“Venho ter convosco como pastor. Venho para confirmar os meus irmãos e irmãs na fé. Foi este o dever que Cristo confiou a Pedro na Última Ceia, e é esta a função dos sucessores de Pedro”.
Após amplas saudações às personalidades civis e religiosas presentes no aeroporto para o acolher, foi com estas palavras que o Papa se dirigiu aos habitantes da República dos Camarões. Bento XVI recordou que havia africanos “em Jerusalém, no dia de Pentecostes, quando Pedro pregou à multidão” e evocou “o testemunho de muitos e grandes Santos deste continente durante os primeiros séculos do cristianismo”: desde logo, São Cipriano, Santa Mónica, Santo Agostinho, Santo Atanásio, um testemunho que “assegura à África um lugar de distinção nos anais da história da Igreja”. A Igreja em África – sublinhou o Papa - é hoje “abençoada com a presença de uns cento e cinquenta milhões de fiéis”. O Sucessor de Pedro vem, pois, à África para “celebrar a fé vivificante em Cristo, que sustenta e nutre um tão grande número de filhos e filhas deste continente”.
Evocando a visita a Yaoundé do seu predecessor, João Paulo II, que ali promulgou, em 1995, a Exortação Apostólica “Ecclesia in África”, recolhendo a reflexão da assembleia especial para a África, do Sínodo dos Bispos, celebrada em Roma no ano anterior, Bento XVI sublinhou a dimensão de esperança contida na mensagem cristã:
“Mesmo no meio dos maiores sofrimentos, a mensagem cristã traz sempre consigo a esperança. A vida de Santa Josefina Bakhita proporciona um admirável exemplo da transformação que o encontro com o Deus vivo pode gerar numa situação de grande sofrimento e injustiça. Diante da dor ou da violência, da pobreza ou da fome, da corrupção ou do abuso de poder, um cristão nunca pode ficar calado. Há que proclamar com força e clareza a mensagem salvífica do Evangelho, de modo que a luz de Cristo possa brilhar na escuridão da vida das pessoas.”
O Papa reconheceu que “em África, como em tantas outras partes do mundo, há inumeráveis homens e mulheres que anseiam por uma palavra de esperança e conforto” e evocou os “milhares de desalojados e necessitados, órfãos e viúvas” provocados por conflitos locais. “Num continente que no passado viu muitos de seus habitantes cruelmente raptados e levados para além-mar a fim de trabalhar como escravos (prosseguiu), o tráfico de seres humanos, especialmente de inermes mulheres e crianças, tornou-se uma moderna forma de escravatura. Num tempo de global escassez alimentar, de sérias perturbações financeiras, de modelos causadores de alterações climáticas, a África sofre desmedidamente”, com a fome, a pobreza e a doença”. Muitos africanos “clamam por reconciliação, justiça e paz; e isto é precisamente o que a Igreja lhes oferece”.
“Não novas formas de opressão económica ou política, mas a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Não a imposição de modelos culturais que ignoram o direito à vida dos nascituros, mas a pura água salvífica do Evangelho da vida. Não amargas rivalidades inter-étnicas ou inter-religiosas, mas a rectidão, a paz e a alegria do Reino de Deus, descrito de modo muito apropriado pelo Papa Paulo VI como «civilização do amor».”
(Fonte: site Radio Vaticana)
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