria é construir com Ele a casa comum de tal forma que nos tornemos nós mesmos a Sua casa viva» (“Olhar para Cristo” – Joseph Ratzinger).

Na total liberdade espiritual que nos foi concedida, de tal forma que nada nos é imposto e estamos sempre habilitados a ser perdoados quando pecamos, sucede, que praticarmos a autocensura omitindo-nos de produzir opiniões, não é simplicidade, eu chamar-lhe-ia antes tibieza, e a última coisa que a nossa fé e nossa Igreja precisa, nos tempos que correm, é de fracos, que se escondam atrás de uma falsa humildade ou do receio de parecerem soberbos.

Perguntar-se-ão, a que propósito vem esta conversa agora?

Como provavelmente tereis reparado, envolvi-me recentemente na defesa intransigente do Santo Padre no que à polémica sobre o uso do preservativo diz respeito e visando credibilizar, mas correndo o risco da exposição pública, seja a nível pessoal, seja no que se refere à minha família, assumi a minha condição de seropositivo em VIH e de abstinente. É certo, que além de haver defendido o Papa, também ataquei posições, que considero e interpreto como de pertensa humildade, de um sacerdote que contestou o Bispo de Viseu, e reconheço, que as minhas palavras foram no mínimo truculentas, no entanto, asseguro-vos que o não fiz por qualquer tipo de vaidade pessoal, mas tão-somente, porque procuro exercer a minha fé no meio do mundo e infelizmente aos fundamentalismos tem de se reagir com firmeza, simultaneamente rezando por eles., «O acto de fé é um acto profundamente pessoal, ancorado na mais íntima profundeza do ser humano. Mas, precisamente porque é inteiramente pessoal, é também um acto de comunicação. Na sua essência mais profunda, o eu relaciona-se com o tu e vice-versa, a relação real, que se torna “comunhão”, só pode nascer na profundeza da pessoa» (Olhar para Cristo – Joseph Ratzinger).

Receio que para muitos, ou alguns, não sei quantificar, as minhas posições tenham sido tidas como excessivas, fruto de vaidade e desejo de projectar uma determinada imagem pessoal. Sinceramente interrogo-me, vaidade em quê, em ser pecador, e imagem pessoal com que objectivos, arriscar-me à incompreensão e rejeição? «A outra face do mesmo vício é o pelagianismo dos piedosos. Estes não querem ter perdão algum e, de um modo geral, nenhum verdadeiro dom de Deus. Querem estar em ordem, não querem perdão, mas justa recompensa. Quereriam não esperança, mas segurança. Com um duro rigorismo de exercícios religiosos, com orações e acções, querem ter direito à beatitude. Falta-lhes a humildade essencial para qualquer amor, a humildade de receber dons que ultrapassam a nossa acção e o nosso merecimento. A negação da esperança a favor da segurança, diante da qual nos encontramos agora, baseia-se na incapacidade de viver a tensão do que está para vir e de se abandonar à bondade de Deus. Assim, este pelagianismo é uma apostasia do amor e da esperança e em profundidade também da fé» (“Olhar para Cristo” – Joseph Ratzinger).

Ainda assim, podendo estar equivocado, porque lá diz o povo na sua provecta sabedoria, «é-se mau juiz em causa própria», e apesar de já ter levado este tema aprofundadamente à oração, com sincera humildade e de coração contrito, apresento as minhas desculpas e peço perdão, se de alguma forma feri as vossas convicções ou pequei perante as Leis Divinas; ao escrever no condicional, sei que infelizmente incorro no risco de me acusarem de soberbo, mas a verdade é, que se o não fizesse estaria a ser hipócrita.

Bem hajam!

JPR

P.S. – como haveis verificado e contrariamente ao que é habitual, não citei neste texto nenhuma passagem das Sagradas Escrituras e nem invoquei o nome do Senhor apesar d’ Ele ser a razão de todo o meu ser, ou seja, não desejo ser acusado de interpretar abusivamente a Sua Palavra ou de cometer o pecado de invocar o Seu Santo Nome em vão.

Sem comentários: