Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Reflexões teológicas sobre o tema do sínodo (1)

1. Os discípulos de Cristo como “Sal” e “Luz”

O contexto da Palavra de Jesus

35. No seu ensinamento do Sermão da Montanha em Mt 5,3-10, Jesus introduz-nos na visão da sua missão: fazer entrar no Reino de seu Pai os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os construtores de paz e aqueles que são perseguidos por causa da justiça. Deste modo, todos aqueles que são seus discípulos devem colaborar para a vinda deste Reino, dando atenção aos afamados, ao doente, ao estrangeiro, ao humilhado (que está nu), ao prisioneiro. Porque diz o Senhor, «cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25,40).

A tradução em acções da visão de Cristo

36. Para que esta visão se torne realidade, Jesus compromete ainda mais os seus discípulos. Prepara-os para viver com ele a perseguição, os insultos e toda a espécie de infâmia «por minha causa» (Mt 5,11). Assim, empenhar-se a seguir Cristo, na sua missão, é aceitar sofrer com ele para partilhar a sua glória, como o atesta a vida dos santos do nosso continente, especialmente nos últimos séculos, os mártires do Uganda (Carlos Lwanga e seus companheiros [martirizados entre 1885-1887]), os santos Daniel Comboni (1831-1881), Josefina Bakhita (1869-1947), os Bem-aventurados Charles de Foucauld (1858-1916), Victoire Rasoamanarivo (1848-1894), Isidoro Bakanja (v. 1880/1890-1909), Cipriano Miguel Iwene Tansi (1903-1964), Clementina Nengapeta Anuarite (1941-1964). Eles foram “sal” nas terras onde viveram, e “luz” no mundo que os viu viver.

37. Os dois símbolos do sal e da luz exprimem uma dupla dimensão na identidade do discípulo. A imagem do “sal da terra” caracteriza os discípulos como agentes de transformação no meio de suas irmãs e irmãos humanos que habitam a terra. Com efeito, assim como o sal altera o sabor dos alimentos nos quais é colocado, assim também os discípulos de Cristo são chamados a viver de maneira a dar ao seu meio um melhor sabor de humanidade. Este impacto da vida do discípulo escapa ao olhar, tal como o sal que se dissolve e se torna invisível. É no gosto que o mundo sentirá o efeito transformador da presença eficaz do discípulo. Os santos e bem aventurados que a Igreja propôs como exemplo aos cristãos ilustram, pelas suas vidas, a eficácia do testemunho cristão na vida da sociedade, porque a sua acção não deixou nenhuma das suas sociedades indiferentes. E é preciso acreditar que, como o sal conserva, purifica e protege, uma vida santa conserva o que há de melhor na humanidade (seus valores autênticos) e a protege da degeneração (cf. Gn 18,17-33).

38. Quanto à segunda imagem, ela convida os discípulos a se identificarem com a “luz do mundo”. Jesus não os encoraja a darem-se em espectáculo; até porque ele denuncia os hipócritas (cf. Mt 6,1ss). Mas de qualquer modo, a luz, destinada a iluminar, não se pode esconder; à semelhança de uma cidade elevada sobre um monte, ela será sempre visível (cf. Mt 5,14-16). Por outras palavras, o discípulo que ilumina não pode passar despercebido. Trata-se, então, de ser uma luz que ilumina os homens e tudo aquilo que os desumaniza, tornando-o visível e inteligível, pelas “boas obras”: nutrir aqueles que têm fome, dar de beber aqueles que têm sede, acolher o estrangeiro, vestir o que está nu, visitar os doentes e os idosos, cuidar dos prisioneiros, etc. (cf. Mt 25,35-36). A vida de uma comunidade eclesial que incarna a Palavra torna-se desde logo uma lâmpada sobre o trilho da sociedade em geral, para que evitemos os caminhos de morte e enveredemos cada vez mais por aqueles que conduzem à vida, ou seja, no seguimento de Jesus, «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6).

39. Em síntese, por meio destas duas imagens, Jesus interpela profundamente os que o escutam a transformar a sociedade humana pelo seu ser e a mostrar, através do seu exemplo de vida, as vias que conduzem ao Reino de Deus, prometido àqueles e àquelas que são oprimidos e maltratados, àqueles que são abandonados à sua sorte pela sociedade. O Reino aparece desde logo como a terra da consolação, da saciedade, da misericórdia, herdada pelos filhos e filhas de Deus. Propaga-se através da acção do discípulo, servo sensível a todos os sofrimentos humanos, traduzindo em acto a oração que Jesus nos ensinou: «Pai […] que o teu reino venha!» (Mt 6,10).


INSTRUMENTUM LABORIS III, 1, 35-39


(Fonte: site da Santa Sé)

Sem comentários: