Nuno de Santa Maria torna-se este Domingo, 26 de Abril, o primeiro português a ser canonizado desde que Paulo VI, a 3 de Outubro de 1976, declarou Santa a religiosa Beatriz da Silva.
A cerimónia é presidida por Bento XVI, que assim apresenta a figura do Condestável como digna de veneração em todo o mundo. Os peregrinos que se irão reunir na Praça de São Pedro têm ao seu dispor um livro, para acompanhar a celebração, que a biografia de D. Nuno Álvares Pereira (com o nome escrito de forma correcta) em português, italiano e inglês.
Antes das 10h00 (hora local, menos uma em Lisboa), já os presentes no local são convidados a preparar a cerimónia de canonização, escutando alguns pensamentos dos cinco novos santos: o Condestável e os os beatos italianos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Gertrude (Caterina) Comensoli e Caterina Volpicelli. Do novo Santo português destaca-se o espírito contemplativo, a pobreza, a humildade e a caridade, a devoção à Eucaristia e a Nossa Senhora, citando-se Bento XV, que o beatificou em 1918.
A celebração eucarística inicia-se com a procissão rumo ao altar, onde celebração Bento XVI e 50 concelebrantes. Após o acto penitencial, inicia-se o rito da canonização, em Latim. O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, D. Angelo Amato, acompanhado pelos postuladores das causas, pede que os cinco beatos sejam inscrtidos no “álbum dos Santos” e “como tal sejam invocados por todos os cristãos”.
Nesta altura, é apresentada uma breve biografia dos novos Santos e é cantada a Ladainha.
Bento XVI profere, em seguida, a Fórmula de canonização:
“Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a Nossa, após ter longamente reflectido, invocado várias vezes o auxílio divino e escutado o parecer dos nossos irmãos no Episcopado, declaramos e definimos como Santos os Beatos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, Geltrude Comensoli e Caterina Volpicelli, e inscrevemo-los no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os Santos”.
Lida a fórmula, são colocadas junto ao altar as relíquias dos novos Santos e a assembleia repete “Aleluia”. O Arcebispo Amato e os postuladores agradecem então ao Papa.
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos pede que seja redigida a Carta Apostólica a respeito das canonizações que acabaram de ter lugar. Bento XVI responde “Decernimus”, ou seja, “ordenamo-lo”.
A primeira leitura da Missa será proclamada em português. O Evangelho, por seu turno, em Latim e grego. Após o Credo inicia-se a Liturgia Eucarística, que segue os momentos habituais de todas as Missas dominicais.
Após os ritos de conclusão, o Papa dirige uma pequena saudação e segue-se a recitação do Regina Caeli, a oração mariana do tempo de Páscoa.
Os outros Santos
Arcangelo Tadini, sacerdote italiano, nasceu em Verolanuova, Brescia, a 12 de Outubro de 1846. Em 1864 entrou para o seminário de Brescia e em 1870 foi ordenado sacerdote. Em 1900, Tadini fundou a Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré. A elas confia o exemplo da Sagrada Família, que no silêncio e no escondimento trabalharam e viveram com humildade e simplicidade. Faleceu em 1912.
Bernardo Tolomei, nasceu em Sena, s 10 de Maio de 1272, foi educado pelos Padres Pregadores e promovido a Cavaleiro do Imperador de Augsburgo. Retirou-se na solidão, junto com alguns companheiros, levando uma vida de eremita, mediante profissão monacal. Fundou, assim, o Mosteiro de “Monte Oliveto”, onde faleceu em 1348.
Gertrudes Comensoli nasceu em Val Camonica, Brescia, a 18 de Janeiro de 1847. Desde jovem tornou apóstola da Eucaristia. Por isso, com algumas companheiras, a 15 de Dezembro de 1882, instituiu a Congregação das Irmãs Sacramentinas de Bergamo, para a adoração de Jesus na Eucaristia. Faleceu na Casa por ela fundada, no dia 9 de Agosto de 1926.
Catarina Volpicelli nasceu em Nápoles, a 21 de Janeiro de 1839. Com as suas primeiras zeladoras, fundou as Servas do Sagrado Coração, a 1 de Julho de 1874, abertas a todos, sempre ao serviço da Igreja, dos últimos, dos sofredores e da juventude. Mandou construir o Santuário dedicado ao Coração de Jesus, ao lado da Casa Geral, para a adoração permanente pelo sustento da Igreja. Morreu em Nápoles a 28 de Dezembro de 1894.
Beato Nuno de Santa Maria
Espírito contemplativo
Nuno Álvares Pereira, depois de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, porque então vivia no retiro, conveniente para poder sem estorvo empregar todas as potências da alma no Senhor que contemplava.
Amor à Eucaristia
«Esta a resposta que o Nuno costumava dar aos que notavam a sua frequência à mesa Eucarística: Que se alguém o quisesse ver vencido, pretendesse afastá-lo daquela Sagrada mesa em que Deus se dá em manjar aos homens, porque dela lhe resultava todo o esforço e fortaleza com que vencia e debelava seus contrários» (Papa Bento XV).
Devoção a Nossa Senhora
Nuno orava à Virgem Maria Senhora Nossa. Ao entrar no Convento de Nossa Senhora do Carmo, que mandou edificar, despojou-se de todos os títulos escolhendo para si o nome de «Frei Nuno de Santa Maria».
Pobreza, humildade e caridade
Nuno, o homem mais rico de Portugal, por amor de Deus fez-se pobre, inteiramente pobre. Distribuiu todos os seus bens pela Igreja, pelos pobres, pela família e pelos antigos companheiros de armas.
Despojado de tudo pede por caridade. Só por ordem do Rei é que deixou de andar pelas ruas a pedir esmola para os pobres. Do que o Rei lhe mandava para seu sustento, distribuía tudo o que podia pelos pobres, socorrendo e assistindo na agonia os moribundos.
Mais caritativo era para com o seu próximo quando havia oportunidade de o socorrer nas enfermidades. Assistia os pobres nas doenças, não só com os alimentos necessários, mas com as ofertas que lhes dava.
Texto que será distribuído aos peregrinos pelo Vaticano
(Fonte: site Agência Ecclesia)
Sem comentários:
Enviar um comentário