Lamento, mas não caio na esparrela de traduzir e publicar o texto de opinião constante na edição de Janeiro da Revista mensal dos Jesuítas italianos “Popoli”, os interessados encontrá-lo-ão em http://www.popoli.info/, pese embora a nota introdutória invocando a necessidade de se ouvir as razões da outra parte, tenho as mais sérias dúvidas que esta iniciativa contribua para a construção de um diálogo interconfessional profícuo.
Segundo o seu autor sentem-se os Rabinos italianos incomodados com a autorização dada por Bento XVI à celebração em latim usando o Missal tridentino no qual numa das orações de Sexta-feira Santa, se reza pela conversão dos hebreus à verdade da Igreja e à fé no papel salvífico de Jesus, sobretudo porque João XXII a havia suspendido, embora a não tenha abolido, e Bento XVI a reintroduziu, retirando-lhe no entanto terminologia susceptível de ser considerada ofensiva.
A razão aparente para esta tomada de posição, seria a recusa dos Rabinos italianos em participar no próximo dia 17 de Janeiro nas Jornadas sobre o Judaísmo proposta pela Conferência Episcopal Italiano, invocando-se uma série de “desencontros” nos últimos tempos, o que permite ao autor em nome da sua comunidade e referindo-se ao Santo Padre dizer “é evidente que estamos caminhando para a anulação dos últimos 50 anos de história da Igreja”.
Pessoalmente e na minha simplicidade e ignorância, vejo este episódio como uma reacção ao facto de Bento XVI não haver ainda confirmado a sua visita à Terra Santa, o que politicamente seria muito útil neste momento ao Estado de Israel, e porque não dizê-lo, na sua intransigente defesa de Pio XII tão vilipendiado pelos judeus.
Aliás, o dia de hoje fica igualmente marcado por um outro episódio triste a ocorrer em Itália, o chamado movimento “Deus não existe”, que já havia feito circular em Londres e hoje iniciou em Barcelona, autocarros públicos com publicidade paga com esta afirmação ofensiva “A má notícia é que Deus não existe, a boa é que não nos faz falta”, fez saber através do jornal “La Stampa” ter decidido estender a sua acção a Itália começando na cidade de Génova como forma de ataque ao Presidente da Conferência Episcopal Italiana e Arcebispo da cidade, Cardeal Angelo Bagnasco, que se pronunciou publicamente contra a denominada “Parada Gay” de Génova programada para o Dia de Corpo de Deus, 13 de Junho. Este prelado é conhecido pela firmeza das suas posições em questões de doutrina e inclusivamente foi alvo de ameaças tidas pelas autoridades como sérias e graves.
Razões de reserva pessoal e de salvaguarda do visado, não me permitem publicar dados sobre os quais me sinto obrigado a sigilo, posso no entanto assegurar-vos que o Cardeal Bagnasco é um grande expoente da Igreja Católica e terminar sugerindo-vos que rezem, como certamente já muitos de vós o fará, pelo Santo Padre, mas também por este Prelado que amanhã, dia 14 de Janeiro, completará 65 anos de idade.
(JPR)
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