4. A paz do Reino
46. De qual paz se trata? «Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá» (Jo 14, 27), diz-nos Jesus. Porque a paz do mundo é precária e frágil. A paz verdadeira é-nos oferecida à maneira de Cristo e em Cristo: «Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro da separação e suprimido em sua carne a inimizade (…) a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz (…) por meio da cruz, na qual ele matou a inimizade. Assim, ele veio e anunciou a paz a vós que estáveis longe e paz aos que estavam perto, pois, por meio dele, nós, judeus e gentios, num só Espírito, temos acesso ao Pai» ( Ef 2,14-18).
47. A missão de servir a paz há-de consistir, para nós, em construi-la em cada um dos membros do Corpo de Cristo, para que todos nós nos tornemos mulheres e homens novos, capazes de operar esta pacificação de África. A paz, com efeito, não é antes de tudo produto das estruturas ou de pessoas externas. Ela nasce sobretudo dentro, no interior das pessoas individuais e das próprias comunidades. A conversão do coração «num coração novo» e «num espírito novo» (Ez 36,26) é a fonte de uma acção transformadora eficaz. Graças a uma vida autêntica de discípulo, fruto da metanóia (cf. Mc 1,15), esperamos a transformação dos comportamentos, dos hábitos e das mentalidades. A nossa identidade de discípulos revela-se, então, essencial para a transformação da nossa sociedade, e do mundo em geral, num mundo melhor, mais verdadeiro, mais justo, mais pacifico, mais reconciliado, mais fraterno e mais feliz, e isto com a colaboração de todos os homens de boa vontade. Deste modo, as pessoas desanimadas pela vida por causa dos conflitos políticos incessantes, das guerras cíclicas, da pobreza e das injustiças sociais, políticas e económicas hão-de reencontrar a esperança e o gosto de viver.
INSTRUMENTUM LABORIS III, 1, 46-47
(Fonte: site da Santa Sé)
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