Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Denúncia razoável das causas da crise económica

A Igreja tem o dever da denúncia razoável e ponderada dos erros que provocaram a actual crise económica, afirmou Bento XVI durante o tradicional encontro de início da Quaresma com os párocos e os sacerdotes da Diocese de Roma, realizado na manhã de 26 de Fevereiro na Sala da Bênção. Este dever faz sempre parte da missão da Igreja. E há-de ser exercido com coragem, de modo concreto, sem recorrer a moralismos, mas motivando-o com razões práticas e compreensíveis para todos.
O tema da crise global que hoje investe a economia e as finanças esteve no centro de uma das oito perguntas dirigidas ao Papa pelos sacerdotes romanos durante o encontro. As outras perguntas foram sobre temas de actualidade pastoral: da formação dos presbíteros à evangelização daqueles que se encontram distantes da fé, da emergência educativa à acção caritativa, do valor da liturgia ao significado do ministério do Bispo de Roma, da Palavra de Deus ao Concílio Vaticano II.
Interpelado pelo pároco de uma comunidade da periferia romana, Bento XVI referiu-se à sua próxima Encíclica social, propondo uma leitura sintética da crise fundada sobre dois níveis de análise. O primeiro macroeconómico põe em evidência os defeitos de um sistema alicerçado na idolatria do dinheiro e do egoísmo, que obscurecem a razão e a vontade do homem, levando-o a escolher caminhos errados. É aqui que a voz da Igreja é chamada a fazer-se ouvir a níveis nacional e internacional a fim de contribuir para corrigir o rumo. E assim indicar o caminho da razão recta, iluminada pela fé: em última análise, o caminho da renúncia a si mesmo e da atenção às necessidades do próximo.
Quanto ao segundo nível, microeconómico, o Santo Padre recordou que os grandes projectos de reforma não podem realizar-se completamente, sem uma mudança de rota individual. Se não houver os justos, não poderá haver sequer a justiça. Daqui, o convite a intensificar o trabalho humilde e quotidiano da conversão dos corações: um trabalho que compromete sobretudo as paróquias, cuja actividade não está limitada unicamente à comunidade local, mas abre-se a toda a comunidade.
Este tema foi retomado também na resposta a uma pergunta dedicada à evangelização daqueles que se encontram distantes da fé. Os cristãos devem ser fermento de justiça, integridade moral e caridade, pois a sociedade tem necessidade de pessoas que vivam não para si mesmas, mas para os outros.
Este aspecto do testemunho deve estar unido ao da palavra: com efeito, é a primeira que dá credibilidade à segunda, revelando que a fé não é uma filosofia nem uma utopia, mas uma realidade que faz viver. Por isso, para esta obra de evangelização são necessários sacerdotes e catequistas formados culturalmente, mas sobretudo capazes de falar ao homem contemporâneo com a simplicidade da verdade. Para lhe mostrar que Deus, na realidade, não é um ser distante, mas uma Pessoa que fala e age na vida de cada um. Também aqui é precioso o papel do pároco, que no seu trabalho pastoral encontra os homens sem máscara, nas situações de alegria e de sofrimento que fazem parte da vida quotidiana.
Um lugar privilegiado para fazer a experiência da proximidade de Deus é a liturgia. O Papa apresentou-a essencialmente como uma escola para aprender a arte de ser homem e para experimentar a familiaridade de Cristo. Neste sentido, a catequese sacramental é também uma catequese existencial, porque mostra que a liturgia não é uma realidade misteriosa e distante, mas sim o coração do ser cristão e, ao mesmo tempo, gera no fiel a abertura ao próximo e ao mundo.
A Eucaristia, em particular, deve ser vivida como sinal e semente de caridade. O Papa recordou-o, explicando o significado da missão do Bispo de Roma, que é garantia da universalidade da Igreja. Com efeito, ela não se identifica com qualquer cultura, porque transcende nacionalismos e fronteiras para acolher todos os povos no respeito pelas riquezas e peculiaridades.
A cultura esteve também no cerne da resposta do Papa a uma pergunta sobre a emergência educativa. Hoje sabem-se muitas coisas, mas falta o coração. Falta uma visão comum do mundo, falta uma orientação ética que permita ao homem não ser vítima do arbítrio. Assim, enquanto a fé permanece aberta a todas as culturas, constitui inclusive o seu critério de discernimento e o seu ponto de orientação. Enfim, o Papa repropôs o tema do anúncio da Palavra de Deus, indicando na atitude de escuta de Maria o modelo para cada fiel.
No próximo número publicaremos na íntegra o diálogo de Bento XVI com os párocos e sacerdotes da Diocese.

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