Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Na homilia do Dia da Paz, o Cardeal Patriarca de Lisboa apelou para a salvaguarda do planeta Terra



Homilia de D. José Policarpo no Dia Mundial da Paz

1. Esta Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, é a celebração litúrgica de um dos dogmas da nossa fé: Jesus Cristo, Filho de Maria é divino, também na sua humanidade. O Homem, Jesus de Nazaré, que Maria trouxe no seu seio e deu à luz, é Filho de Deus, é divino na totalidade da sua Pessoa, portanto também na sua natureza humana. Ao afirmar que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus, a Igreja tornou clara a sua fé na divindade da humanidade de Jesus. Essa é a misteriosa verdade do insondável mistério da encarnação do Filho eterno de Deus.

Acreditar que o Homem Jesus de Nazaré é o Filho de Deus traz a relação de Deus com os homens e destes com Deus para o âmago das relações humanas, não apenas de cada homem com Jesus Cristo, mas dos homens entre si, a partir de Jesus Cristo. Isso é a Redenção, porque o pecado não adulterou apenas as relações dos homens com Deus, mas dos homens entre si. E estas só se transformarão em ordem à construção da fraternidade, da justiça e da paz, se no âmbito das relações humanas, em que entra Jesus Cristo, os homens se abrirem à dimensão transcendente do homem e da comunidade humana. Desde que um homem, nascido de uma mulher, é divino, todos os caminhos pelos quais a humanidade, ao longo da sua história, procuram construir uma sociedade digna do homem, têm de ser caminhos de diálogo e passam, necessariamente, pelo diálogo dos homens com Deus, em Jesus Cristo. O facto de Deus se ter feito Homem torna-se um elemento decisivo na construção da dignidade humana, dado inspirador da cultura e da civilização. Nenhuma das grandes causas da civilização, o desenvolvimento, a construção da justiça e da paz, pode desconhecer esta realidade nova da humanidade. E Maria, a mulher que ao dar à luz um Filho se tornou Mãe de Deus, fica igualmente comprometida com todas as grandes causas da humanidade. A Igreja exprimiu esta confiança radicada na sua fé, ao proclamar o “Dia Mundial da Paz”, na consciência de que a paz é o principal fruto de todos os esforços de civilização.

2. A Igreja tem consciência da sua responsabilidade em todas as grandes causas da humanidade, na busca da superação dos problemas com que esta se confronta em cada tempo, e os obreiros dessa contribuição da Igreja para o progresso da civilização são todos os cristãos, inseridos no realismo da cidade dos homens, eles que na sua fé dão densidade real a esse novo diálogo dos homens com Deus. A Igreja é necessária às grandes causas da humanidade. O Santo Padre Bento XVI afirmou-o claramente na sua recente Encíclica: “A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do ser humano, da sua dignidade, da sua vocação”. O Santo Padre não fala de uma verdade teórica, mas de uma “verdade para cumprir”, isto é, para pôr em prática, porque a verdade que a Igreja aprende de Jesus Cristo identifica-se com a caridade, e o amor é o dinamismo que pode transformar a sociedade. E acrescenta: “Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável” (1).

E na sua Mensagem para este Dia Mundial da Paz, centrada nos problemas ecológicos, reafirma esta responsabilidade da Igreja: “A Igreja tem a sua parte de responsabilidade pela criação e sente que a deve exercer também em âmbito público, para defender a terra, a água e o ar, dádivas feitas por Deus Criador a todos, e antes de tudo para proteger o homem contra o perigo da destruição de si mesmo” (2).

Os meios de que a Igreja dispõe para realizar a sua missão na transformação da sociedade são vários. Antes de mais o seu ensinamento, expressão desse novo diálogo entre os homens e Deus, que aponta os caminhos dessa “verdade para cumprir” e que contribui significativamente para a formação de uma consciência colectiva dos caminhos a seguir para a construção da comunidade humana. Mas o meio de que dispõe, que pode ser o mais eficaz, é a acção dos cristãos no seio da sociedade, o que supõe que formam a sua consciência e se abrem generosamente a um ideal de humanidade que brota da sua fé em Jesus Cristo. A Igreja sempre considerou esse empenhamento dos cristãos na transformação da cidade dos homens, uma concretização da missão de anunciar e construir o Reino de Deus.

3. O primeiro desafio que nos lança essa “verdade para cumprir” é o saber olhar com verdade, o que supõe a objectividade de análise, para os problemas reais de uma sociedade concreta, num tempo determinado, na consciência de que, nesta época de globalização, os grandes problemas são comuns a toda a família humana, como o são, por exemplo, a salvaguarda do planeta Terra, a casa onde habitamos, a construção da paz, a vitória contra a violência, a promoção da justiça, de modo particular nos sistemas económico-financeiros e sociais. E se os problemas são globais, a busca de soluções tem igualmente de o ser, o que supõe aprofundar a consciência da responsabilidade de cada homem por todos os homens. A humanidade está, como nunca, perante o desafio de renovação de civilização.

Também entre nós os grandes problemas com que nos debatemos têm, inevitavelmente, essa dimensão global, o que exige a integração progressiva de Portugal na comunidade das nações. A opinião pública portuguesa tem sido mobilizada na atenção a prestar a problemas específicos: a crise económica, a violência crescente, a eficácia do sistema judicial, a corrupção, a luta contra a degradação do ambiente. Os meios de comunicação social exercem um papel decisivo nesta formação da opinião pública, o que lhes traz uma responsabilidade acrescida na busca objectiva da verdade. O que o Santo Padre lhes pede no campo da ecologia pode estender-se a todos estes âmbitos. Diz o Papa: “É preciso lembrar a responsabilidade dos meios de comunicação social neste âmbito, propondo modelos positivos que sirvam de inspiração” (3). Mas só será inspiradora de caminhos positivos para a resolução dos problemas da sociedade a informação que tenha a preocupação da verdade e da promoção do bem-comum.

Por vezes, parece esquecer-se, na busca de soluções, que estes problemas estão interligados, são causa-efeito uns dos outros e que exigem caminhos de solução de outra ordem e de outro âmbito. A propósito da ecologia, diz Bento XVI: “A salvaguarda da criação e a realização da paz são realidades intimamente ligadas entre si” (4). O mesmo se pode dizer da relação existente entre desmandos como a corrupção e a violência e a promoção da justiça. Administrar a justiça numa sociedade em que as pessoas e as instituições não procuram ser justas é tarefa árdua e complexa. Vale o princípio de que só homens justos podem promover a justiça. Para além da busca de soluções sectoriais, estamos perante um desafio de civilização, onde haja clareza de valores a promover e a defender. Trata-se de um paradigma de humanidade, lúcido na sua definição, possível na sua implementação. Neste rever dos paradigmas civilizacionais, a cultura em todas as suas expressões, tem um papel insubstituível. O pragmatismo dos problemas sofridos e da busca de soluções leva as sociedades, desde os seus responsáveis aos diversos corpos sociais, a perder esse pano de fundo comum a todo o progresso social que é a cultura num quadro civilizacional. Volto a citar o Santo Padre na Mensagem que dirigiu hoje ao mundo e cujo tema é o respeito pela criação: “A degradação da natureza está intimamente ligada à cultura que molda a convivência humana (…). Não se pode pedir aos jovens que respeitem o ambiente, se não são ajudados, em família e na sociedade, a respeitar-se a si mesmos; o livro da natureza é único, tanto sobre a vertente do ambiente como sobre a ética pessoal, familiar e social” (5).

Se percebermos que a solução para todos estes graves problemas da sociedade exige uma profunda revolução cultural e civilizacional, talvez passemos a pôr o acento onde ele deve ser posto: na educação, na família, na comunicação social, nas estruturas culturais, no fundo, na formação para a liberdade, cujo exercício legítimo supõe sempre a responsabilidade da promoção do bem-comum. O exercício da liberdade deve ser inspirado, não pelos egoísmos de cada um, mas por um ideal generoso de humanidade. Espanta-me que se façam cimeiras sectoriais, sobre a preservação do ambiente, sobre a economia, sobre a crise financeira e que ainda não se tivesse dado o mesmo relevo a cimeiras de aprofundamento civilizacional. As próprias instituições que, no quadro internacional, têm essa finalidade, acabam por ser secundarizadas pela premência da busca de soluções sectoriais. Discutamos seriamente que humanidade queremos ser para legar aos nossos vindouros.

4. Num quadro de globalização, este debate tem de passar por um diálogo entre civilizações, onde a Igreja e as grandes religiões da humanidade têm a dar um contributo indispensável. Podem ajudar a fazer síntese entre valores perenes e inalienáveis para quem quer salvar a humanidade, e as expressões transitórias próprias de cada tempo e de cada povo: o respeito pela criação como dom de Deus e pela lei natural que não se pode agredir ao sabor de tendências ou necessidades de grupos específicos em tempo determinado; a generosidade que leva ao dom e à vitória sobre todos os egoísmos: a busca incansável da verdade, a prevalência do bem-comum sobre interesses individuais, valores que deveriam tornar-se património assumido por toda a humanidade.

Termino como o Santo Padre encerra a sua Mensagem para este dia, qual actualização da bênção de Aarão: “O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz” (Num. 9,26). “Convido todos os crentes a elevarem a Deus, Criador omnipotente e Pai misericordioso, a sua oração fervorosa, para que no coração de cada homem e de cada mulher ressoe, seja acolhido e vivido, o premente apelo: se quiseres cultivar a paz, preserva a Criação” (6).

Paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Oeiras, 1 de Janeiro de 2010

† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

(Fonte: site Agência Ecclesia)

O Angelus do dia 1 de Janeiro de 2010 (versão integral)

Ao Angelus, Papa dirige apelo às consciências dos que fazem parte de grupos armados


Ao meio-dia, dirigindo-se, da janela dos seus aposentos sobre a Praça de São Pedro aos milhares de pessoas ali concentradas para a recitação do Angelus e a quantos o seguiam através da rádio e da televisão, Bento XVI exprimiu os seus votos de um Bom Ano:

“A todos desejo que o ano agora iniciado seja um tempo em que, com a ajuda do Senhor, possamos ir ao encontro de Cristo, da vontade de Deus, e assim melhorar também este nosso mundo”.

Aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa reservou uma saudação especial:

“A todos os povos e nações de língua portuguesa - nominalmente aos peregrinos vindos de Angola - aos seus lares e comunidades, aos seus governantes e instituições, desejo a paz do Céu, que hoje vemos reclinada nos braços da Virgem Mãe. Feliz Ano Novo!”

Na sua alocução antes do Angelus, Bento XVI recordou o tema desta Jornada Mundial da Paz, começando por observar que “um objectivo que todos podem compartilhar – e que é condição indispensável para a paz – é o de administrar com justiça e sapiência os recursos naturais da Terra”.

“Neste momento, quereria sublinhar a importância que, na tutela do ambiente, têm também as opções de cada um, das famílias e das administrações locais. Torna-se indispensável uma efectiva mudança de mentalidade que leve todos a adoptar novos estilos de vida”.

Também neste campo – sublinhou - é fundamental a educação: para aprender a respeitar a natureza e para que cada um se oriente cada vez mais a construir a paz a partir de opções de amplo horizonte, a nível pessoal, familiar, comunitária e político.

Recordando o respeito devido à vida humana, o Papa aproveitou a especial solenidade deste primeiro dia do ano, jornada da paz, para dirigir “um apelo às consciências de todos os que fazem parte de grupos armados de qualquer tipo”:

“A todos e a cada um, digo: parai, reflecti, abandonai a via da violência! De momento, este passo pode parecer-vos impossível, mas, se tiverdes a coragem de o dar, Deus vos ajudará, e sentireis voltar aos vossos corações a alegria da paz, que porventura há muito tínheis esquecido. Confio este apelo à intercessão da Santíssima Mãe de Deus, Maria”.

A concluir, o Papa referiu ainda a marcha intitulada “Paz em todas as terras”, promovida pela Comunidade de Santo Egídio em Roma e em muitos países, exprimindo o seu apoio e proximidade espiritual a esta e outras iniciativas a favor da paz, da parte de outras associações ou movimentos eclesiais.

(Fonte: site Radio Vaticana)

O Vaticano recorda os 37 religiosos assassinados durante o ano de 2009



Vídeo em espanhol

A Fides, agência da Santa Sé para o mundo missionário, revelou que 37 agentes pastorais foram assassinados enquanto desempenhavam a sua missão nos cinco continentes, no ano de 2009. O número é praticamente o dobro em relação a 2008 (20) e o mais alto na última década.

O elenco destas mortes refere-se não só aos missionários “ad gentes”, mas a todo o pessoal eclesiástico que faleceu de forma violenta ou que sacrificou a sua vida consciente do risco que corria.

As 37 mortes ocorridas em 2009 referem-se a 30 sacerdotes, duas religiosas, dois seminaristas e três voluntários, leigos.

Esta Quarta-feira, 30 de Dezembro, a Fides publicou um elenco com notas biográficas, informações sobre a circunstância das mortes e uma panorâmica por continentes.

Na análise por continentes, chega-se à conclusão de que este foi um ano particularmente dramático na América, onde tiveram lugar 23 mortes (18 sacerdotes, dois seminaristas, uma religiosa e dois leigos). Em África morreram nove sacerdotes, uma religiosa e um leigo. A Ásia registou a morte de dois padres católicos e a Europa de um sacerdote.

Por países, a pior situação regista-se no Brasil, com seis mortes de sacerdotes, a par da Colômbia, onde foram assassinados cinco padres e um leigo.

Em África, na República Democrática do Congo contabilizaram-se as mortes de dois sacerdotes, uma religiosa e um leigo da Caritas. Quatro padres católicos foram mortos na África do Sul.

A Fides explica que entre os membros desta lista “provisória”, muitos “foram vítimas da própria violência que estavam a combater ou da disponibilidade para ir ao encontro dos outros, colocando em segundo plano a sua segurança pessoal”. Muitos foram assassinados em tentativas de assalto ou sequestro.

Os números da Agência mostram que desde 1980 morreram 949 missionários, com destaque para as vítimas provocadas pelo genocídio do Ruanda, em 1994. Desde 2001 houve já 230 mortes registadas pela agência Fides

(Fonte: site Radio Vaticana)

No Dia Mundial da Paz, apelo do Papa a investir na educação, para uma responsabilidade ecológica baseada no respeito do homem


Na homilia da solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, Dia Mundial da Paz, Bento XVI reflectiu sobre “Rosto de Deus e rostos dos homens”, um tema que – observou - “oferece também uma chave de leitura do problema da paz no mundo”.

Ponto de partida - a bênção contida na primeira leitura e no Salmo responsorial: “O Senhor faça resplandecer sobre ti o seu rosto” e “Deus nos bendiga e sobre nós faça resplandecer o seu rosto”. “O rosto – fez notar Bento XVI - é a expressão por excelência da pessoa, aquilo que a torna reconhecível e de onde transparecem sentimentos, pensamentos, intenções do coração”.

Deus é, por natureza, invisível, e contudo a Bíblia aplica-lhe esta imagem. Mostrar o rosto é expressão da Sua benevolência. Toda a Bíblia pode ser lida como um progressivo desvelar do rosto de Deus até à sua plena manifestação em Cristo Jesus. Como recorda na segunda leitura o apóstolo Paulo, “quando chegou a plenitude do tempo, Deus mandou o seu Filho, nascido de mulher”.

O rosto de Deus assumiu um rosto humano, deixando-se ver e reconhecer no filho da Virgem Maria, que por isso veneramos com o elevadíssimo título de “Mãe de Deus”. Foi ela a primeira a ver o rosto de Deus feito homem no pequeno fruto do seu seio.

“A mãe tem uma relação muito especial, única e de algum modo exclusiva com o filho recém-nascido. O primeiro rosto que a criança vê é o rosto da mãe, um olhar que é decisivo para a sua relação com a vida, consigo mesmo, com os outros, com Deus. Decisivo também para que se possa tornar um filho da paz”.

Bento XVI evocou, neste contexto, um dos ícones marianos da tradição bizantina – a chamada “Virgem da ternura”, que representa o menino Jesus com o rosto apoiado, com a face encostada à face da mãe, a qual pousa sobre nós o seu olhar, como que a reflectir a ternura de Deus, que incarnou naquele Filho de homem que tem ao colo.

“Neste ícone mariano podemos contemplar algo do próprio Deus: um sinal do amor inefável que o levou a dar o seu filho unigénito. Mas este mesmo ícone mostra-nos também, em Maria, a Igreja, que reflecte sobre nós e sobre o mundo inteiro a luz de Cristo, a Igreja, mediante a qual chega a cada homem a boa notícia”.

E foi destas reflexões iniciais que o Papa passou ao tema do Dia mundial da paz:

“Meditar sobre o mistério do rosto de Deus e do homem é uma via privilegiada que conduz à paz. Esta começa, de facto, de um olhar respeitoso, que reconhece no rosto do outro uma pessoa, qualquer que seja a cor da sua pele, a sua nacionalidade, a sua língua, a sua religião”.

Mas só Deus pode garantir, por assim dizer, a “profundidade” do rosto do homem:

“Só se tivermos Deus no coração é que estamos em condições de captar no rosto do outro um irmão em humanidade, não um meio mas um fim, não um rival ou um inimigo, mas um outro eu, um aspecto do infinito mistério do ser humano”.

É que – explicou o Papa – “a nossa percepção do mundo e, em particular, dos nossos semelhantes, depende essencialmente da presença em nós do Espírito de Deus. É uma espécie de ressonância”. “Se somos habitados por Deus, somo também mais sensíveis à sua presença no que nos circunda: em todas as criaturas, e especialmente nos outros homens”.

“Para nos reconhecermos e respeitarmos como somos realmente, isto é, irmãos, temos necessidade de nos referirmos ao rosto de um Pai comum, que nos ama a todos, apesar dos nossos limites e dos nossos erros. Desde pequenos, é importante sermos educados ao respeito do outro, mesmo quando é diferente de nós.

Hoje em dia, é cada vez mais frequente a experiência de turmas escolares compostas por crianças de várias nacionalidades, mas mesmo quanto tal não acontece, os seus rostos são uma profecia da humanidade que estamos chamados a formar: uma família de famílias e de povos”.

“Os rostos das crianças são como que um reflexo da visão de Deus sobre o mundo. Para quê, então, extinguir os seus sorrisos? Para quê, envenenar os seus corações?” – interrogou-se Bento XVI, que evocou as “dolorosas imagens de tantas crianças com suas mães mergulhadas em situações de guerra e de violências: prófugos, refugiados, migrantes forçados. Rostos marcados pela fome e pelas doenças, rostos desfigurados pelo sofrimento e pelo desespero”.

“Os rosto dos pequenos inocentes são um apelo silencioso à nossa responsabilidade: perante a sua condição inerme, caem todas as falsas justificações da guerra e da violência. Devemos simplesmente converter-nos a projectos de paz, depor as armas de todo e qualquer tipo e empenhar-nos em construir juntos um mundo mais digno do homem”.

A concluir a sua homilia nesta Missa de 1 de Janeiro, na basílica de São Pedro, Bento XVI referiu o tema desta Jornada Mundial da paz” – “Se queres cultivar a paz, defende a criação”, situando também este tema na perspectiva do rosto de Deus e dos rostos humanos. O homem só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver no seu espírito um pleno sentido da vida – observou o Papa. Caso contrário, será levado a desprezar-se a si mesmo e aquilo que o rodeia, a não ter respeito pelo ambiente em que vive.

A perspectiva do “rosto” convida a pensar na “ecologia humana”. De facto, existe um elo muito estreito entre o respeito do homem e a salvaguarda da criação: “os deveres para com o ambiente derivam dos deveres para com a pessoa considerada em si mesma e em relação aos outros”. “Quando se respeita na sociedade a ecologia humana, disso beneficia também a ecologia ambiental”.

“Renovo portanto o meu apelo a investir na educação, propondo-se como objectivo, para além da necessária transmissão de noções técnico-científicas, uma responsabilidade ecológica mais ampla e aprofundada, baseada no respeito pelo homem e pelos seus direitos e deveres fundamentais. Só assim o empenho pelo ambiente se pode tornar verdadeiramente educação para a paz e construção da paz”.

(Fonte: site Radio Vaticana)

Beatae Mariae Virginis - Lindíssimas antífonas marianas em Gregoriano

5 anos da Paróquia de Telheiras

No passado mês de Dezembro, publicou-se nas páginas 14 a 19 do 1º número do Viva Telheiras - a revista anual do bairro -, uma entrevista com o Sr. Prior, transmitida aqui na íntegra:

Criada em 2004, a Paróquia de Telheiras tem como limites a Av. das Nações Unidas e o Eixo N-S a norte, a Av. Pde. Cruz a nascente, a 2ª Circular a sul e a poente a Estª da Luz, Trª do Seminário, a rua Fernando Namora, Azª da Torre do Fato até à Av. Nações Unidas. Tem como prior o Pe. Rui Rosas da Silva, de 68 anos, natural da Maia, doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma) em 1993. Foi director de residências universitárias e professor do liceu em Coimbra e na Figueira da Foz, além de director e também professor do Colégio Planalto. Ordenou-se em Roma com 52 anos e pertence à Prelatura do Opus Dei. Foi nomeado pelo Senhor Cardeal Patriarca primeiro pároco de Telheiras, em 2004.

P. - Pe. Rui, desde a sua chegada até hoje, como foi a sua relação com a comunidade de fiéis?

Pe. Rui – Quando cheguei a Telheiras, já conhecia a igreja. Dadas as minhas funções no Planalto, trouxe aqui num ano a fazer a sua Primeira Comunhão um grupo de alunos. Confesso que não tive dificuldades no relacionamento com as pessoas. Isto não é uma virtude, mas uma constatação de facto. Julgo que me dei e dou bem com os paroquianos. A primeira incumbência que me coube foi a de melhorar a igreja, que já estava em obras, sob o ponto de vista de instalações. Foi necessário restaurá-la. E gostaria de prestar homenagem a todos os sacerdotes que aqui trabalharam antes de mim, pois todos fizeram o que podiam. Destaco, dum modo especial, os Padres Marianos e também o actual prior do Lumiar, que os antecedeu. Recordo ainda os Franciscanos da Luz e as Irmãs Doroteias do Campo Grande, que nos anos quarenta conseguiram dar de novo culto à Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu, transformada em oficina de serralharia após a implantação da República. Curiosamente, descobriram a Imagem de Nossa Senhora da Porta do Céu num galinheiro de Telheiras. Na altura, para a trazer para o seu templo, organizaram uma procissão, em que os homens da zona foram convidados a acompanhá-la de bicicleta, a fim de que nela participassem efectivamente.

Ainda a este respeito, gostaria de fazer referência ao empenho posto pelo Marquês de Pombal, na altura Escrivão da Irmandade de Nossa Senhora do Céu, a quem se deve a reconstrução da Igreja, após a sua destruição no Terramoto de 1755. Nos meus dois primeiros anos de paroquialidade, houve certa dificuldade em celebrar as missas dominicais, porque a igreja, como referi, esteve em obras. Por isso, tivemos de recorrer à capela do Planalto, à das Irmãs da Clínica de S. José e, por fim, ao auditório da Biblioteca Professor Orlando Ribeiro. Contudo, logo que foi possível dispor do actual salão da igreja, que a EPUL, dentro do acordo feito com o Patriarcado, habilitou, começámos a celebrar aí a Eucaristia diariamente, excepção feita aos domingos de manhã. Coube também à EPUL restaurar o telhado, as paredes exteriores e a retaguarda do edifício. Tendo sido criado na paróquia o Conselho Económico, órgão consultivo do pároco, abalançámo-nos a refazer e melhorar o interior da Igreja, dotando-a de novo retábulo, altar, ambão, pia baptismal, sacrário, bancos, nova instalação eléctrica e sonora, aquecimento através de pisos radiantes, etc. Estas obras importaram, números redondos, em 270.000 Euros, dos quais 100.000 por empréstimo bancário. Felizmente, a generosidade dos paroquianos foi excelente, pelo que já se conseguiram saldar todas estas despesas até ao fim de 2008. E dois anos antes, o Senhor Cardeal Patriarca pôde vir abençoar e reabrir ao culto a igreja renovada e restaurada, no mês de Maio.

P. – Porque ficou por pôr o sino e o relógio na torre da Igreja?

Pe. Rui – Porque tenho uma promessa interessante de oferta do sino e do relógio, que pode ser cumprida na nova igreja, que terá de ser construída (estou a pensar iniciar as diligências para esta obra nos finais do próximo ano). É realmente necessário edificar uma nova igreja, dotada com instalações de apoio habituais à paróquia, porque esta é manifestamente pequena, não só porque tem crescido o número de pessoas nas missas, como também porque as dependências para albergar os escuteiros, os serviços de atendimento, secretaria, etc., são muito exíguas e inadequadas.

P. – Qual o maior desafio ao nível espiritual e pastoral para os próximos anos?

Pe. Rui – Sublinharia dois, entre outros. Por um lado, as vocações sacerdotais. É preciso fomentá-las, sobretudo entre os jovens. E uma paróquia é um lugar privilegiado para as fazer nascer. Estamos a viver, por determinação de Bento XVI, o Ano Sacerdotal, e certamente o tema das vocações é nele muito recorrente.

O segundo diz respeito, numa época de crise económica e de desemprego, a ajudar caritativamente os mais necessitados. As igrejas são um foco de atracção deste tipo de pessoas, porque sabem que aí se procura pôr em prática os ensinamentos de Jesus Cristo.

P. – Como faz face a paróquia de Telheiras aos problemas sociais, como o desemprego, carestia de vida, rupturas familiares, quebra de valores e de identidades?

Pe. Rui – Desde, praticamente, que cheguei se tem procurado fomentar o apoio socio-caritativo a pessoas e famílias necessitadas. Por exemplo: no Natal e na Páscoa, duas grandes festas da Igreja, procuramos "aconchegar" cerca de setenta famílias, oferecendo-lhes o que designámos por "Cabaz do Natal" e "Folar da Páscoa", ou seja, uma boa dose de produtos alimentícios próprios dessas festas, além de roupas. Tudo isso nos é oferecido pelos paroquianos e algumas entidades. Ao longo do ano, a paróquia, através de dádivas monetárias que recebe dos seus fiéis, tem pago contas de luz, de água, receitas médicas, etc., a famílias necessitadas. Dinheiro, por princípio, não damos. Estamos, neste momento, através do voluntariado, a tentar melhorar sensivelmente os destinos das nossas dádivas, a fim de distinguir, com mais rigor e exactidão, o "trigo do joio", no mundo dos verdadeiramente carenciados.

Para dar formação cristã às pessoas, para além da Catequese tradicional, cujo número de participantes tem aumentado – no ano passado foram cerca de 120 crianças que se inscreveram – organizam-se cursos diversos: de noivos, de preparação para o Baptismo, de teologia para universitários, de teologia para todos, de preparação de adultos para o Crisma, de Catecúmenos, etc. Tudo isto ocupa constantemente o único salão da Igreja. Era nossa meta levar para a frente, neste Ano Sacerdotal, um curso sobre o sacerdócio, de que se encarregou o P. José Miguel Ferreira Martins. No entanto, quis a II Vigararia, a que pertence Telheiras, que esse curso se abrisse a todas as paróquias que ela alberga, pelo que se efectuará numa comunidade mais central geograficamente em relação a todas as outras paróquias da referida Vigararia. Telheiras situa-se num dos seus extremos e não tem instalações adequadas para o efeito.

P. – Num bairro novo e sempre a crescer, com mais jovens, como tem sido a relação com os mais novos e com os novos moradores?

Pe. Rui – Trazer mais jovens e animá-los a trabalhar com a paróquia em diversas iniciativas tem sido preocupação habitual. Concretamente – e para além das actividades a eles especificamente dedicadas (catequese e escuteiros, estes devem ser perto de oitenta, grupo de acólitos, etc.) – há quem ajude, por exemplo, no site da paróquia, no Boletim Paroquial, na acção socio-caritativa, etc. Mas aqui temos de esforçar-nos para chamar e chegar a muito mais gente.

Quanto aos novos moradores, há quem se apresente voluntariamente, indicando que chegaram a Telheiras há pouco tempo, e aqueles que vamos conhecendo, quer pela frequência dos cursos que apontámos, quer pela organização de processos matrimoniais ou de baptismo.

P. – Qual a proporção de praticantes na sua Paróquia no total da população?

Pe. Rui – Não tenho dados exactos. Posso dizer que no total das missas de preceito, aos fins-de-semana e nos dias santos, a frequência – dependendo das alturas do ano – pode chegar aos seiscentos fiéis. Gostava, a este respeito, de esclarecer que, em Lisboa, e, em geral, nos centros urbanos mais populosos, o conceito de paróquia é muito fluído. As pessoas praticantes, com frequência, vão à missa da igreja que mais lhe convém, ou de que mais gostam, e não tanto à da sua paróquia. Telheiras é uma zona de Lisboa onde um número assinalável de famílias tem a sua casa de fim-de-semana, à beira mar ou no campo, e é, nestes casos, nesses lugares que cumprem habitualmente o preceito de ir à Missa. Um dado positivo que registo é o facto de ter aumentado gradualmente o número de comunhões, pois foi necessário comprar cada vez mais hóstias para satisfazer a "procura" crescente dos fiéis que recebem a Eucaristia.

P. – Para concluir, que mensagem quer deixar aos moradores da sua paróquia, que não são crentes, ou que o são, mas não praticam?

Pe. Rui – Como é minha obrigação, rezo por eles, lembrando-os a todos na oração. Peço a bênção de Deus para todos os telheirenses, não distinguindo aqui católicos de não católicos. A "minha" Igreja está aberta a todos, primeiro aos que estão próximos de mim pela Fé, mas não só. Os que tiverem problemas espirituais e materiais, apareçam. Oiço a todos: aos que têm dúvidas de fé ou conflitos de consciência., ou que queiram desabafar algum problema que os perturba. A todos convido, mesmo aos não crentes, a visitarem a Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu. Podem levar um folheto sobre a sua história e arquitectura, cuja nova edição saiu há pouco tempo. É esta a minha mensagem – de caridade e de estima, para todos!

(Fonte: site da Paróquia de Nossa Senhora da Porta do Céu AQUI)

S. Josemaría Escrivá sobre esta Festividade:

Festividade de Santa Maria Mãe de Deus.

“Maria quer certamente que a invoquemos, que nos aproximemos d’Ela com confiança, que apelemos para a sua maternidade, pedindo-lhe que se manifeste como nossa Mãe. Mas é uma Mãe que não se faz rogar, que se adianta, inclusivamente, às nossas súplicas, pois conhece as necessidades e vem prontamente em nossa ajuda, demonstrando com obras que se lembra constantemente dos seus filhos. Cada um de nós, evocando a sua própria vida e vendo como nela se manifesta a misericórdia de Deus, pode descobrir mil motivos para se sentir, de modo especial, filho de Maria”.

(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/1-1-5)

Salve Regina

Ave Maria

Santa Maria, Mãe de Deus

A contemplação do mistério do nascimento do Salvador tem levado o povo cristão não só a dirigir-se à Virgem Santa como a Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-la como Mãe de Deus. Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencendo ao património da fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da era cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso no ano 431. Na primeira comunidade cristã, enquanto cresce entre os discípulos a consciência de que Jesus é o Filho de Deus, resulta sempre mais claro que Maria é a Theotokos, a Mãe de Deus.

Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem "a Mãe de Jesus" e afirmem que Ele é Deus (Jo, 20, 28; cf. 5, 18; 10, 30.33). Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus connosco (cf. Mt. 1, 22-23). Já no século III, como se deduz de um antigo testemunho escrito, os cristãos do Egipto dirigiam-se a Maria com esta oração: "Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita" (Da Liturgia das Horas). Neste antigo testemunho a expressão Theotokos, "Mãe de Deus", aparece pela primeira vez de forma explícita. Na mitologia pagã, acontecia com frequência que alguma deusa fosse apresentada como mãe de um deus. Zeus, por exemplo, deus supremo, tinha por mãe a deusa Reia. Esse contesto facilitou talvez, entre os cristãos, o uso do titulo "Theotokos", "Mãe de Deus", para a mãe de Jesus. Contudo, é preciso notar que este titulo não existia, mas foi criado pelos cristãos, para exprimir uma fé que não tinha nada a ver com a mitologia pagã, a fé na concepção virginal, no seio de Maria, d'Aquele que desde sempre era o Verbo eterno de Deus.

No século IV, o termo Theotokos é já de uso frequente no Oriente e no Ocidente. A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais frequente, a esse termo, já entrado no património de fé da Igreja. Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título "Mãe de Deus".

Ele, de facto, propenso a considerar Maria somente como mãe do homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correcta a expressão "Mãe de Cristo". Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade em admitir a unidade da pessoa de Cristo, e pela interpretação errónea da distinção entre as duas naturezas - divina e humana - presentes n'Ele. O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus.

As dificuldades e as objecções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correcto esse título. A expressão Theotokos, que literalmente significa "aquela que gerou Deus", à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus.

A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só à geração humana do Filho de Deus e não à sua geração divina. O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é-lhe consubstancial. Nesta geração eterna Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi então concebido e dado à luz por Maria. Proclamando Maria "Mãe de Deus", a Igreja quer, portanto, afirmar que ela é a "Mãe do Verbo encarnado, que é Deus". Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana. A maternidade é relação entre pessoa e pessoa: uma mãe não é mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera. Maria, portanto, tendo gerado segundo a natureza humana a pessoa de Jesus, que é pessoa divina, é Mãe de Deus.

Ao proclamar Maria "Mãe de Deus", a Igreja professa com uma única expressão a sua fé acerca do Filho e da Mãe. Esta união emerge já no Concílio de Éfeso; com a definição da maternidade divina de Maria, os Padres queriam evidenciar a sua fé na divindade de Cristo. Não obstante as objecções, antigas e recentes, acerca da oportunidade de atribuir este título a Maria, os cristãos de todos os tempos, interpretando correctamente o significado dessa maternidade, tornaram-no uma expressão privilegiada da sua fé na divindade de Cristo e do seu amor para com a Virgem. Na Theotokos a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque - como afirma Santo Agostinho - "se a mãe fosse fictícia, seria fictícia também a carne... fictícias seriam as cicatrizes da ressurreição" (Tracto. in Ev. Ioannis, 8, 6-7). E, por outro, ela contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria por Aquele que quis ser seu filho.

A expressão "Mãe de Deus" remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina. Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza da mulher e a sua altíssima vocação. Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento. Seguindo o exemplo dos antigos cristãos do Egipto, os fiéis entregam-se Àquela que, sendo Mãe de Deus, pode obter do divino Filho as graças da libertação dos perigos e da salvação eterna.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Tributo à Mãe de Deus!

Meditação do dia de Francisco Fernández Carvajal

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005
Homilia de 01/01/02 (© copyright Libreria Editrice Vaticana)
Mãe de Deus, Mãe do Príncipe da Paz

«Salve Santa Mãe santa, que destes à luz o Rei do céu e da terra» (antífona de entrada). Hoje, oitavo dia depois do Natal e primeiro dia do ano, a Igreja dirige-se com esta antiga saudação à Santíssima Virgem Maria, invocando-a enquanto Mãe de Deus. O Filho eterno do Pai tomou n'Ela a nossa carne e tornou-se, através d'Ela «filho de David, filho de Abraão» (Mt 1, 1). Maria é, portanto, a verdadeira Mãe, a Theotokos, a Mãe de Deus! Se Jesus é a Vida, Maria é a Mãe da Vida. Se Jesus é a Esperança, Maria é a Mãe da Esperança. Se Jesus é a Paz, Maria é a Mãe da Paz, a Mãe do Príncipe da Paz. Entrando no novo ano, pedimos a esta Mãe santa que nos abençoe. Peçamos-lhe que nos dê Jesus, a nossa bênção completa, com a qual o Pai abençoou a história de uma vez por todas, fazendo com que se tornasse uma história de salvação. [...] O Menino nascido em Belém é a Palavra eterna do Pai feita carne para nossa Salvação: é «Deus connosco» que traz conSigo o segredo da verdadeira paz. Ele é o Príncipe da Paz (Is 7, 14; 9, 5). [...]

«Salve, Santa Mãe!» [...] O Menino que apertas contra o peito tem um nome querido aos povos da religião bíblica: «Jesus», que significa «Deus salva». Assim Lhe chamava o arcanjo, antes mesmo de que Ele fosse concebido no teu seio (Lc 2, 21). Na face do Messias recém-nascido reconhecemos a face de cada um dos teus filhos ultrajados e explorados. Reconhecemos em especial a face das crianças, seja qual for a sua raça, o país ou a cultura a que pertençam. Para elas, ó Maria, pelo futuro delas, te pedimos que enterneças os corações endurecidos pelo ódio, a fim de que se abram ao amor e de que a vingança ceda finalmente o lugar ao perdão. Ó Mãe, alcança-nos que a verdade desta afirmação – não há paz sem haver justiça e não há justiça sem haver perdão – se imprima no coração de todos. A família humana poderá assim reencontrar a paz verdadeira, que nasce do encontro entre a justiça e a misericórdia. Mãe santa, Mãe do Príncipe da Paz, ajuda-nos! Mãe da humanidade e Rainha da Paz, ora por nós!

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 1 de Janeiro de 2010

São Lucas 2,16-21

Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura.
Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino.
Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores.
Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.
E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.
Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Um novo ano: recomeçar - textos de S. Josemaría Escrivá

A vida cristã é um constante começar e recomeçar, uma renovação em cada dia.
Cristo que passa, 114


Desde a nossa primeira decisão consciente de viver integralmente a doutrina de Cristo, é certo que avançámos muito pelo caminho da fidelidade à sua Palavra. Mas não é verdade que restam ainda tantas coisas por fazer? Não é verdade que resta, sobretudo, tanta soberba? É precisa, sem dúvida, uma outra mudança, uma lealdade maior, uma humildade mais profunda, de modo, que, diminuindo o nosso egoísmo, cresça em nós Cristo, pois illum oportet crescere, me autem minui, é preciso que Ele cresça e que eu diminua. (…)

A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida. A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras, a dar frutos que correspondam em cada momento ao que é agradável ao Senhor. Por isso, é indispensável estarmos dispostos a recomeçar, a reencontrar - nas novas situações da nossa vida - a luz, o impulso da primeira conversão. E essa é a razão pela qual havemos de nos preparar com um exame profundo, pedindo ajuda ao Senhor para podermos conhecê-Lo melhor e conhecer-nos melhor a nós mesmos. Não há outro caminho para nos convertermos de novo.
Cristo que passa, 58


Ao falar diante do presépio sempre procurei ver Cristo Nosso Senhor desta maneira, envolto em paninhos sobre a palha da manjedoura, e, enquanto ainda menino e não diz nada, vê-Lo já como doutor, como mestre. Preciso de considerá-Lo assim, porque tenho de aprender d'Ele. E para aprender d'Ele é necessário conhecer a sua vida: ler o Santo Evangelho, meditar no sentido divino do caminho terreno de Jesus.

Na verdade, temos de reproduzir na nossa, a vida de Cristo, conhecendo Cristo à força de ler a Sagrada Escritura e de a meditar, à força de fazer oração, como agora estamos fazendo diante do presépio. É preciso entender as lições que nos dá Jesus já desde menino, desde recém-nascido, desde que os seus olhos se abriram para esta bendita terra dos homens.

Jesus, crescendo e vivendo como um de nós, revela-nos que a existência humana, a vida corrente e ordinária, tem um sentido divino. Por muito que tenhamos pensado nestas verdades, devemos encher-nos sempre de admiração ao pensar nos trinta anos de obscuridade que constituem a maior parte da passagem de Jesus entre os seus irmãos, os homens. Anos de sombra, mas, para nós, claros como a luz do Sol. Mais: resplendor que ilumina os nossos dias e lhes dá uma autêntica projecção, pois somos cristãos correntes, com uma vida vulgar, igual à de tantos milhões de pessoas nos mais diversos lugares do Mundo.
Cristo que passa, 14


Vocês sabem por experiência pessoal - e têm-me ouvido repetir com frequência, para evitar desânimos - que a vida interior consiste em começar e recomeçar todos os dias; e notam no vosso coração, como eu noto no meu, que precisamos de lutar continuamente. Terão observado no vosso exame - a mim acontece-me o mesmo: desculpem que faça referências a mim próprio, mas enquanto falo convosco vou pensando com Nosso Senhor nas necessidades da minha alma - que sofrem repetidamente pequenos reveses, que às vezes parecem descomunais, porque revelam uma evidente falta de amor, de entrega, de espírito de sacrifício, de delicadeza. Fomentem as ânsias de reparação, com uma contrição sincera, mas não percam a paz.
Amigos de Deus, 13


Para a frente, aconteça o que acontecer! Bem agarrado ao braço do Senhor, considera que Deus não perde batalhas. Se, por qualquer motivo, te afastas d'Ele, reage com a humildade de começar e de recomeçar; de fazer de filho pródigo todos os dias, inclusive repetidamente nas vinte e quatro horas do dia; de reconciliar o teu coração contrito na Confissão, verdadeiro milagre do Amor de Deus. Neste Sacramento maravilhoso, o Senhor limpa a tua alma e inunda-te de alegria e de força para não desanimares na tua luta e para voltares de novo sem cansaço a Deus, mesmo quando tudo te pareça obscuro. Além disso, a Mãe de Deus, que é também nossa Mãe, protege-te com a sua solicitude maternal e dá-te confiança no teu caminhar.
Amigos de Deus, 214

(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/festas)